Em 2016 nós noticiamos o lançamento da marca PakeraPakera, da designer LíviaTorres. Conhecida na cena de moda por seu trabalho com a saudosa Amonstro (que dirigia ao lado de Helena Pimenta), Lívia se reinventou com uma grife de acessórios que tem em seu DNA o bom humor e uso nada tímido das cores, características que sempre estiveram presentes em seu trabalho.
As peças da Pakera são ousadas, marcantes – daquelas que fazem o look – e têm sido usadas por artistas e influenciadores como Tatá Werneck, Gaby Amarantos, Anitta, Ana Canas, Duda Beat, Liniker e Camila Coutinho. Nesta semana, Katy Perry também aderiu e apareceu usando os brincos Mystery em um evento no Museu de Arte Contemporânea em Los Angeles, iniciando aí uma nova etapa na história da marca, que têm mantido contato com stylists influentes entre as celebs internacionais.
De Los Angeles, onde vive há apenas dois meses, Lívia conversa com o FFW e faz um balanço de sua marca nesses últimos três anos.
Após três anos de marca, o que você aprendeu?
Acho que o maior aprendizado é a capacidade de solucionar os problemas sem achar que é o fim do mundo, sabe? Ser um empreendedor completamente independente tem muitos altos e baixos e muitas coisas que não saem como planejado, então se manter calmo e pensar em uma solução racionalmente é a chave pra se manter no negócio. Tem que ter jogo de cintura.
Quais foram os maiores problemas e erros que precisaram ser corrigidos?
Os maiores problemas e erros que tenho sao em relação a produção e logística. Produção é sempre complicado e lidei muito com isso em todas as empresas que trabalhei, sem exceção. Tudo da Pakera é feito a mão, o que aumenta muito a probabilidade de erros e exige um controle de qualidade intenso. Logística é um desafio bem grande por conta do formato e do tamanho do negócio. Tenho a produção das bijuterias no Brasil e dos bordados na India; e a distribuição do e-commerce acontece no Brasil e nos EUA, o que com certeza exige um alinhamento muito pontual.
E nesses anos você já enxerga um crescimento? Pode ser em aumento de produção, lucro, pontos de venda ou apenas um aumento de presença e percepção de marca.
Muito! Esse último ano foi bem intenso e gratificante. Quando comecei, fiz um planejamento de dois anos e posso dizer que, no final do primeiro ano, me surpreendi. A Pakera cresceu em todos os aspectos, aumentei muito a produção, lucro, pontos de venda e, claro a percepção do público.
Você morou anos em Nova York e agora está em Los Angeles. O mercado americano sempre foi um foco?
Cheguei em Los Angeles há dois meses e antes fiquei oito anos em Nova York. Com a Pakera foi tudo acontecendo. Lá eu trabalhava dirigindo a produção de três marcas (Totokaelo, Merlette e Curve) e fazia a Pakera como um hobby, só quando tinha tempo. O trabalho era bem estressante e Nova York também, portanto no final de 2017 resolvi que não queria mais aquela vida intensa e me mudei para LA para ter mais qualidade de vida. Só que no meio da mudança tive que ficar no Brasil por dois meses por motivos pessoais e levei uma produçãozinha de pakeras. Aí foi quando tudo aconteceu! A Pakera começou a funcionar e eu tive que produzir mais peças… Foi tudo tão rápido que no final adiei a mudança e fiquei um ano no Brasil para estruturar a marca. Agora é diferente, virou meu trabalho principal, rolou investimento e tal.
Quando você colocou de investimento?
Comecei com R$ 30 mil. E na verdade, dá pra começar com quanto você quiser. Esse é o valor que eu cheguei depois de fazer o planejamento do que eu precisava alcançar no primeiro ano. Mas agora, com esse crescimento, eu vou ter que revisitar os planos pro ano 2 e provavelmente ter um segundo round de investimento.
E como rolou a história com a Katy Perry? Essa área de celebridades e artistas vc pretende investir ou deixar rolar naturalmente?
Foi meio que de repente. A marca está entrando no mercado americano agora e apesar dos resultados incríveis no Brasil, aqui (nos EUA) as pessoas ainda não conhecem a Pakera, portanto essa coisa de celebridades ajuda bastante. Eu sigo o trabalho da stylist da Katy Perry, Melissa Lynn (@iammelissalynn) e escrevi um email pra ela apresentando a marca. Ela amou e me chamou pra ir na casa dela mostras as peças :) Melissa mostrou pra Katy, que também adorou e acabou usando. Tem alguns outros stylists com peças minhas também, vamos ver se rola. Mas acho que eu prefiro deixar rolar naturalmente essa história com celebridades.
Hoje, como você trabalha as novidades? Faz um número de coleções por ano?
Até agora eu não trabalhei por coleção, mas tenho um target de peças que preciso lançar a cada dois meses de 4 ou 5 modelos novos. Agora com esse crescimento e a expansão do atacado eu vou ter que fazer coleções mesmo, mas prefiro focar em mini coleções a cada três meses com um número de modelos mais amplo.
Suas peças são divertidas, coloridas, debochadas, marcam uma presença no look. O que te inspira?
Acho o que mais me inspira sao as relações – com si mesmo e com os outros – e os desafios e a dor que geralmente vêm com esses processos. Essa coisa latina, romance com sofrimento, meio cafona e debochada. Tudo com muito humor sempre, né! O humor é uma coisa que vem desde a Amonstro , marca que eu tinha com a Helena Pimenta.
E onde gente pode comprar as peças da Pakera hj?
No meu site, tanto no Brasil quanto pro resto do mundo. Lá eu sempre tenho todas as novidades e muitas vezes trabalho com pré-venda. Fora isso, vendo em algumas multimarcas como Amoreira e Pinga, em São Paulo; Âmee, em Campinas; e na Yogi em Catanduva, minha cidade natal. E agora também estamos no e-commerce Oqvestir.