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    Lembra dele? FFW entrevista o modelo Jens Peter, hit da moda nos anos 80
    Lembra dele? FFW entrevista o modelo Jens Peter, hit da moda nos anos 80
    POR Redação

    Jens peters_JOY (8)Jens Peter ©Reprodução

    O mundo da moda tem dado espaço para modelos mais maduros — foi assim no desfile masculino de Alexandre Herchcovitch e também tem sido assim para Jens Peter, modelo brasileiro que foi hit nos anos 80 e 90, época em que desfilou e fotografou para marcas como Armani, Calvin Klein, Valentino e Hermès, entre outras gigantes. O top começou a modelar em 1984, mas parou – temporariamente – em 1992. Treze anos depois, Jens voltou para a frente das câmeras e hoje, aos 47 anos, vive um recomeço de sua carreira. O carioca conversou com o FFW, contou de seus planos, suas lembranças e comparou o mercado de hoje com o de 20 anos atrás. E dá uma olhada nas campanhas e vê se você não lembra dele. Os anúncios da L´Oreal e da Armani são clássicos!

    Como você começou na carreira?

    Comecei em 1984, no Brasil. Fui chamado para fazer um desfile, e depois disso fiz algumas fotos para meu composite. Uma das fotos acabou sendo publicada na revista “Interview” como modelo do mês, com um perfil meu. Na época só existia uma agência em São Paulo (a Casting), que começou a me representar. Trabalhei no Brasil durante um ano e depois fui para a Europa.

    Quais são suas lembranças mais antigas?

    São muitas! Adorava pegar a ponte aérea para ir trabalhar em São Paulo e voltar à noite para o RJ. Eu tinha apenas 18 anos, era um moleque, um menino do Rio. Sentava ao lado daqueles empresários e executivos de terno e gravata…e eu de chinelo e jeans…ficava curtindo a vista das montanhas do Rio e da costa entre Rio e São Paulo, que é linda. Trabalhei muito durante um ano, entre Rio e São Paulo. Fotografei com alguns dos melhores daqui: (J.R.) Duran, (Luís) Tripoli, Miro, Bob Wolfenson, entre outros.

    jens-peter1Jens Peter ©Reprodução

    E quais as melhores e piores memórias de sua carreira?

    Já passei muitas boas e ruins. Uma das boas foi ver minhas fotos em todas as contracapas de revistas do mundo. Ter meu rosto estampado em todos os outdoors da Champs Élysées, em Paris, e da Times Square, em Nova York, para o perfume da marca Armani, me deu um sensação de reconhecimento profissional.

    Uma das piores experiências foi ter que dançar e pular durante três horas em um estúdio com uma criança no colo, sem música, para uma campanha. Já passei frio em Nova York fotografando na rua com roupas de verão no inverno. Passei calor na África, fotografando no verão entre elefantes e crocodilos com roupas de inverno. Já tive que entrar na floresta com cobras e morcegos na Índia para um editorial da “Vogue” italiana… Já passei fome quando meu trem ficou preso na neve em um dos piores invernos europeus (em 86) quando estava indo de Paris para Milão fazer meu primeiro desfile para Armani (detalhe: todos os aeroportos estavam fechados).

    Como foi ter uma espécie de relançamento de carreira?

    Eu me retirei do mercado por 13 anos, e retomei quando fiz um editorial para a “Vogue Homem”. Quando as fotos desse editorial saíram, me mudei para Nova York a convite de uma agência. Depois veio a crise econômica e resolvi voltar para o Brasil, e então me chamaram para fazer dois editoriais para a “Vogue” Brasil. É um grande prazer trabalhar aqui novamente!

    Parece que existe agora um interesse maior em relançar modelos do passado, que já foram famosos. E por que não? Me sinto como um garoto de 25 anos. Estou em forma para trabalhar. Meu rosto está mais maduro agora, tenho barba. Estou curtindo muito tudo isso. Um verdadeiro “comeback” aqui no Brasil, pela agência JOY.

    jens-peter2Jens Peter ©Reprodução

    Você percebe diferenças sensíveis entre o mercado da moda nos anos 80 e o atual?

    O mercado mudou bastante. Se globalizou! Tem muitas agências agora e milhares de modelos. Temos a digitalização da fotografia, que torna as sessões de fotos muito mais dinâmicas. Tudo está mais fácil agora com a internet. Pode-se enviar as fotos por e-mail para os clientes do outro lado do mundo. Naquela época, não era assim ainda.

    É verdade que hoje ser modelo é mais fácil, pois há espaço para tipos diferentes e exóticos, mas também existe um mercado que começa agora a buscar novamente a beleza tradicional, mais clássica, como antigamente. Me parece que tudo muda a cada temporada, e é assim que tem que ser.

    Que conselho você hoje, experiente, daria para si mesmo quando estava começando na carreira, em 1984?

    Se eu pudesse me dar um conselho, talvez teria dito para não parar a carreira como fiz em 92, depois do contrato de exclusividade com a Armani. Alguns modelos, como o Mark Vanderloo, trabalham até hoje para marcas como Hugo Boss e DKNY. Por outro lado, se fosse assim, eu não poderia recomeçar agora com a imagem virgem e fresca, com todo o mercado a explorar de novo.

    jens-peter4Jens Peter ©Reprodução

    Você já fez campanhas e desfilou para marcas internacionais; como foi trabalhar com grandes nomes da moda?

