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    Exclusivo: Sergio Rodrigues fala sobre homenagem no Fashion Rio
    Exclusivo: Sergio Rodrigues fala sobre homenagem no Fashion Rio
    POR Camila Yahn

    O arquiteto e designer carioca Sergio Rodrigues ©Reprodução

    Um desfile não é apenas um desfile. Hoje em dia, um evento lançador de coleções tem também que agregar conteúdo, informar e ensinar o público. Trazer novas leituras ou um aprofundamento sobre assuntos da atualidade ou ainda reviver momentos, relembrar artistas cuja relevância faz valer a pena olhar para trás.

    Esta edição do Fashion Rio é uma mistura de tudo isso. Além dos 24 desfiles, o evento terá três exposições que falam de passado e futuro, mas mostra que, às vezes, o tempo não tem nenhum grande efeito sobre a obra. Os três projetos que serão apresentados são atemporais e de grande valor, independente de sua época.

    Com cenografia de Mari Stockler, antiga colaboradora da casa, o Fashion Rio fala de fotografia & tecnologia, com uma exposição interativa de Instagram; fala de design e música brasileira, com uma mostra de mais de 60 capas de disco do acervo de Charles Gavin, que traz de volta à luz o trabalho do designer Cesar Villela, autor de muitas capas de vinis clássicos da nossa música, realizadas há mais de 50 anos. E também fala de arquitetura e mais design, com uma retrospectiva do arquiteto carioca Sergio Rodrigues, exponente do melhor que há no design brasileiro.

    Poltrona Mole (1957): estrutura de madeira maciça, com travessas que permitem a passagem de cintas de couro na qual se apoia o almofadão único do assento, do encosto e dos braços ©Reprodução

    Quem ainda não é familiar seu trabalho, basta dar um Google na poltrona ou no sofá “Mole”, linha criada nos anos 50 e que tornou-se o cartão de visita de Rodrigues. Como disse Millor, em um simpático texto sobre a poltrona Mole (leia abaixo), ela é a Sharon Stone das poltronas. Mas sua carreira foi construída em cima da criação de outras centenas de peças bonitas, confortáveis e construídas com materiais naturais e artesanato brasileiro. Não, não é nem um pouco barato, e mesmo assim, tente encomendar uma na loja Dpot, na Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo. Seis meses para entregar. Os móveis de Sergio Rodrigues ainda estão entre os mais desejados para quem quer flertar com o design. “Apesar de a economia ser um dos quesitos principais para um bom design, algumas peças ultrapassam os valores considerados ideais, pois valorizam outras qualidades. Acredito que o preço dos meus móveis em geral é justo, considerando que valores como a matéria-prima e o artesanato alteram o preço final”, explica, em uma conversa por telefone com o FFW.

    Pelo olhar de Mari Stockler, Rodrigues ainda é um “menino curioso”. “O Sérgio mudou a maneira de sentar do brasileiro. Ele é sempre novo, jamais ficou com as ideias engessadas”, diz.

    Poltrona Oscar Niemeyer (1956): madeira maciça e assento e encosto de palha natural ©Reprodução

    Emocionado com a homenagem, Sergio diz que o design brasileiro está em uma ótima fase. “Entramos em uma época de alta criatividade. Nossos designers estão ótimos, basta ler as revistas de design nacionais e internacionais. Eles também estão abrindo cada vez mais espaço para o comércio especializado e também nos museus”. Quando questionado sobre como ele se sentia resgatando sua própria obra, ele respondeu: “Não precisei mergulhar muito profundo, porque minhas criações sempre estiveram ao meu lado, bem perto de mim”.

    Tem uma frase famosa do designer que é uma boa maneira de entender sua linha de pensamento criativo: “O móvel não é só a figura, a peça, não é só o material de que esta peça é composta, e sim alguma coisa que tem dentro dela. É o espírito da peça. É o espírito brasileiro. É o móvel brasileiro”.

    Poltrona Lia (1962): estrutura de madeira maciça com assento e encosto de couro ©Reprodução

    Leia abaixo texto de Millor Fernandes sobre a poltrona Mole:

    Que sei eu de arquitetura?
    Bem, vai ver, tudo. Sei de morar, sei de dormir, sei de sentar. De morar sei que devo estar sempre de frente para o mar, olhando para a montanha, e, no Rio, clima tropical, de cara pro nascente. De dormir. Só durmo com os pés da cama voltados para a porta principal de onde pode penetrar o Mal. Embora em minha vida só tenha penetrado o Bem, depois de premir o leve tímpano do seio, que leva direto ao coração. E de sentar, aprendi sentando em areia (de Ipanema), sentado em banco (de Liceu), e evitando sentar em cadeira de Bauhaus (Gropius mereceu terminar a vida com aquela chata da Alma Mahier). Ainda de sentar. Eu tinha concluído que, como a bunda não vai se modificar no próximo milênio, os arquitetos de móveis tinham que criar a partir dela (ou delas, se considerarmos a duplicidade dessa singularidade anatômica). Foi aí que o talento estético de Sergio Rodrigues veio ao encontro do meu bom senso e exigência de conforto e, inesperadamente, empurrou embaixo de mim a já citada Poltrona Mole. Onde não me sentei. Deitei e rolei. Que artefato meus amigos! Uns dizem qué é slouchingly casual, outros que antecipou a Bossa Nova, Sergio Augusto afirma que é um móvel em que a pessoa se repoltreia, e Odilon Ribeiro Coutinho que “tem o dengo e a moleza libertina da senzala”. Sei lá. Pra mim, essencialmente couro, foi natural curtição. Anatômica, convidativa, insinuante. Atração fatal. Sharon Stone. É prazer sem igual sentar-deitar numa e ficar olhando em frente, uma outra da Bauhaus. Melhor, uma outra Mole.”

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