Coleção desfilada pela Animale tem peças em seda com estampas de xilogravuras, referência à literatura de Cordel ©Zé Takahashi/Agência Fotosite
A Animale fez um desfile inspirado no Brasil, mas o grande esforço foi fugir do previsível. Esta foi a primeira coleção da marca inspirada no país. “Este ano teremos Copa, logo mais tem Olimpíadas. O mundo inteiro está focando no Brasil, então, vimos que fazia todo o sentido a gente também prestigiar o país”, disse Claudia Jatahy, empresária à frente da Animale. Ela explicou que a grife procurou mostrar o Brasil que busca a tecnologia e a inovação, e não o clichê. “Quisemos mostrar um país que lida bem com a globalização.”
Três materiais que são a cara da Animale estão presentes na coleção: a renda, a seda e o couro. A marca pesquisou a literatura de Cordel, e transformou as xilogravuras que ilustram esse tipo de trabalho na estampa das peças em seda. No caso da renda renascença, o desafio foi trabalhá-la em conjunto com o couro. “Tentamos enaltecer o que é mais precioso para o país, mas sempre associado à tecnologia”, explicou Claudia.
Várias peças da coleção têm bordados com técnicas de renda renascença misturadas com couro ©Zé Takahashi/Agência Fotosite
A cartela de cores do desfile contempla o amarelo e o verde, como já era de se esperar, mas também tangerina, tons terrosos e branco. Claudia destacou também as peças que trazem bordados em ráfia, que ela considera uma matéria-prima tipicamente brasileira, mas que foi utilizada de uma forma diferente na coleção.
Os bordados, que estão presentes em grande parte da coleção, foram feitos por bordadeiras de Pernambuco. “Foi tudo feito de forma manual. Não tem nada industrial.” Em oposição ao trabalho manual dos bordados está o trabalho de uma trama feita em látex. A referência está na borracha amazônica, e a marca optou por fazer as tramas a laser.
Blusa feita de trama de látex, referência à borracha amazônica ©Zé Takahashi/Agência Fotosite
Outro detalhe curioso está nos saltos das sandálias. A diretora de criação da Animale, Beth Nabuco, contou que a inspiração vem de um sapo da Amazônia que tem várias “pontas” nas costas. O resultado é que o desenho do salto parece uma fileira de spikes, mas são uma referência ao tal sapo. Seguindo a linha de se inspirar nas raízes brasileiras com um viés tecnológico, a cenografia do desfile teve uma pegada robótica, com projeções de vídeos.