Imagem promocional do disco “Wounded Rhymes” ©Reprodução
Lykke Li surgiu no cenário musical em 2008 como uma garota frágil, tímida e quase infantil. Com o disco Youth Novels”, uma coletânea de canções doces e ensolaradas que misturavam folk e pop, a sueca foi muito elogiada pela crítica, e teve faixas como “Little Bit”, famosas internacionalmente por aparições em desfiles, filmes e até comerciais da Victoria’s Secret.
Após dois anos de turnê e um breve hiato, ela volta com “Wounded Rhymes”, gravado em Los Angeles, produzido por Bjorn Yttling, do grupo “Peter, Bjorn And John”, e com lançamento oficial na próxima segunda-feira (28.01).
“Rhymes” é composto de 10 canções sobre saudades, desilusões amorosas e o desejo por algo impossível — em diversos momentos, se aproximando (nas letras) de cantoras de pop açucarado dos anos 1950: “sentar-se sozinha em um restaurante”, “a tristeza é o namorado/ tristeza, eu sou sua garota”. Em outros momentos, Li abandona a doçura e mostra que evoluiu como compositora; seja na ousadia de “Get Some” (Sou sua prostituta/ E você vai ganhar algo), com a acidez de “Rich Kids Blues” ou no tom masoquista de “I Follow Rivers”.
Outra novidade é a obsessão recente dela por percussões africanas, que aparecem, retumbantes, em boa parte do álbum; misturadas ao humor dark das canções, Lykke encontra uma sonoridade ritualística, pagã e perigosa. As harmonias vocais continuam, mas a cantora agora tem sua voz aberta, saindo do peito. A garota tímida de “Dance Dance Dance” deixou de existir.
“Tinha 19 anos quando gravei meu primeiro álbum, e fui exposta a muitas coisas durante os últimos anos. Mergulhei na loucura, fiz coisas que talvez pensaria duas vezes se fosse mais velha. Sou uma pessoa muito ansiosa; estou cansada do jeito que soava ou parecia no dia anterior. É dificil me apegar a essa imagem minha de garota sueca e tímida no mundo […] só quero que as pessoas ouçam o que tenho a dizer”, contou em entrevista ao Pitchfork.
“Wounded” é um salto impressionante em relação ao seu primeiro disco. Lykke é o tipo de artista que sabe transformar suas fraquezas em forças; a voz trêmula se tornou uma marca registrada, assim como o contraste de feminilidade (quase fragilidade) com as letras de mensagem dura. O mundo precisa de cantoras assim.