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    Gêmeos da Dsquared2 falam sobre o novo momento do streetwear, o estilo dos brasileiros, a velocidade da moda e a paixão pelo jeans
    Os gêmeos criadores da Dsquared2, Dean e Dan ©Cortesia
    Gêmeos da Dsquared2 falam sobre o novo momento do streetwear, o estilo dos brasileiros, a velocidade da moda e a paixão pelo jeans
    POR Redação

    Criada há 20 anos, a Dsquared2 entrou no mundo da moda por meio de dois irmãos gêmeos canadenses, que fundaram a marca em Milão, onde ficaram famosos não pela releitura atual do estilo made in Italy tradicional, calcado na alfaiataria, mas pelo streetwear. O que parece ser uma contradição em termos (canadenses na Itália fazendo jeans) se transformou numa grife de sucesso que Dan e Dean tocam de maneira independente, com faturamento de 210 milhões de euros por ano (importante: Renzo Rosso, dono da Diesel, tem uma fábrica com um contrato de acordo de produção e distribuição de roupas da Dsquared2, mas não comprou a marca, esclarecem os estilistas).

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    No Brasil para participar do Amfar, que acontece nesta sexta (15), a dupla conversou com o FFW sobre o estilo da marca, a conexão com a música e celebridades como Cristina Aguillera e Madonna, para quem já assinaram figurinos de turnê, os novos tempos de velocidade da moda, a onda genderless no streetwear, que preferem refutar, e, claro, a paixão pelo jeans, best seller da marca e ícone da infância dos dois passada no subúrbio de Toronto com mais sete irmãos, numa casa em que era proibido usar denim. “Meu pai dizia que era roupa de pessoas pobres”, lembra Dean, 52 anos.

    Onde vocês estavam antes de vir para o Brasil?
    Em Miami, estávamos fazendo provas de um projeto que está por acontecer. Ainda é segredo, só podemos dizer que é um tour musical.

    A música tem um papel importante para vocês, não?
    Música é algo muito inspirador para a gente. A gente canta o tempo todo, ouvimos música o tempo todo. Acabamos vestindo muitos astros da música porque não são como os atores, que estão interpretando um papel o tempo todo, sem ser eles mesmos. No caso dos cantores, é a imagem deles mesmos que eles querem projetar, não a de um personagem, então eles estão muito mais cientes do que estão vestindo. Acho que a indústria da música é mais forte na moda, faz mais statements. Atores você os vê nos tapetes vermelhos usando vestidos longos e é isso. Músicos fazem statements de seu estilo o tempo todo. Os atores precisam toda hora viver uma outra pessoa, então quando não estão fazendo isso, só querem ser normais.

    Vocês trabalham com muitas celebridades como Cristina Aguilera e Madonna. Como é a relação de vocês com elas. Há alguma dessas popstars que traduza melhor o DNA da Dsquared2?
    Às vezes acontece de você estar na mesma viagem, por exemplo, que a Madonna. Há um novo projeto e acaba que estamos pensando na mesma coisa que este artista e aí o plano é mais natural. Então é mais instintivo. Mas também

    Vocês estão no Brasil para participar do Amfar. Viveram o período em que a epidemia da Aids estourou. Qual foi o impacto que isso teve em vocês, como jovens e jovens adultos, e como vocês acham que a doença é encarada hoje?
    Nós éramos mais jovens que os nossos amigos. E vivemos um momento em que nossos melhores amigos estavam morrendo da doença e ninguém sabia nada sobre a Aids, você ia ao hospital e todo mundo ficava com medo de tocar a pessoa. Foi uma experiência terrível, ver os seus amigos definhando na sua frente sem você saber o que estava acontecendo. Muitas memórias horríveis, perdemos a maioria dos amigos com quem crescemos de Aids. Por isso que nos conectamos com esse movimento, fazemos questão de apoir o Amfar. Antes não tínhamos informações sobre a doença, e isso era uma coisa, depois sabíamos sobre a doença e falávamos sobre ela, e agora as pessoas sabem e pararam de falar, de se preocupar.

