Helena Christensen no Quênia ©Reprodução
“Elisabeth vive na zona rural de Turkana, no norte do Quênia – uma das várias regiões do Chifre da África [Nordeste Africano] afetada pela rigorosa seca que pôs a vida e o sustento de cerca de 13 milhões de pessoas em risco. Josephine vive a aproximadamente 600 km ao sul de Elisabeth, em Mukuru, uma imensa e empobrecida favela na vibrante capital do Quênia, Nairóbi”. As palavras acima não foram escritas por uma humanitária, mas pela supermodelo dinamarquesa Helena Christensen que, em sua terceira missão com a Oxfam, confederação de 15 ONGs, viajou ao leste da África para conhecer e registrar a história de mulheres que lutam para sobreviver e manter suas famílias em áreas desoladas pelo descaso político e, sobretudo, por alterações climáticas – possivelmente resultado do tão conhecido e comentado “aquecimento global”.
Helena Christensen no Quênia ©Reprodução
Após visitar o Peru e o Nepal, também com a equipe da Oxfam, Helena relatou à “Vogue” britânica a motivação de sua ida ao Quênia: “Desta vez, eu quis ir à África e tentar entender como é possível que a mudança climática determine se uma mãe pode mandar sua criança à escola e colocar comida na mesa”. O curto período em que a dinamarquesa esteve em contato com parte da população carente do país resultou em belas fotografias e em uma experiência única, além de uma certeza: “O que está claro para mim agora é que, se fossem dadas voz e igualdade às mulheres em suas comunidades, elas poderiam ter a chave para resolver a fome global. As mulheres produzem até 80% da comida em alguns países pobres, no entanto, elas ainda são menos propensas a possuir sua própria terra […] O mundo precisa investir nas mulheres agricultoras”.
A miséria por que passa a maior parte da população africana é notória, mas o agravamento das condições em virtude de imprevisíveis intempéries naturais é algo muitas vezes negligenciado. Ao tomar como exemplo os casos de duas mulheres quenianas, Elisabeth e Josephine, que lutam diariamente para conseguir itens básicos de alimentação para seus filhos e netos, Helena expõe o descaso com que tratamos o meio-ambiente e a própria espécie humana. A história das duas mulheres se repete por toda a África e, mesmo em menor escala, por países emergentes, como Brasil e Índia. A solução talvez não seja tão simples quanto a dinamarquesa acredita, no entanto, refletir sobre tais questões e escancarar essa realidade para os olhos que estão acostumados a enxergar apenas o luxo é de fato um alívio.
Helena Christensen no Quênia ©Reprodução
“Há comida suficiente no mundo para todos, mas, diariamente, uma em cada sete pessoas vão para a cama com fome e a ampla maioria são mulheres e garotas. São em ocasiões como estas, com o Dia das Mulheres se aproximando no dia oito de março, que eu me pergunto: como isso ainda pode acontecer em 2012?”, questiona-se Helena ao final de seu artigo para a revista. A resposta não é óbvia, mas, como a própria modelo adianta: “O futuro não está definido”.