François-Henri Pinault, CEO da holding PPR, que é dona da Balenciaga ©Reprodução
Hedi Slimane assumiu a direção criativa da Yves Saint Laurent e, em menos de seis meses, modificou o nome e a sede da marca francesa, além de ter se envolvido em polêmicas com a editora de moda Cathy Horyn, do “The New York Times”, e outros jornalistas. No final de novembro foi a vez da Balenciaga sofrer sua transformação: depois de 15 anos, Nicolas Ghesquière foi substituído pelo jovem Alexander Wang.
O “ex” e o atual: Nicolas Ghesquière e Alexander Wang ©Reprodução
Em entrevista exclusiva veiculada pelo “WWD” nesta quinta-feira (06.12), François-Henri Pinault, CEO da holding PPR, falou sobre a contratação de Wang e, mesmo que discretamente, deu a entender que o estilista sino-americano não teria os poderes (quase) ilimitados que concedeu a Slimane. “Eu gosto que ele seja jovem e se baseie em Nova York, assim nós teremos mais exposição internacional da marca. […] Nós não mudaremos nada no posicionamento da Balenciaga. Nós passamos bastante tempo determinando onde a marca está e onde queremos ficar em termos de sermos modernos e de vanguarda”, disse o empresário francês.
Pinault ainda exaltou as raízes chinesas de Wang e, por conseguinte, as distintas referências culturais que o estilista possui. Logo no início da entrevista, o CEO da PPR deixou escapar uma frase um tanto dúbia: “Ele [Wang] é um grande talento não apenas quando se trata de produtos acessíveis, mas seu talento pode ser também adaptado para alta-costura na Balenciaga. Será um grande desafio para ele”. Dessa forma, como questionou a “Vogue” britânica, estaria Pinault idealizando uma linha de alta-costura para a grife?
Cristóbal Balenciaga e “Jacqueline Under the Sun Clock, 10 Avenue Georges V” ©Divulgação
Apesar de a Balenciaga nunca oficialmente ter sido membro da Chambre Syndicale de la Haute Couture, a resposta não será revelada tão cedo. O que se sabe até o momento é que Wang já começou a pesquisar os arquivos da marca, natural para iniciar o seu trabalho. Com o aval de Karl Lagerfeld, que declarou em uma entrevista ao site “ModMods” que “Alexander Wang é o melhor homem para o trabalho”, o estilista parece estar trilhando um caminho similar ao de Marc Jacobs.
Se Wang é capaz e comprometido o suficiente para comandar duas marcas (Jacobs dirige três), só o tempo dirá, mas, como é claro quando se observa as circunstâncias de sua contratação, o que Pinault pretende é tornar a Balenciaga mais palatável. Atingir consumidores de países emergentes, aumentar as vendas nos Estados Unidos e criar “it” bolsas são também planos claros: “35 a 40% da indústria de luxo vive do turismo. Os Estados Unidos são uma das maiores destinações do mundo e têm um número alto de turistas da América Latina e da Ásia. Acessórios são muito importantes, com certeza. Às vezes, os turistas ficam desapontados, pois acham que encontrarão lojas maiores e melhores nos Estados Unidos, mas, na verdade, as lojas mais recentes abriram na China”, comentou o CEO da PPR.
A bolsa que foi um dos últimos sucessos comerciais de Nicolas Ghesquière ©Divulgação
A primeira coleção da Balenciaga desenvolvida por Wang será apresentada entre 26 de fevereiro e 6 de março e corresponderá à temporada de Outono/Inverno 2013/14. Se o estilista não mudar o modelo de desfiles da “época” de Ghesquière, a marca deve continuar exibindo suas novidades na Rue Cassette, em Paris.