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    Direto de Milão
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    POR Redação

    Direto de Milão

    Desfile da grife Ermenegildo Zegna na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Juliana Lopes

    Antes de pensarmos no que está acontecendo com a moda masculina aqui e agora, escolhemos pensar um pouco nos fundamentos dela. Só pra não esquecermos o caminho enorme que aconteceu antes da Itália ser o que é na moda masculina. Vamos lá.

    Falar em detalhes na moda masculina pode parecer simplista, a palavra não causa impacto. Mas se imaginarmos bem como acontece o trabalho de alfaiataria, em tudo o que deve ser levado em conta para costurar uma boa peça, o detalhe nos transmite preciosidade. Contudo, antes de chegar nos detalhes, muitas etapas são cumpridas. Começa ainda antes do tecido: primeiro vem o corpo. O trabalho do designer – ou de quem põe a mão na massa seguindo indicações dele – é olhar o corpo, olhar o material e fazer com que um “grude” no outro. Como se aquele corpo parecesse que nasceu com aquele terno. Isso é o básico de uma boa alfaiataria, o pensar em proporções, caimento, harmonia.

    Onde ficam os detalhes? Ver detalhes em uma peça de moda é como dar um zoom nela. Conseguimos ver questões técnicas, como o acabamento das costuras, os botões, zíper. Conseguimos ver questões estéticas, como adornos, pequenos “truques” que dão um toque especial. O interessante é que os detalhes, no final das contas, fazem o todo.

    + Veja os principais desfiles da semana de moda masculina de Milão Verão 2014

    Nesse momento histórico que vivemos, em que a indumentária masculina é menos exuberante que a feminina, os detalhes são importantíssimos. Porque na exuberância é fácil aparecer. A moda feminina, nesse sentido, tem mais artimanhas. Um pedaço de paetê por si só já pode elevar um look. Sem contar a questão do corpo da mulher, da maior predisposição à imagem sensual. A moda masculina é mais minimal. E aí, o que acontece? A moda dos homens sobrevive, transpira, e se baseia nos detalhes. A criatividade se vê na sutileza. Para os que varrem a moda com um olhar rápido, faminto, superficial, a moda masculina terá menos graça. A apreciação a essa moda é mais, digamos, “contida”, atenta, perspicaz. E por isso, para poucos. Vide a quantidade de gente que circula nas capitais da moda em época de desfiles! Os taxistas são a prova cabal. “Ah, se Milão fosse sempre assim sem trânsito…”, comentou um taxista milanês nesta semana ao FFW.

    A moda dos homens também é minimal porque tem a ver com a menor predisposição do homem comum a se atualizar no bem vestir. Mesmo na Europa, com uma cultura de moda mais consolidada, não encontramos essa educação em todos os cantos, mas mais em nichos.

    Nessa moda sem frequentes “aberrações”, o exercício da criatividade floresce de um modo aparentemente mais esforçado e até sublime. Porque, como acabamos de analisar, tem mais limites. Escolher modelagem, estampa, materiais, cores, tudo isso numa situação contemporânea que não permite tantos riscos como nas peças para as mulheres.

    E é tendo essa noção que nos emocionamos ao ver os looks atuais de Ermenegildo Zegna, Bottega Veneta, Prada e outros nomes da moda italiana. Inspirar beleza e qualidade em nível máximo, criando looks masculinos, requer muito suor, tradição e olhar futuro, tudo misturado. Alguns bons exemplos desta temporada:

    Ermenegildo Zegna

    Desfile da grife Ermenegildo Zegna na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Juliana Lopes

    A estreia de Stefano Pilati, ex-Yves Saint Laurent, na marca que é um dos pilares históricos da alfaiataria italiana é um bom exemplo de que a moda masculina transpira em detalhes. Toda a base estrutural da Zegna estava lá e Pilati podia contar com isso como ponto de partida. A impressão foi a de que coube a ele mostrar a que veio em saídas espontâneas e vanguardas como novas sobreposições e um styling que faz toda a diferença. Mas falamos de styling aqui pensado antes, como se cada peça já soubesse seu “destino” na composição geral do look. Ou um styling bem marcado como no reforço da aparência dos punhos, revestidos, por cima das mangas, quebrando qualquer austeridade.

    + Veja todos os looks da Ermenegildo Zegna na semana de moda masculina de Milão Verão 2014

    Desfile da grife Ermenegildo Zegna na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Juliana Lopes

    Desfile da grife Ermenegildo Zegna na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Juliana Lopes

    Prada

    Desfile da Prada na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Juliana Lopes

    Enquanto muitas marcas ainda brigam para ter uma alfaiataria de qualidade, a Prada foca em superar ela mesma. E mesmo que não consiga, mesmo que nem todas as coleções sejam de tirar o fôlego, a Prada por si só é um statement na moda. Ela tem muitos créditos já, e história, por isso pode apenas se preocupar com um segundo nível de atenção aos detalhes, que é a subversão de Miuccia. Nesta coleção, a escolha por uma paleta de cores escura completamente “não esperada” para uma coleção de primavera-verão (sim, os europeus são mais conservadores do que nós nisso!) e acessórios que inspiram um mix de vintage com um ar de cartoon quase girlie, sempre na temática “tropical dark”, como aqui arriscamos definir.

    + Veja todos os looks da Prada na semana de moda masculina de Milão Verão 2014

    Desfile da Prada na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Juliana Lopes

    Desfile da Prada na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Juliana Lopes

    Bottega Veneta

    Desfile da Bottega Veneta na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Juliana Lopes

    O principal deslumbre da Bottega Veneta vem de uma pesquisa refinadíssima por materiais de qualidade suprema. Suprema mesmo, está dentro daquele grupo de brands italianas que na categoria “matéria prima” são insuperáveis NO MUNDO. Não podemos nunca nos cansar de relembrar que a Itália é referência não apenas de design, mas de tecidos e couro. Ok, mas isso a Bottega Veneta sempre foi, então onde está o detalhe criativo que salta nesta coleção? Os deliciosos traçados por cima das costuras, ou imitando costuras, em riscas de giz. Passa uma impressão de peças que ainda devem ser cortadas e costuradas. Reforça traços. Reforça assim a importância da alfaiataria, e todos os seus percursos.

    + Veja todos os looks da Bottega Veneta na semana de moda masculina de Milão Verão 2014

    Desfile da Bottega Veneta na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Juliana Lopes

    Desfile da Bottega Veneta na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Juliana Lopes

    Diesel

    Backstage da Diesel Black Gold na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Imaxtree

    Por que estamos falando da pop Diesel no meio de grifes mais clássicas? Primeiro porque existe um porquê mais amplo de estar nesse desfile: Nicola Formichetti deixou a Mugler para assumir a direção artística da marca. E não podemos esquecer que seu fundador, Renzo Rosso, cada dia se alarga mais em propostas inovadoras, e está por trás da comercialização de marcas como a conceitual Maison Martin Margiela. Um fato louvável na Diesel é que ela assume a espontaneidade fora dos padrões rígidos da alta moda e quer apenas ser o melhor dela mesma. Como? Trabalhando o denim. “Coloco mágica nos jeans”, comentou Rosso ao jornal italiano “La Stampa”. Por isso ver um desfile da Diesel Black Gold é ficar mais atento ao produto comercial que funciona, às lavagens, e não esperar estripulias fashion conceituais.

    + Veja todos os looks da Diesel Black Gold na semana de moda masculina de Milão Verão 2014

    Desfile da Diesel na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Imaxtree

    Desfile da Diesel na semana de moda masculina de Milão Verão 2014 ©Imaxtree

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