    Vocês vêm muito para o Brasil?
    Todo ano estamos no Brasil, pelo menos uma vez por ano. Todo mundo sabe que adoramos o país, então fazemos aniversário, ganhamos uma viagem pro Rio, outra vez, ganhamos uma de presente para Trancoso.

    E como vocês vêem a moda brasileira, uma vez que frequentam tanto o Brasil? Prestam atenção em moda quando vêm pra cá ou olham para outras coisas?
    A gente olha para outras coisas, mas notamos sim como as pessoas se vestem, desde Miami, onde há muitos brasileiros, até no Brasil mesmo. É um jeito chique relax look, vocês se preocupam com o que vestem, mesmo na piscina, vejo os acessórios, a bolsa de praia, o maiô. É um relax mas um relax planejado, estudado.

    Às vezes tenho a impressão de que nós, brasileiros, nos preocupamos mais com o corpo do que com a roupa.
    O corpo ajuda a vestir melhor a roupa (rs)! Também aqui é muito calor, natural que haja uma preocupação maior com o corpo.

    Vocês começaram a desfilar a Dsquared2 em Milão, numa fashion week com tradição de peças de prêt-à-porter com referências de alfaiataria e alta-costura. Quais as dificuldades que enfrentaram para se impor como marca de streetwear nesse contexto?
    Viemos de uma família grande, de nove irmãos, e sempre fomos diferentes, estamos acostumados com isso. Acho bom ser uma opção na semana de moda de Milão, onde todo mundo está fazendo prêt-à-porter e nós estamos fazendo algo mais edge.

    Como foi entrar neste circuito? Não sentiram nenhuma dificuldade?
    Sim, ninguém facilita nada para você. Ninguém vai te ajudar. Em geral, é um negócio muito competitivo.

    Por exemplo?
    Por exemplo você estar fazendo a prova numa modelo e cancelarem a participação dela no seu desfile porque alguma outra marca não quer que essa modelo desfile também para você. No começo aconteceu muito.

    E como superar esse tipo de dificuldade?
    Você tem que aceitar algumas coisas, engolir e pensar: isso não vai me matar, então vou seguir adiante. Isso faz com que você também se sinta confiante, porque se as pessoas estão se incomodando com você, é porque estão preocupadas, se sentindo ameaçados. Então, chegarei onde você está, só me dê um minuto. Esse tipo de coisa acabou também fazendo com que ficássemos mais atentos descobríssemos talentos novos, novos modelos que depois viraram top models.

    Qual é a relação de vocês com a Diesel?
    Eles são os donos da fábrica onde nós produzimos algumas das peças e eles têm a licença para produzir e distribuir a Dsquared2, mas não são donos da marca. Na verdade, Renzo Rosso, que é dono da Diesel, comprou a Staff International, que é essa fábrica, nosso produtor. Temos um acordo de licenciamento, de produção e distribuição da marca há 13 anos, e agora renovamos por mais 17 anos, mas a marca é nossa. Isso é algo do qual nos sentimos orgulhosos, porque permanecemos independentes, somos os donos da nossa própria empresa.

    Como vocês dividem o trabalho entre vocês?
    Acabamos fazendo juntos tudo. Como a vitrine deve ser, a luz da loja. Temos um grande staff, mas estamos acompanhando tudo, estamos cientes de tudo o que está acontecendo, não conseguimos dizer: ok, você faz isso e não quero nem ver. E não fazemos nada, nada no qual não acreditemos. O licenciamento de um relógio, por exemplo: se eu não usaria, não aprovo. Somos muito honestos, com o perfume também: precisamos gostar e aprovar, nos recusamos a apenas colocar o nome.

    Hoje, mais do que em muitas outras épocas da moda, o estilo vindo literalmente das ruas está muito em alta, com essa estética da Vetements da roupa crua e sem gênero. O que vocês acham desse movimento genderless e desse novo streetwear, em comparação com o que fazem na Dsquared2?
    Compartilhamos várias ideias para as coleções masculina e feminina, isso dá uma coesão à marca, há um mood que permeia as roupas para homens e mulheres. Há algumas peças unissex, que podem ter um conceito um pouco mais masculino ou feminino. Há alguns ternos que têm uma modelagem mais quadrada e baseada no meu corpo [Dean], porque sou pequeno, e são femininos. Há algumas intersecções, mas gostamos que os nossos homens pareçam homens e nossas mulheres, mulheres. E eles podem dividir algumas roupas, acho fofo.

