A semana de moda de Paris começa nesta segunda, ainda abalada pela morte de Karl Lagerfeld, seu maior ícone. Naturalmente, todos os olhos estarão focados na Chanel e na coleção que marca seu último trabalho para a marca onde foi diretor criativo por mais de 30 anos. Apesar de Virginie Viard ter sido apontada como nova diretora criativa da Chanel poucas horas após sua morte, o desfile terá um ar de despedida e será certamente carregado por fortes emoções. Esse é o clima principal da semana que encerra os lançamentos da temporada de Inverno 19/20, mas outras marcas e designers também estão na mira de editores e jornalistas.
Entre as grandes grifes, um artigo no Business of Fashion aponta para Celine e Alexander McQueen, que pertencem ao conglomerado LVMH e a Saint Laurent, do grupo Kering, respectivamente. Ambas estão recebendo grandes investimentos que, claro, vêm acompanhados de novas metas de crescimento. A Saint Laurent desfilará na terça (26.02) numa mega tenda toca espelhada montada no Trocaderó, em frente à Torre Eiffel.
Outro destaque é o desfile da Lanvin (27.02), que volta para a semana de moda após um período conturbado com troca de estilistas, em termos de negócios e irrelevante em termos de moda. Bruno Sialelli, o novo diretor criativo, estreia na marca e parece ser a pessoa que irá despertar a Lanvin do sono profundo que a acometeu desde a saída de Alber Elbaz. Ex-estilista do masculino da Loewe, Sialelli é o quarto diretor criativo da grife em menos de quatro anos.
Quem também tem nova direção criativa é a Lacoste. Louise Trotter está com a missão de levar a marca francesa para além de suas polos com logo de jacaré.
SANGUE NOVO
Porém, uma das principais mudanças macro pela qual a semana de Paris passou recentemente é o trabalho bem sucedido da Federação Francesa da Alta Costura e do Pret-à-Porter para atrair novos designers à desfilar no calendário parisiense e que têm injetado ar fresco que sopra muito além da moda francesa. Jacquemus, Marine Serre, Y-Projetc, Ottolinger e Atlein são alguns dos talentos emergentes que valem à pena acompanhar. “Nós estamos felizes em criar um cenário que permite uma maior diversidade no calendário”, disse ao BoF Pascal Morand, presidente executivo da FHCM.
ESTREIAS

Outro destaque entre as estreias é o estilista sul coreano, ex-Celine, Rok Hwang, da Rokh. Vale também prestar atenção à dupla Rushemy Botter e Lisi Herrebrugh (foto) e seu desfile de estreia à frente da Nina Ricci. Com sua marca Botter, eles venceram um dos principais prêmios no Festival de Hyères 2018.
A semana de Paris é a principal entre todas por ter não só as marcas mais importantes do mundo, mas também dar espaço para a vanguarda da moda. Cerca de cinco mil visitantes vão à cidade para o evento para ver os desfiles e fazer negócios.
Porém, Paris (e a França) se vê em meio aos grandes protestos semanais dos Coletes Amarelos contra as políticas econômicas e liberais do presidente Emmanuel Macron. O desfile masculino da Dior em janeiro, precisou ser reprogramado por conta das manifestações. Algumas lojas foram fechadas temporariamente e carros queimados. Thomas Chauvet, chefe de pesquisa de capital de bens de luxo do Citi, cita “o atual ambiente macroeconômico marcado pela guerra comercial China-EUA, a agitação social na França e a incerteza do Brexit” como um cenário que poderia impactar o varejo de luxo, mas mostra que os grupos do segmento estão se mostrando bastante resilientes e sofrido pouco em relação a esse momento.
O calendário completo é sempre divulgado aqui e o FFW faz a transmissão ao vivo de alguns desfiles. Fique de olho!