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    Estilista Gloria Coelho completa 40 anos de carreira de olho nos próximos 40
    Estilista Gloria Coelho completa 40 anos de carreira de olho nos próximos 40
    POR Redação
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    Estilista Gloria Coelho completa 40 anos de carreira ©Divulgação

    Desde 1974, ano em que Gloria Maria Menezes de Alencar Coelho fundou a marca G, se passaram 40 anos. Ela virou Gloria Coelho e foi reconhecida nacional e internacionalmente pelo seu design minimalista e cheio de referências futuristas. Ao mesmo tempo tecnológica e espiritual, ela acompanha as mudanças de seu tempo sem deixar de lado sua personalidade. Não gosta muito de ficar recordando o passado e prefere olhar para a frente. Por isso, nos 40 anos de carreira, o FFW propôs à estilista uma brincadeira, um exercício de imaginar como será o mundo e a moda nas próximas décadas. O que concluímos dessa conversa: ela consegue estar conectada com o que existe de mais avançado sem perder a ternura, ou como ela definiu ao final da conversa com o FFW, “digital espiritual”.  Confira a entrevista.

    O que você está lendo ou pesquisando agora que possa inspirar uma coleção mais adiante? Você já foi futurista, já foi espacial, agora é digital. O que pode ser daqui a pouco?

    Eu acho que vai ser a tecnologia alucinante, que não dá nem para entender, não dá nem para pensar direito. Em 1970, era o cérebro eletrônico. Imagina a evolução que teve nesses computadores de 1980 para cá, com a internet do jeito que está. O computador vai estar dentro da nossa corrente sanguínea, vai fazer parte da gente. A gente vai ter que ter roupa para irradiação, vai fazer cirurgias com computadores; eles vão entrar no teu corpo e prolongar a vida de todo mundo. Tem um mundo novo para chegar aí, que é incrível, mas eu não sei dar nome ainda.

    Hoje já existem muitas tecnologias que ainda não se popularizaram. O que você quer ver se tornar mais comum no nosso dia a dia?

    Eu quero que os chips entrem nos tecidos logo e a gente comece a fazer estampa que tem movimento. Por exemplo, eu estou com essa camiseta verde, aí estou conversando com você e ela vira amarela; aí estou conversando com você e ela vira vermelha; fica mudando de cores. Vou querer que a nanotecnologia entre na roupa para fazer a temperatura que eu preciso, para que eu fique com menos calor, para que resfrie a roupa, que crie outro modelo, que esquente, que amplie, que cresça, que faça uma filmagem holográfica. Quando você está cansada, ou quer se divertir um pouco, aí ela vira holográfica e começa a passar imagens incríveis. Tem tanta coisa que eu quero! Transporte, eu queria me transportar. Abriu uma porta, estou na Bélgica; abriu uma porta, estou em Paris. Isso será que é possível?

    Você mencionou mais aspectos relacionados à moda. E do dia a dia? Eu sei que você tem três iPads.

    Tenho porque eles são cheios. E são velhos, porque eu não jogo fora. Todo mundo vai trocando; eu não, porque está cheio de imagens, aí ficam por lá. Na hora que eu vou fazer um Instagram, eu procuro as imagens e ponho, não tenho dificuldade em achar, porque eu trabalhei tanto com aquelas imagens.

    E o Google Glass, por exemplo, você tem vontade de experimentar?

    Estou louca. Tudo que é novidade eu adoro. Eu gosto do novo, fico supercuriosa pra tudo, para compreender melhor esse universo, imagina, que luxo. A gente compreende tão pouco, mas já sabemos um monte de coisas. Antigamente não existia nem a partícula de Deus. Agora já tem a partícula de Deus, a matéria que cria todas as matérias do universo. Então imagina quanta coisa a gente ainda vai saber. Eu fico muito curiosa.

    O que você sente falta de tecnologia para facilitar o seu dia a dia?

