Fila final do desfile da Versace em Milão ©Juliana Lopes
Sem dúvida um dos mais frescos e eletrizantes desfiles masculinos da Versace nos últimos tempos. Homens vestidos em tons pastel como sorbets de frutas num verão tropical. A música de Señor Coconut balançando a plateia discretamente. Um paraíso tropical com homens bem ou pouco vestidos. Um lugar onde o hedonismo vai passear com o lifestyle fino, e viver as delícias da vida sensorial, exatamente como adoram os italianos: férias, beleza, amor, riqueza visual. Esse lugar, para Donatella Versace, é Cuba. Mas quem olha um pouquinho o passado da Versace vai se lembrar como o mesmo affair aconteceu com Gianni Versace e Miami Beach.
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Vemos então novamente a Versace caindo de amores por uma “situação geográfica”, e essa situação, de novo, é o mundo tropical. Foi o mundo tropical que impulsionou Gianni Versace a criar sua moda colorida, sexy, exuberante dos anos 1990. Num momento quando, lembre-se, o gosto geral era voltado ao antifashion, ao grunge, ao minimalismo desconstruído e “magoado”, a família Versace foi passar férias em Miami e se entregou ao kitsch dos hotéis art déco, às estampas, as cores pastel. Uma contramão que só fez bem à marca, e boa parte da identidade da Versace que mora em nossa memória nasceu dali.
Por isso, não à tôa, a coleção funciona. Os tons pastel, os dourados, o body-conscious. Donatella Versace tem duas fontes onde beber: o rock e os trópicos. E já que estamos prevendo o verão, nada melhor que tocar o universo dos balneário ensolarados. Porque, afinal de contas, moda masculina é, principalmente, lifestyle. Os homens no geral são menos obcecados por it-peças, mas conseguem se imaginar em contextos em que querem fazer parte. E o contexto que a Versace nos trouxe nessa última coleção de verão se encaixa muito ao gosto contemporâneo.