Não é de hoje que questões do mercado plus size nada moda geram polêmica. A própria definição de plus size já é controversa.
Nadando contra a maré das revistas que ainda praticam o chamado body shaming – cancelar trabalhos de modelos que não atendem a quesitos de magreza – a dinamarquesa Nina Agdal, representada pela IMG, coleciona trabalhos para marcas como Victoria’s Secret e ensaios para revistas como Glamour e Sports Illustrated.
Apesar disso, Nina usou as redes sociais na última sexta-feira (12.01) para expor mais um caso de body shaming, desta vez contra ela própria. Segundo a modelo, ela foi excluída de um editorial de revista – sem citar títulos – por supostamente não caber em sample sizes, tamanhos padrão que as marcas enviam às revistas para seus editoriais. A foto abaixo seria justamente a imagem que teria sido cortada do shooting.
Apesar de negar as alegações da revista, a ex de Leonardo DiCaprio afirma ainda ter recebido e-mail de “desculpas”, com motivações que vão desde Nina não atingir o público-alvo da publicação até, literalmente, não caber nas roupas.
As postagens foram seguidas de comentários positivos e de apoio à modelo, que finalizou a postagem desafiando a indústria a encontrar meios de apoiar os mais diversos tipos de corpos e pessoas em vez de constantemente julgá-los.
No Estados Unidos, mais da metade das mulheres é considerada plus size, mas elas apenas 2% das mulheres que vemos na mídia e em anúncios. No Brasil os números são equivalentes.
Confira, na íntegra e em português, a carta aberta da modelo, publicada em seu instagram.
Hoje estou desapontada e chocada com a ainda áspera realidade desta indústria. Há alguns meses, aceitei fotografar com um time criativo em quem acreditava e estava empolgada para trabalhar junto. Quando meu agente recebeu um e-mail contando que não iriam mais publicar minha capa e editorial pois “não refletia meu talento” e “não combinava com seu público”, o editor contou que eu não cabia nos sample sizes, o que é uma completa mentira. Se alguém me acompanha, sabe que não tenho o corpo padrão de uma modelo – tenho um corpo atlético e curvas saudáveis.
Após um ano difícil me afastando das pressões irreais e insensíveis desta indústria e lidando com ansiedade social, entrei naquele estúdio como uma mulher de 25 anos sentindo-se mais confiante e confortável que nunca antes. Alguns dias sou um sample size, outros um 4, outros um 6… Não sou uma modelo de passarela e nunca fui muito magra. Agora, mais do que nunca, abraço minhas curvas e trabalho pesado na academia para me manter forte e, mais importante, sã.
Tenho orgulho de dizer que meu corpo se desenvolveu desde que comecei essa carreira insana aos 16 anos como uma menina sem saúde e com péssimos hábitos alimentares. Portanto, você (publisher) deveria se envergonhar por isso. E muito obrigada por afirmar o quão importante é viver sua verdade e espalhar isso pelo mundo, sem se importar com seu tamanho. Decidi divulgar uma imagem para atrair atenção e apoio a uma causa que é maior que somente eu e que afeta tantas pessoas, não só na moda mas no geral, com o objetivo de unir as mulheres em uma celebração a seus corpos. Vamos encontrar formas de apoiar-nos em vez de constantemente nos rebaixarmos.