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    Leia entrevista com Rafael Varandas, da Cotton Project, marca que estreia no SPFW
    Mood board da coleção da Cotton Project pro SPFW ©Cortesia
    Leia entrevista com Rafael Varandas, da Cotton Project, marca que estreia no SPFW
    POR Camila Yahn

    A Cotton Project é uma das novidades do calendário do SPFW. Criada em 2011 por Rafael Varandas, economista por formação e designer por prática, a marca oferece peças básicas para o guarda-roupa masculino e vem de um lifestyle ligado ao skate e ao surf. Aos 30 anos, ele vê seu projeto consolidado, com um trabalho forte na internet, uma boa plataforma de e-commerce e seguidores fieis.

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    Para a estreia no evento, Rafael pensa no desfile como se fosse um filme. No caso, a história desta coleção fala sobre gangues de surfistas. Abaixo, Varandas fala sobre os desafios dessa nova fase e sobre o que podemos esperar de sua estreia no SPFW.

    Você antes achava que um desfile não se encaixava na história da Cotton Project. O que o fez mudar de ideia?

    A gente tinha dificuldade de encaixar a Cotton em desfile porque viemos de um universo de lifestyle, muito mais focado em conteúdo do que em roupas inovadoras. Mas agora esses dois universos estão se encontrando. As semanas de moda estão saindo um pouco da linha do desfile como um show pra adotar as marcas de rua, como o Gosha Rubchinskiy , que é mais próxima da nossa proposta. Ao mesmo tempo, dentro da marca, estávamos indo pra um momento mais fashion. Fora do Brasil você encontra multimarcas que vendem Acne e Raf Simons com uma marca de skate, por exemplo. A semana de moda se aproximou do street e é um bom momento pra casar essa história. Entre as grifes fashion, somos a mais casual e acessível; dentro do street e skate, a mais fashion e sofisticada.

    A Cotton vende ítens básicos do guarda-roupa masculino. No entanto, a passarela necessita de certo impacto. Como você vai fazer essa transição?

    Temos algumas peças pra passarela que são mais elaboradas do que costumamos fazer, mas sem fugir da nossa essência. Também apostamos muito no styling, pois é a forma como combinamos as peças que ajuda a coloca-las em evidência.

    Você vê o desfile como um desafio?

    Sim, um bom desafio por um lado e não tão bom pelo outro. O legal é que força uma marca a ter um exercício de criatividade. Temos coleções muito pequenas e isso força bastante esse lado da criação. Eu tenho orgulho de dizer que a Cotton não nasceu na semana de moda. Ela carrega uma bagagem que eu não gostaria de perder, então vamos ter melhor design e melhores peças sem fugir da nossa proposta. Por outro lado, como uma marca pequena, temos que depender muito de patrocinadores. Agora, estamos com a Puma, que é ótima.

    Você também terá meninas na apresentação, certo?

    Sim, teremos 30 looks e desses, de 7 a 10 são mulheres. As pessoas me perguntam se a Cotton é uma marca sem gênero, mas ela sempre foi pensada pro homem. É uma roupa clássica com viés unisex. As meninas acabam nos procurando bastante, principalmente por camiseta e jaqueta e começamos até a fazer em tamanho pp. Não é um corte feminino, só uma edição de medidas, como por exemplo diminuir o comprimento da manga. A única peça estritamente feminina que vamos mostrar é um maiô parceria com a marca carioca de beachwear Haight. De resto, elas vão entrar com as nossas roupas normais mesmo.

    Que equipe você montou pro desfile?

    Tenho o estilista que trabalha comigo, o Acácio Mendes. Eu mesmo vou fazer o styling. Acho menos arriscado do que chamar alguém e não dar certo. E quem vai fazer a trilha são os meninos da Selvagem, Augusto Olivani e Milos Kaiser. Já pro casting, o mundo ideal seria ter nossos amigos desfilando, mas aí, pra uma marca pequena como a nossa, dificulta ter que fazer as peças para cada tipo de corpo. Estamos com bastante dificuldade, no Brasil ou é forte e bonitão ou magro estranho, mas que vem com uma oferta menor e com alguns padrões de beleza que a gente não gosta tanto, como a barba. Estamos atrás de modelos mais estranhos e que poderiam ser nossos amigos, mas com medidas que cabem nas roupas.

    Você também tem experiência como designer gráfico e quando pensa numa coleção, olha também para todo o resto, como o estilo das fotos, a loja, o conteúdo do site, material pro Instagram… Como funciona esse processo de criar 360?

    Tenho a preocupação de criar uma base de linguagem visual que não interfira na proposta que temos para a marca. Nossa linguagem visual é minimalista e tudo é bem resolvido desde o início por causa dessa simplicidade que a gente tem. Conseguimos chegar a um nível legal, em que nos preocupamos com a roupa e nao com o meio. Temos uma coleção que se chama Essentials, que é uma linha de básicos que dura um ano. O primeiro passo é definir as cores. Daí o resto da coleção vem com mais facilidade. Para o processo criativo, tento imaginar as roupas como se tivesse fazendo um filme imaginário. Penso num mood, num cenário e em como as pessoas estariam vestidas.

    Se após ver o desfile, o público tiver que entender uma mensagem, qual seria?

    Queremos fazer um bom desfile, mas não temos a pretensão de ser o topo da pirâmide. Que não esperem que eu vá fazer alguma revolução. Queremos ser a mais acessível e barata entre essas marcas e trazer uma boa mescla entre uma grife que surgiu no skate e no surf, com muito trabalho na internet, com um padrão estético que agrade a esse público.

    Veja abaixo alguns detalhes da coleção:

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