    Fiz campanhas para marcas como Hugo Boss, Armani, Calvin Klein, Valentino, GAP, Byblos, Ferragamo, e até Victoria’s Secret. Desfilei para Yves Saint Laurent, Montana, Armani, Versace, Gaultier, Hermès. Tive a oportunidade de conhecer fotógrafos incríveis como Testino, Bruce Weber, Steven Meisel, David Bailey, entre diversos outros. Trabalhar com os melhores do mundo é sempre sinônimo de sucesso. As campanhas ficam incríveis, todo mundo vê e comenta. Isso valoriza muito a carreira. Eu tive muita sorte de ter uma trajetória tão bem sucedida no exterior. Até hoje quando as pessoas abrem meu book e veem as fotos, se impressionam. Foram muitas campanhas com imagens de impacto.

    E a experiência no cinema, como foi? Pensou alguma vez a tentar seguir a carreira de ator?

    Fiz o filme “Wild Orchid” (1990), no qual contracenei com Mickey Rourke, Jaqueline Bisset e Carrie Otis. Meu papel é o de um jogador de vôlei de praia que acaba seduzindo as duas. O filme tem forte apelo sensual. É uma sequência de “9 1/2 semanas de amor”, os diretores e roteiristas são os mesmos, que inclusive lançaram Mickey Rourke e Kim Bassinger nos anos 80.

    Mais ou menos na mesma época fui dirigido pelo Martin Scorsese para o comercial do perfume Armani, foi outra experiência marcante para mim. A equipe dele era a mesma de outras produções como “A última tentação de Cristo” que acabara de ser lançado na Europa e estava sendo bombardeado nos cinemas em Paris e criticado pela Igreja na época. Tivemos que filmar em Milão sob forte esquema de segurança por causa das ameaças. Foi uma experiência e tanto! Mas eu estava construindo um veleiro na época, com o qual viajei o mundo todo, e não podia largar tudo e ir estudar atuação…

    Mas nunca é tarde… a vida dá voltas.

    Você tem uma campanha ou desfile emblemático, que tenha te marcado mais?

    O desfile para Yves Saint Laurent no Copacabana Palace, e para o Jean Paul Gaultier, em Paris, de minissaia. Quanto às campanhas, tenho que dizer que foi a do perfume Obssession, da Calvin Klein, e do perfume Armani. São campanhas que todo mundo lembra até hoje.

    Qual o segredo para manter uma carreira de modelo longeva?

    Percebo que o fato de ter parado ajuda, pois pude descansar a imagem e agora retornar novamente ao mercado e recomeçar. Sinto que o segredo é esse: trabalhar em diferentes mercados, parar alguns anos, e depois voltar.
    Eu tenho outras atividades e interesses paralelos. Sou arquiteto e estou escrevendo um livro… e começando a fotografar também. Para mim, a carreira de modelo sempre foi bem vinda pois me permitia viajar pelo mundo e conhecer novas culturas e línguas, uma atividade que soma.

    jens-peter3Jens Peter ©Reprodução

    Tem alguma história curiosa da sua carreira que vale ser contada? E alguma marcante dos tempos de pausa nos trabalhos como modelo ?

    Tenho várias, mas uma que me lembro e que foi curiosa, foi quando fotografei para a capa da revista “Madame Figaro” (do jornal francês “Le Figaro”) com a princesa Stephanie de Mônaco. A foto era ela de frente para a câmera, e a silhueta de dois homens de smoking de costas para ela, ou seja, no fundo da foto….eu, malandramente, fui dando meu perfil em vez de ficar olhando para trás como uma estátua. Algumas semanas depois, no dia do meu aniversário, saiu a capa só comigo e a Princesa. Foi um presente para mim! Um dos primeiros trabalhos que fiz na Europa. Ela já era celebridade na época, então tive uma grande exposição e minha carreira deslanchou. Mas foi pura malandragem minha! Até hoje dou risada quando vejo a foto. Fiquei parecendo um príncipe ao lado dela de smoking (risos).

    Fora do business, tive alguns momentos interessantes como, por exemplo, quando atravessei voando de parapente a fronteira entre a Suíça e a França, sobre os Alpes. Foi um voo de quase quatro horas onde bati meu recorde de altitude (3.800 metros) e de distância (quase 50 Km). Estava treinando há uma semana para o Mundial, fazendo parte da equipe brasileira.  Fiz um pouso ruim na Suíça, em uma fazenda de pêssegos, e tive que ficar esperando por socorro durante 40 minutos com o pé quebrado. Um sufoco! Fui levado para um hospital francês onde fui operado e fiquei uns dias de perna para o alto. Acabei perdendo a etapa do Mundial e tive que voltar para o Brasil de cadeira de rodas. Apesar do trágico desfecho, foi um dos vôos mais belos que já fiz. Foram muitas aventuras nas nuvens ou atravessando os oceanos de veleiro, outra paixão minha.

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