    Já que o transporte a gente tem dúvida de como seria a partícula transformada, “trans portada” para aquele local, acho que seria maravilhoso uma roupinha que voasse, que tivesse matéria atômica nela e você subisse e viesse para cá, que não precisasse ficar esperando táxi. Aí você vinha voando para cá.

    Como você imagina que será o negócio de moda daqui a 20 anos, 40 anos? Como os estilistas vão trabalhar?

    Eu acho que o estilista vai fazer um desenho idealizado na sua máquina 3D, que vai estar muito mais avançada. Você vai colocar os produtos ativos dentro do que você quer, vai colocar o desenho lá dentro e vai sair a roupa. Aí a pessoa recebe, você dá uma ordem, ela põe no scanner dela e sai uma roupa pronta em casa. Ou talvez você mande por algum tipo de energia o produto. A pessoa não vai mais sair de casa. O que será, né? Eu preciso ficar imaginando. Nunca pensei daqui 20 anos.

    Eu vou estar na minha casa, vou ter uma impressora 3D, vou pensar “quero um vestido da Gloria”, vou apertar um botão e vai sair na minha casa?

    Isso, você compra no meu site. Aí já sai lá.

    E por falar nisso, cadê a venda online?

    Nós estávamos fazendo, mas aí alguém interferiu e quer fazer muito melhor, então a gente quer fazer direito. Mas eu não gosto de ficar sem site.

    Sai para 2015?

    Sai. Vai ter venda online, com uma empresa séria, que já sabe como fazer as vendas, que vai ser sucesso com certeza.

    Voltando ao futuro, você acha que daqui 20 anos ainda vai existir loja?

    Eu acho que é preciso. Sabe por quê? Para entrar no mundo do estilista. Você acha que eu vou entrar só no mundo virtual, vou entrar no programinha e aí estou na loja dele? Pode ser. Vou sentir a música que ele toca. Hoje já existe isso. O blog do Hedi Slimane, lá você escuta as músicas mais incríveis do mundo, você entra no mundo dele, você entra nas fotos dele. Você pode entrar na cozinha, no quarto virtual da pessoa. Não no quarto verdadeiro, como ele imagina. Como eu estou desenhando esse hotel, podia fazer um espaço virtual para as pessoas entrarem no meu hotel. Já existe esse programa, Other Life.

    Second Life?

    Second Life! Então já existe, né? Quer dizer, vai ter coisa melhor, vai ter coisa mais nova, vai ter outras necessidades. Imagina, antigamente não tinha Tinder!

    Como as pessoas viviam, né?

    (Risos) Tinha que sair, paquerar, ficar olhando. Eu não sou de fazer isso. Coitadas das pessoas que são que nem eu, que não sabem fazer isso.

    Você usa o Tinder?

    Uso.

    E já teve algum encontro?

    Não tive ninguém adequado ainda, mas tenho grandes amigos no Tinder.

    Mas segue usando?

    Sigo. Às vezes não dá tempo, mas já tenho grandes amigos. É impressionante, porque, quando não é adequado, vira amigo.

    Não tem nenhum que virou além de amigo?

    Não, eu sou difícil dificílima.

    Você acha que no futuro as pessoas vão continuar se reproduzindo e a população vai seguir aumentando?

    Acho que a população vai continuar aumentando porque na história só tem acontecido isso. Lógico que vão ter os acidentes que matam as pessoas. Frio isso, né? Mas acho que vai ter camadas de terra para dar alimento para todo mundo, ou a gente vai estar já explorando outras galáxias parecidas com a nossa, outros planetas, viajando para outros planetas, passar as férias em uma galáxia parecida com a nossa que tem uma praia incrível.

