Uma das palestras mais aguardadas do segundo dia do Pense Moda foi a dos franceses Maroussia Rebecq e Jean Michel Bertin. Ela, a estilista por trás do projeto Andrea Crew, uma marca baseada no conceito da reciclagem. Ele, diretor de filmes publicitários, videoclipes, séries de TV, editoriais de moda, cenários, campanhas e desfiles de grifes como Hermès, Lacoste e Miu Miu.
Ambos fizeram apresentações relativamente simples, mostrando uma série de imagens e vídeos sobre seus trabalhos, que no fim serviram como uma grande fonte de inspiração para jovens profissionais da moda que sofrem da “síndrome do glamour”, uma condição que leva jovens estilistas a buscar a semelhança de nomes consagrados ao invés de trilhar seus próprios caminhos. Em outras palavras, muitos alunos recém-formados em moda querem ser “o novo Herchcovitch”, “a nova Gloria Coelho”, e simplesmente não se preocupam em conquistar um espaço autoral próprio.
Ao garimpar roupas antigas e materiais descartados, Rebeq os transforma em roupas únicas, cheias de personalidade, fazendo valer os fundamentos da sustentabilidade e individualidade. Bertin, ao trabalhar com ideias simples e materiais brutos – como sacos de lixo, cartolina e cera – transforma conceitos simples em imagens espetaculares.
A moral da história? Criatividade não depende de recursos financeiros. Naturalmente, quando o apoio financeiro é maior, as possibilidades também crescem. Mas com confiança no seu potencial, criatividade e uma boa dose de paixão, é possível fazer sucesso de modo nada convencional e com poucos recursos que, no fim do dia, têm muito mais apelo para os nossos tempos.