Fotografia que compõe o novo livro de Annie Leibovitz ©Reprodução
Conhecida pelas majestosas – e muitas vezes poéticas – fotografias de músicos, modelos e estrelas do cinema, Annie Leibovitz está lançando um livro com uma estética completamente diferente da que a consagrou. Em “Pilgrimage”, a americana apresenta um compêndio de imagens que retratam lugares e objetos que fazem parte de sua memória afetiva.
A ideia para o livro – o décimo de Annie Leibovitz – surgiu, no entanto, há mais de oito anos quando ela e sua parceira, a ensaísta Susan Sontag, planejavam editar uma coletânea com imagens de lugares que as marcaram durante a vida. As duas chegaram até a fazer listas de onde visitariam, mas Sontag faleceu de câncer em 2004 e Leibovitz abandonou o projeto.
Em 2009, Annie Leibovitz fez uma viagem às Cataratas do Niágara com suas três filhas e, fascinada com o deslumbramento das crianças com a força das águas, capturou a paisagem em uma fotografia que se tornaria a capa do livro sonhado com Sontag. A jornada que reacendeu o desejo da fotógrafa de publicar uma obra tão subjetiva ocorreu em um período em que Leibovitz se encontrava com problemas graves com a justiça americana: o grupo Art Capital Group processou a americana alegando que ela devia milhões em empréstimos e honorários, além de outras várias dívidas adquiridas ao longo de sua carreira. Comentando o lançamento de “Pilgrimage” e a época turbulenta com o “The New York Times”, Annie Leibovitz contou que foi aconselhada muitas vezes a desistir do projeto: “Constantemente me diziam que este livro não traria dinheiro e que eu deveria deixá-lo de lado, mas eu realmente queria fazê-lo. Eu precisava salvar minha alma”.
A fotografia tirada nas Cataratas do Niágara ©Reprodução
Além das fotografias tiradas nas Cataratas do Niágara, o mais novo livro de Leibovitz traz imagens da casa da escritora Virginia Woolf, do divã de Sigmund Freud, da coleção de espécimes do biólogo Charles Darwin e do único vestido “sobrevivente” da escritora Emily Dickinson, entre outras. O processo de feitura da obra foi uma verdadeira peregrinação (daí o título); Annie Leibovitz passou de lugares desabitados como o Parque Nacional de Yellowstone, no Wyoming, até grandes metrópoles como Londres.
O resultado de toda esta jornada é um livro cheio de imagens nostálgicas, que contam um pouco sobre a personalidade de Annie Leibovitz e sobre o impacto do projeto na vida da fotógrafa: “Agora, quando eu tiro uma fotografia, eu posso dizer que sinto a peregrinação nela. A crueza. A simplicidade. Estou focando no que realmente importa”.
Para quem se interessar, algumas fotografias de “Pilgrimage” também podem ser conferidas a partir de 20 de janeiro na Smithsonian American Art Museum, que fica em Washington. Já quem quiser adquirir o livro, é fácil encontrá-lo no Amazon.