Moletom “Homiés” da marca Brian Lichtenberg ©Divulgação
Quem costuma acompanhar blogs internacionais de street style já deve ter notado a onda de paródias de grifes que têm marcado muitos looks por aí: Céline vira Féline, Commes des Garçons vira Commes des Fuckdown, e Hermès vira Homiés, Hotmès e Hornés, entre outros exemplos de criatividade. “As grifes de luxo – e seus famosos logos – estão sendo assimiladas por fabricantes de streetwear em um frutífero casamento de high e low, chique e street. A tendência é um indicativo do apelo das marcas de luxo e do diálogo contínuo entre alta moda e cultura jovem”, bem descreve o “WWD” em reportagem sobre o tema.
“Em posição central nesta tendência, no entanto, estão as questões legais de proteção de marcas registradas – e quais estratégias legais as grifes devem adotar para proteger seus logos ao mesmo tempo em que cultivam seu público potencial de consumidores ligados em estilo”, articula o veículo. Para alguns dos envolvidos, a estratégia tem sido a de… rir junto. Riccardo Tisci, da Givenchy, postou em seu instagram a foto de uma camiseta da marca LPD que usa seu sobrenome como o de um jogador de futebol americano (de acordo com a LPD, o escritório da grife francesa encomendou várias dessas peças); e Olivier Rousteing publicou uma foto dele mesmo usando um suéter da Criminal Damage que brinca com o logo da Balmain, grife da qual ele é diretor criativo.
Camiseta “Tisci” e o moletom “Ballin'” em fotos dos instagrams de Riccardo Tisci e Olivier Rousteing ©Reprodução
Do outro lado, o “WWD” cita algumas das grifes que já tomaram ações legais contra casos de paródias: no começo do ano, advogados da Dolce & Gabbana entraram em contato com a LPD pedindo a retirada do mercado da camiseta esportiva “Gabbana” (da mesma linha com o sobrenome Tisci, citada no parágrafo anterior). “Eles acharam que causava confusão entre as marcas. Eu respeito o pedido deles, mas acho que eles não entenderam o conceito”, disse o fundador da empresa. A Cartier também é mencionada nesse grupo, por ter pedido (e conseguido) a retirada do mercado dos bonés “Cuntier”; assim como a Louis Vuitton, que entrou na justiça contra uma fabricante de acessórios caninos chamada Chewy Vuitton, mas que perdeu o caso porque a linha dos produtos-paródia foi considerada muito distante do seu núcleo de negócios.
“A legalidade de uma paródia depende de duas coisas-chave: se o consumidor passa a confundir as duas marcas e se há uma diluição do valor da marca original”, disse Joseph Gioconda, advogado especializado em propriedade intelectual e que representa, entre outros clientes, a Hermès. “É seguro dizer que na comunidade dos designers, há uma gama de opiniões sobre esse tipo de atividade. De um lá, há as companhias como a Louis Vuitton, que assumiram uma postura bastante agressiva em relação ao uso de seu nome e logo em qualquer contexto. Outras grifes veem isso como um ato relativamente sem consequências, sem ameaças diretas aos seu valor comercial. As marcas têm diferentes culturas e sensibilidades”.
Veja na galeria abaixo mais exemplos de paródias: