“Sinto que desde que o Arcade Fire ganhou o Grammy de “Melhor Banda”, o indie finalmente virou mainstream. Não consigo dizer a diferença entre o que é alternativo, o que é mainstream e o que os fãs de música querem”. A frase, em tom profético, é do blogueiroa mericano Hipster Runoff, que faz um recorte irônico do universo indie/alternativo/hipster na internet.
Mas suas dúvidas estão na cabeça de muita gente — principalmente após o reconhecimento do Arcade Fire (banda dedicidamente indie) pela premiação mais tradicional, para não dizer careta, dos Estados Unidos. Na mesma edição, Cee-Lo se apresentou e Janelle Monáe foi premiada. Tem algo no ar.
O mainstream, no entanto, parece resistir à tais ideias. Steven Toute, executivo de música americano e insider do hip-hop, criticou a organização da cerimônia por não premiar artistas como Eminem, Kanye West e Justin Bibier — citando ainda o prêmio e performance do Arcade Fire como exemplo negativo. Scott Rodger, o empresário da banda, respondeu em carta aberta. “Se a categoria fosse ‘Album Mais Vendido do Ano’, não haveria discussão”.
“Não fizemos lobby com nenhuma organização […] O Arcade Fire é uma das maiores bandas do mundo atualmente, e isso não tem nada a ver com vendas”, completou Rodger. Parece que, afinal, o barulho que os blogs de música têm feito podem, sim, dar resultados.
Resultado, aliás, parece ser a palavra-chave da indústria fonográfica nos tempos atuais. Se o modelo tradicional de distribuição e promoção de música não tem dado lucro, agora cabe ao hype de internet, os inúmeros blogs, podcasts, mixtapes, mp3s reverberar os artistas. O poder de decisão — de falar ao outro o que deve ouvir – agora cabe ao indivíduo/coletivo; não mais aos editores de revistas e jornais, ou RPs de grandes gravadoras. Pode parecer confuso a princípio, mas, hey; a foto acima diz mais que mil palavras.