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    O complexo mundo da Prada: as regras e desobediências que constroem a marca
    O complexo mundo da Prada: as regras e desobediências que constroem a marca
    POR Redação

    Direto de Milão

    Prada Verão 2014 ©Juliana Lopes

    Todo o desfile da Prada foi um ápice. Não teve uma introdução e um desenvolvimento para levar à apoteose final. O baque veio do primeiro ao último look. Receita de complexidade e beleza em que os tecidos recebem perfeitamente o corte, os apliques e as estampas. Os murais pintados por artistas nas paredes da sala de desfile ajudaram no impacto: evocam uma feminilidade intensa, crua, rebelde e quase panfletária. A moda transborda da roupa e as ilustrações das paredes em torno entram primeiro na mente, antes de qualquer imagem de sapatos ou vestidos. Como se tivesse sido escolhido usar “tudo o que grita”: cores primárias, contrastantes. Desenhos planos, sem dimensão. Uma espontaneidade naif. Cristais enormes, cravejados. Peles. Estampas divertidas, misturas improváveis de materiais. Referências esportivas com bordados, sapatos com sola de borracha, mas glamourosos. Peles nobres tingidas de arco-íris. Pulseiras em cores berrantes, com pena e apliques. Veja aqui a coleção completa

    Prada é referência e isso não é novo. Miuccia pode mesmo fazer o que quiser, outras marcas vão sempre atrás. Se você não usa o que dita a Prada hoje, vai usar daqui uns dois anos. Impossível escapar. Mas o que faz a gente quebrar a cabeça é: qual o segredo da Prada? Quais decisões da direção criativa fazem com que em todas (ou quase) as temporadas eles acertem na mosca, aliás, numa mosca que ninguém acertou antes? Em visita ao showroom e conversa com um dos PRs da marca, FFW chegou em algumas novas pistas. A resposta resumida: Miuccia só dá liberdade a quem é autêntico. E controla em modo militar a própria imagem. Dessa forma ela foge do trator devorador que são as tendências. Ela cria algo do zero. Ela é a tendência.

    Prada Verão 2014 ©Juliana Lopes

    A Prada estimula os construtores de imagem a serem eles próprios (veja entrevista com o ilustrador Lok Jansen, um dos preferidos da Prada). Na coleção atual, Miuccia entregou inclusive o poder de escolher as cores aos artistas. Pediu que os desenhos fossem feitos da forma como eles quisessem. Depois a marca se virou para achar que cores eram aquelas. Tradicionalmente, numa empresa de moda, a escolha da paleta de cores é algo feito sistematicamente dentro da empresa, e aprovado por quem está no topo das decisões. Mas a Prada briga a cada ano para não ser tradicional. Genial? Sim, mas tão simples, né? Parece tão básico dar liberdade aos artistas. Só assim soltando a imaginação que os criadores conseguem ir até as profundezas da inspiração. Mas a indústria da moda tem tantas entranhas que é preciso muita disciplina para manter intacta a inspiração.

    Esse modus operandi preserva a alma da criação. É por isso que ao entrar na sala de desfile e ver todos aqueles painéis maravilhosos, gigantescos, o espectador fica boquiaberto. Porque são originais. São de verdade. Não passaram (ou não parecem que passaram) por uma pasteurização. O resultado é algo fresco. E os looks transpiram uma juventude que estava faltando nesse momento que vivemos. A Prada desabrochou, mais uma vez. Mas a liberdade de seu processo criativo fica dentro de um círculo muito restrito. Apenas os escolhidos por Miuccia podem ter esse poder de extravasar. E ao chegarem na preciosidade, na receita da coleção, as portas se fecham para preservar esse valor. Como? Por exemplo, a marca não libera peças para editoriais que não montem um look total já ditado por ela. Só em raras exceções. Assim evita um styling que pudesse ser contrário ao conceito que querem transmitir. Como dizer que o posicionamento é errado num tempo em que o design é tão sucateado? A Prada nos prova que esse mix de regra e desobediência funciona.

    + Veja mais fotos do showroom da Prada Verão 2014:

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