    E sobre viagem espacial, você…

    Eu adoraria! Eu amaria! Você sabe que todo mundo gosta daquele filme “Gravidade”. Eu não gosto, não suporto, achei muito sem graça porque mostra só perigo, parece um repórter das oito horas da noite na televisão que você liga e só mostra drama, aquelas pedras chegando. A gente tem laser, vão ter soluções incríveis. Vai ter um campo, você “tá” [som de batida], se num campo apareceram um monte de pedras, você joga uma máquina que ela faz todas as pedras virarem areia, aí você vê um monte de areia. Não revolta? Eu louca para viajar e aí vem aquela viagem. Eu fiquei decepcionada, e na época eu não entendi por que, mas o nível que a gente está tem que fazer isso, aí vai uma maquininha que sai do anel, já faz uma parede, que aquelas pedras ou viram areia ou elas param, um campo de energia superviolenta, que empurra as pedras para outro lugar.

    Agora a viagem espacial já está aí, já estão agendando.

    Eu adoraria. Muita gente já foi. Custa US$ 200 mil. Ia ser incrível. Mas eu não gosto da volta. Se for a volta igual à do “Gravidade”, é muito violenta. Tem que ter uma coisa que você volta, entra na atmosfera, aí você cria a energia de novo, e começa a voar de novo. Com tanto disco voador, por que a gente não descobriu ainda, né?

    Você ainda não está disposta a pagar US$ 200 mil?

    Eu pagaria, tranquilamente, para ir. Mas eu não posso gastar US$ 200 mil. Tem outras prioridades, investir na empresa…

    Você falou dos discos voadores. Você, então, acredita que tem discos voadores e que…

    Sim. Você não acredita?

    Não sou eu a entrevistada! (Risos)

    Estou te perguntando. Você nunca viu um disco voador?

    Não.

    Eu já vi 30 dias de disco voador na Bahia em 1969. Já vi em Itabuna um disco voador passar, eu tinha 6 anos. É que eu acho que eu sou um ET; você não é. Um dia, um disco voador foi na janela do Pedro [Lourenço, filho e também estilista] e eu e o Pedro ficamos olhando. Eu falei “Reinaldo [Lourenço, pai de Pedro, estilista ex-marido de Gloria], vem ver o disco voador”, ele não levantou para ver. É uma coisa tão normal, né? Ele não é ET, tadinho. Mas existe. Se você der um Google, põe OVNI: na “Time”, no “Herald Tribune”, aparece um monte de matérias. Saíram milhões de matérias já. Não é uma coisa que só eu vejo.

    Mas o universo é tão enorme. Por que eles viriam para a Terra?

    É imenso, mas eles têm uma maneira de cortar o caminho. Eles têm uma coisa que eles podem cortar caminho. Você pode ter mil possibilidades. Imagina em quanta coisa eles são desenvolvidos. Pensa um pouco: se eles estão vindo aqui, que muita gente viu, não só eu, muitos jornais falam, tem programa de TV sobre isso, eles vêm aqui e não atacam a gente, é porque são seres superiores. Eles protegem a gente, não fazem mal, só em filme de Hollywood. Mas você já viu história de que eles fizeram mal para a gente? Ninguém falou. Eu já saí correndo atrás de um disco voador, em 1969, e a minha mãe falava “disco voador, fala com a gente”. Aí a luz começou a acender e a apagar, a gente “ãããh”, e saiu correndo de medo. A cidade toda viu, em Salvador. A cidade inteira viu, saiu no jornal. Meu tio ligava na aeronáutica, ligava no aeroporto, perguntava “está chegando avião?”, “não, não tá”. Um dia, a gente vinha de Itapuã para a cidade, ele fazia zum-zum [faz o gesto com a mão de um lado para o outro]. Ele some, desaparece, numa velocidade. Ai, que luxo. (Risos) Eu não tinha medo. Só na hora que a luz acendeu e apagou, a gente ficou apavorada e saiu correndo.

    Você acha que no futuro a gente vai continuar se alimentando da mesma forma?

    E o prazer? E o vinho? E a comidinha? E o feijão com arroz? E o bife? E o peixinho? Eu acho que as pessoas vão ter mais cuidado com os animais. As novas gerações já não gostam de matar animal para comer. Eu acho que vai ter uma coisa de mais proteção para os animais. Acho que as pessoas vão evoluir mesmo, vão ficar melhores, com mais amor, vão proteger mais, que nem o disco voador protege a gente.

