Um dos maiores nomes na arte do plissado no mundo hoje é o japonês Issey Miyake – sua empresa tem até um departamento dedicado à essa técnica, o Internal Pleats Laboratory, onde novas tecnologias são desenvolvidas. Mas seu processo para atingir o nível de plissado que vemos há décadas em suas roupas sempre foi um segredo muito bem guardado… até agora.
Após descobrir que, atualmente, uma fatia de 10% de seu consumidor de peças plissadas é formada por homens, Miyake abriu este mês um novo espaço em Tóquio chamado Homme Plissé. E lá dentro, por trás de uma parede de vidro, está uma máquina de plissado e todo o equipamento que a acompanha. Em vez de sigilo de processo, a intenção agora é completamente diferente: a marca quer que os visitantes experimentem a alegria de ver as coisas acontecerem na frente deles.
Então, três vezes por semana, durante uma hora, vários engenheiros do Internal Pleats Laboratory vão à loja e mostram como as roupas plissadas são feitas dentro da Issey Miyake. Eles inserem na máquina uma camiseta cortada e costurada 1,5 vez maior do que o tamanho final e, após 10 minutos de zumbido e prensagem – guiada por mãos humanas-, surge uma criação plissada.
Essa não é a primeira vez que a marca abre sua técnica de plissado. Em 2006, a máquina fazia parte da exposição Work of Miyake Issey no National Art Centre, em Tóquio.
Porém, uma coisa é estar em uma mostra, outra estar exposta e em atividade no meio da loja, onde os consumidores e fãs podem ver algo belo nascer. Essa experiência, além de inspirar e encantar, certamente faz as pessoas apreciarem ainda mais a marca e o produto, além de também ser um valor de transparência na moda. “Acho que projetar um espaço hoje mudou porque agora você pode comprar tudo online. Eu queria dar valor aos clientes que entram na loja. Por isso, criei um espaço especial para a máquina de plissados, para que os visitantes possam assistir e experimentar a emoção de fazer coisas na frente deles”, diz o arquiteto Tokujin Yoshioka ao site da Wallpaper.
Miyake, 80 anos, é um sobrevivente da bomba atômica de Hiroshima, que caiu quando ele tinha sete anos. Em decorrência disso, sua mãe morreu por conta da exposição à radiação três anos mais tarde e ele, até hoje, manca levemente em uma das pernas.
Um dos últimos grandes nomes independentes na indústria da moda hoje, Issey nunca vendeu sua grife e é dono de 133 lojas no Japão e mais 91 espalhadas pelo mundo, que vendem oito linhas de roupas e acessórios.
Sua fusão de tradições antigas e técnicas inovadoras mantiveram sua marca viva e interessante pelos últimos 40 anos. Se muitas vezes ele foi até menosprezado em prol das gerações que surgiam, hoje os valores com os quais sempre trabalhou são os valores que todo mundo está buscando para sobreviver: peças atemporais que servem para qualquer estação e vestem qualquer idade e imprimem um status de criatividade e contemporaneidade.