Quem acompanha a marca NotEqual pelo Instagram já deve ter visto as máscaras que o designer Fabio Costa tem postado por lá. Feitas através de processos de moulage e usando rendas dos anos 20, elas começaram a ser criadas por conta de uma competição global de máscara organizada pela galeria The Curators, mas acabou se estendendo para sua próxima apresentação (virtual) na Casa de Criadores, em novembro.
“Comecei a questionar qual o meu papel enquanto criador e o que eu queria dizer. Comecei a olhar os materiais que eu tenho, as técnicas que uso. E como não estou saindo de casa, a ideia é reaproveitar totalmente o que tenho aqui e coisas que venho acumulando, como antiguidade que me foram passadas ou que fui comprando em brechó”, conta, em uma conversa por direct message. Uma dessas antiguidades é uma coleção de tecidos que ele ganhou de uma cliente, com rendas dos anos 1920 e peças que pertenciam a igrejas ortodoxas do século 15.
Essa maneira de trabalhar, atuando direto no tecido sobre o corpo, é um dos diferenciais de Fábio, estilista mineiro que ganhou muito da sua prática como participante do reality Project Runway (temporada 10), onde ficou em segundo lugar. “Lá eu tinha um tempo muito curto pra criar um look, eram oito horas em um dia e duas no outro e precisei desenvolver formas mais rápidas de pensar e executar”.
Com NotEqual, lançada em 2012, ele explora a inovação criativa através da moda e da arte. Cada peça é individualmente drapeada e detalhada e construída sobre um sistema de medidas que ele mesmo desenvolveu. “Comecei a estudar ergonomia mais a fundo e relacionar isso com a proporção áurea, que é um estudo de ergonomia bem elaborado usado nas artes e arquitetura. Então criei duas réguas baseadas na proporção áurea e tenho um compasso pra traçar as curvas. Essa é a base da minha modelagem, que seria esse estudo ergonômico pra achar o intermédio entre feminino e masculino pra que não necessariamente a roupa dite gênero”. Na prática, significa que há um trabalho especial nas curvas de cava, cavalo, na estrutura da silhueta mesmo, para tirar a rigidez que vem com os tamanhos P M G, onde até o “ombro é determinado. Estou buscando fazer uma roupa em que o corpo seja emancipado, onde o corpo dê forma a uma peça e não o contrário”.
A conexão com a moda vem de criança – ele foi criado por sua avó, uma costureira que despertou sua paixão pela construção e desde criança experimentava com tecidos e lençóis. Ele completou seu Bacharelado em Design de Moda pela Universidade FUMEC e sem seguida mudou-se para Nova York, onde continuou seus estudos na FIT e PRAT.
Nas fotos que abrem essa matéria, estão peças de sua coleção mais recente, a Armour, e também da coleção Andro #1. Para conhecer as outras coleções, entre aqui.
Hoje, aos 37 anos, desfilando na CdC desde 2018, ele se prepara para a apresentação em video onde mostrará sua próxima coleção, que veremos em novembro. Vale acompanhar!