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    Por que marcas nativas digitais tem investido em lojas físicas?

    Conversamos com algumas das marcas que recentemente fixaram novos endereços para entender o movimento

    Por que marcas nativas digitais tem investido em lojas físicas?

    Conversamos com algumas das marcas que recentemente fixaram novos endereços para entender o movimento

    POR Redação

    A pandemia se mostrou um momento difícil para toda a indústria da moda, mas, principalmente, para o varejo físico que teve lojas e flagships fechadas por meses. As nativas digitais e marcas que já tinham uma forte presença online navegaram melhor nesse contexto e muitas chegaram a vender mais online que em suas lojas em shoppings e ruas de comércio. Já, um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou que 75,2 mil lojas fecharam as portas em 2020 no Brasil.

    Mesmo diante desse cenário onde tudo indica que o futuro do varejo está no e-commerce, o mercado da moda tem assistido uma espécie de inversão de caminhos: uma serie de marcas nativas digitais tem investido justamente na abertura de novas lojas físicas e flagships. 

    Vale dizer que abrir uma loja não é um investimento nada barato considerando ponto, projeto de arquitetura, aluguéis e custos fixos, então, com boas vendas e forte presença digital, por que essas marcas tem investido no varejo físico? Conversamos com algumas delas para entender melhor o que está por trás desse movimento.

    Nova loja ALUF no Jardins | Divulgação

    Nova loja ALUF no Jardins | Divulgação

    A designer paraense, radicada no Rio de Janeiro, Ana Luísa Fernandes fundou a Aluf em 2017. Ainda sem uma flagship para chamar de sua, a marca estreou no Projeto Estufa e teve um crescimento rápido.  Aos poucos, a marca foi ampliando eu território, deixando a exclusividade do online para se aventurar em lojas físicas, que pudessem traduzir sua essência e agora, tem um novo endereço no Jardins.

    A proposta da nova loja é torna-la um refúgio em meio à cidade e apresentar-se como uma tela em branco para quem a visita, um espaço de troca e expressão. Com uma área descoberta, com jardim, a nova loja da marca quer ser o ponto de muitos encontros e experiências.

    Conversamos com quatro marcas que recentemente fincaram endereços fixos para entender um pouco mais sobre esse movimento que tem levado tantas nativas digitais a abrirem lojas e flagships. Apesar de não ser uma nativa digital, a marca Deus Ex Machina, já conhecida internacionalmente, também decidiu abrir sua primeira loja física no Brasil este ano.

    A pandemia desacelerou bastante o consumo. como foi para vocês atravessar a esse momento?

    Ana Luísa Fernandes, da Aluf

    Acredito que sobrevivemos a esse momento de duas formas: A primeira foi ligada ao posicionamento da marca, respeitamos o momento de não falar sobre roupas, focamos em falar sobre o que acreditamos ser relevante na moda, sobre a expressão, sobre um de nossos embasamentos que é a arteterapia, sobre tudo o que vai além da roupas e o que faz a moda ser de fato relevante, envolvendo a nossa comunidade.

    A segunda foi um redirecionamento como logistica de negócios, onde direcionamos os nossos esforços para a venda direta com a marca, saindo de alguns de venda consignados, sendo o único ponto de venda da marca em SP e colocando critérios que diminuíram nossos riscos na venda de atacado. Isso fez a nossa operação ficar mais enxuta, focada no cliente final de varejo da Aluf.

    Marcella Franklin, da Haight

    O momento e os efeitos da pandemia fizeram com que muitas fichas caíssem na sociedade como um todo. Os valores ficaram mais claros, as prioridades mudaram. Foi preciso uma ruptura no piloto automático em que as rotinas se davam, para que os reais valores ficassem evidentes.

    Nosso maior desafio e a pergunta mais frequente era: como priorizar a saúde e a proteção coletiva e ao mesmo tempo garantir a sobrevivência da empresa e da cadeia a que pertencemos? Trabalhamos duro para passar uma mensagem clara para nossas clientes e traduzir nossa verdade em cada passo da marca, em cada posicionamento. Foi muito importante encontrar o equilíbrio entre a venda de forma consciente e a priorização da saúde física e mental de todos ao nosso redor.