    E a Dsquared2 é uma marca que não tem medo de assumir esse estilo abertamente sexy para a mulher, algo que vai contra essa estética sem gênero.
    A gente gosta de um salto alto. E há uma questão sobre a moda sem gênero que é o caimento. Os corpos feminino e masculino são diferentes, então um jeans com uma modelagem unissex vai vestir totalmente diferente em cada um. A verdade é que a mulher pode usar qualquer coisa: você cria uma roupa masculina e ela facilmente pode ser usada pela mulher, fica charmoso. Agora, o contrário é muito mais difícil, criar uma roupa feminina que o público masculino também queira e consiga usar.

    A velocidade do sistema da moda é outro assunto muito discutido pelas marcas e estilistas no momento. Vocês já entraram nesse esquema do “see now, buy now” (da roupa comprada imediatamente depois do desfile)?
    Há muitos pedidos para que façamos isso. As pessoas vêem e querem já comprar, é um outro jeito de consumir e uma outra maneira de pensar e de estruturar a moda. Acredito que para quem tem sua própria fábrica e suas próprias lojas seja mais fácil manejar isso. Mas no nosso caso, temos 33 lojas próprias e mais 23 que são franquias, não é fácil. Aí, talvez seja o caso de você segurar o desfile e só mostrar a coleção uma semana antes de lançá-la nas lojas, não sei.

    No último desfile, vocês já fizeram um esquema de pre-order da coleção, mas o cliente ainda tem que esperar meses para ela ficar pronta. Pretendem fazer alguma nova ação nessa linha “see now, buy now” no próximo desfile?
    Atualmente, o que fazemos com as pré-encomendas é enviá-las ao cliente antes de todo mundo, antes mesmo do envio às lojas. Mas ele ainda vai ter que esperar quatro meses depois do desfile para receber. A não ser, claro, Beyoncé, Madonna. Elas pedem e recebem no dia seguinte. Alguns produtos da coleção desfilada vão direto para venda online, mas aí são peças mais simples, tipo bonés. No fim, somos pessoas pré telefone celular!

    Qual é a importância das mídias sociais e do Instagram para o negócio de vocês?
    É muito importante, te mantém jovem. Tenho 52 anos, mas me sinto totalmente conectado com alguém de 20 (Dan). Para mim, é como ler o jornal de manhã, eu vejo, ah, esse está fazendo isso, aquele fez um show ou um desfile ontem à noite, te mantém informado na moda e as pessoas se informam sobre você também: “oh, acabei de te ver em Miami” [a dupla estava a trabalho em Miami antes de voar para o Brasil], alguém escreve, e entra em contato.

    E a mídia social que vocês mais usam é o Instagram?
    Sim, a conta da Dsquared2 é a nossa, conta, que nós mesmos alimentamos. Também fazemos vídeos no Youtube, tipo um reality, em que as pessoas seguem a gente em eventos e lugares onde vamos. Ajuda nas vendas e convida as pessoas a participarem da sua vida, é muito legal.

    Vocês sentem um momento de crise em termos de vendas, hoje?
    As pessoas falam da crise antes, há alguns anos, mas os tempos estão difíceis atualmente. O que fazemos é tentar oferecer algo especial sempre, novos produtos, edições exclusivas, coleções cápsulas, como agora, que estamos lançando uma coleção cápsula de esqui, por exemplo. Foi a maneira que encontramos para driblar a crise.

    O best seller da Dsquared2 ainda é o jeans?
    Em volume, sim. A gente adora jeans. E sabe por que? Éramos proibidos de usar denim quando crianças, nosso pai não deixava. Ele dizia que jeans era roupa de pessoas pobres. Então íamos para a escola nos anos 70 usando aquelas calças folgadas de tecido e riam da gente.

     

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