    E a água?

    A gente vai ter que cuidar. Vamos ter que plantar muitas árvores, porque toda essa água do planeta está represada e está criando um problema sério. A gente tem que plantar muitas árvores para limpar os rios, para criar força neles, não deixar sujeira, se não a gente não vai ter água. Vai ter água suja. Mas eu acho que vão ter filtros incríveis que vão poder fazer essa limpeza. Já existe, né? A gente não tá vivendo isso ainda, a tecnologia, mas na Holanda a água já é limpa. Eles passam toda a noite um filtro na represa.

    Qual o seu filme preferido? Imagino que seja de ficção científica.

    Meu predileto é de ficção científica: “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”. É um dos meus preferidos, porque são muitos, mas esse eu assisto toda vez que passa na televisão. É romântico, é lindo, é fofo, é sensível, é inteligente, tem uma coisa virtual, que eu adoro, quando eles vão desaparecendo, que ele esconde ela na infância. Você acha que um dia vai mudar isso? O amor é tudo. Amor já é legal, pelo amor incondicional que a gente tem para todo mundo, mas o amor de verdade é a coisa mais linda do mundo.

    E qual seu filme favorito sobre espaço, universo?

    Que eu assisti todos foi “Guerra nas Estrelas”. E eu ficava desesperada na época. Depois, os outros que vieram, eu assisti tudo, acho legal, mas é que antes era tão mais legal, eles avançam tanto. Eu assisti muito no começo, e se está passando eu assisto ainda. Eu fico olhando. Só me irrita violência, coisa que antigamente eu ainda ficava olhando. Está tão démodé violência. Eu estou, neste momento, mais para filmes sensíveis, ingleses, que conta contos da “sensibility”, “Orgulho e Preconceito”. Sabe filmes que são grandes produções, que são românticos, que você vê roupas lindas, visuais lindos. Ou então “O Primeiro Amor”, filme de criança, mas a coisa mais linda do mundo. Estou mais a fim de coisa sensível. Eu não posso com essa vida rápida que a gente tem em São Paulo, com a televisão que tem só violência. Violento é démodé. Agora é mais espiritual. Até Clint Eastwood, Woody Allen fizeram filmes espirituais. É outra era: digital espiritual. Agora já descobri qual é o futuro, a gente não está só numa era digital, a gente está no digital espiritual. A palavra é essa.

    Para encerrar a entrevista, uma pergunta que eu só posso fazer para você e mais ninguém: a gente vive na matrix?

    Eu acho que não, eu realmente acho que não. Eu não quero pensar que a gente vive numa regra de alguém maior, que está definindo pra gente. Eu acho que a gente tem o livre arbítrio, que a gente tem muita coisa para aprender e que a gente tem liberdade dentro de um consenso de respeito humano ao outro. Você não vai fazer para alguém o que você não quer que os outros façam para você. Adoro o filme “Matrix”, mas eu acho que a gente vive numa matrix sem controle. A gente tem uma matrix aqui em São Paulo, no Brasil: o governo. Só o governo, que faz leis, que faz coisas para a gente, cobra impostos que a gente não quer, essa é a matrix que me incomoda, mas eu tenho liberdade. Eu só tenho que descobrir como trabalhar direito e as coisas que eu tenho que ser mais inteligente para sobreviver a isso, como o brasileiro sempre foi. Já tivemos tantos processos, do Collor, de inflação de 100% ao dia, então a gente tem como se adaptar. O brasileiro tem um jeitinho para tudo.

    + Confira matéria do FFW de 2011 sobre exposição e livro da estilista

    + Por Trás da Coleção: assista ao vídeo com Gloria Coelho no último SPFW

    + Clique na galeria abaixo para ver fotos de arquivo pessoal de Gloria Coelho.

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