    Airon Martin, da Misci

    Por mais que a Misci tenha tomado uma proporção maior nas redes, principalmente pelas novas narrativas voltadas ao Brasil antes da pandemia, na parte comercial nossas vendas eram realizadas de forma física com hora marca e em vernissages no nosso showroom.
    Nosso e-commerce ficou quase um ano e construção, e mesmo pronto tivemos dificuldades para manter o padrão de imagens e campanhas com uma equipe mais enxuta. Nosso time comercial começou a fazer um trabalho intenso via WhatsApp, enviando produtos para os clientes provarem em casa. No mobiliário tivemos uma demanda absurda desde o início da pandemia. Foi um quebra cabeça diário não só para vender, mas como para manter os valores e os prazos nesse caos gerado pela pandemia e intensificado pela má gestão de crise do atual governo.

    Gustavo Belloc, da Deus Ex Machina

    Passamos a pandemia toda em obras, o que atrapalhou muito por conta de mudanças de preço e restrições. Os atrasos na obra eram esperados e acabaram sendo benéficos. Acreditamos ter inaugurado em um bom momento de retomada do consumo e reta final da vacinação, e desta forma, não sentimos essa desaceleração do consumo, muito pelo contrário, as vendas iniciais superaram nossas expectativas.

    Haight | Divulgação

    Haight | Divulgação

    Após se firmar no cenário de beachwear brasileiro com suas peças inovadoras, a marca carioca Haight, de Marcela Franklin, estreia sua nova loja no Rio de Janeiro. A ambientação propõe uma imersão em meio as cavidades rochosas e paisagens naturais presentes no país. Ao centro da loja, a coluna principal faz alusão às rochas calcárias, se espalhando por todo o espaço ao criar recortes únicos, assim como a loja de São Paulo, localizada no bairro dos Jardins. 

    Por que a decisão de investir em uma loja física hoje?

    Ana Luísa Fernandes, da Aluf

    Acho que a loja física nesse momento entrega uma experiência de imersão no universo da marca, complementar a experiência do online. É como se fosse um namoro a distância, onde você se apaixona no virtual e no físico comprava e vive o que antes ficava somente no plano das ideias.

    Marcella Franklin, da Haight

    Para esse novo passo, nós enxergamos uma oportunidade em um momento de mercado favorável, agora algumas condições de negociação estão melhores, existe uma demanda pela reativação de espaços físicos. A idealização da nova loja representa o início de uma nova fase, na qual buscamos ampliar o contato do nosso público com o imaginário coletivo do nosso universo. É o início do caminhar vagaroso e esperançoso de volta aos espaços físicos. Depois de um período de introspecção, nascem novas relações com o entorno.

    Airon Martin, da Misci

    Iniciamos nossa obra e uma semana depois foi decretada a pandemia. Que loucura! Eu não tinha plano B, já que estava com todos contratos amarrados para o início da obra.  Seguimos confiantes na solução e buscamos reforçar ainda mais a nossa experiência em design que já não dependia exclusivamente de vestuário. Inauguramos sabendo do ROI da empresa. Somos uma startup de design brasileiro, e criamos estratégias de vendas baseadas no retorno dos nossos investimentos.

    Gustavo Belloc, da Deus Ex Machina

    Iniciamos o projeto com a Deus em 2018 com as primeiras conversas, execução do plano de negócio e negociações contratuais, e assumimos  a ‘Deus Mansion’, local onde instalamos o Templo da marca, no final de 2019. Passar pela pandemia não foi uma escolha, tudo acabou acontecendo durante as obras. Como o projeto de restauração da casa era muito grande, já era planejado que a inauguração seria entre final de 2020 e começo de 2021. 

    Apesar do comércio digital ter apresentando crescimento exponencial em praticamente todos os segmentos neste período, acreditamos que esta retomada do comércio agora é um momento oportuno para as marcas explorarem o que de fato são, com seus valores, seus propósitos, sua essência, através da experiência de compra, do atendimento personalizado, de um ambiente diferenciado, conectando com seus clientes em todos os sentidos. Nada mais adequado que uma loja física para conseguir essa dinâmica de experimentações e de engajamento. Os clientes estão sedentos por isso e a Deus Ex Machina já nasceu com este propósito.

    Loja da Misci | Reprodução Instagram

    Loja da Misci | Reprodução Instagram

    Existe um novo papel das lojas físicas nesse momento?

    Ana Luísa Fernandes, da Aluf

    Justamente por termos ficado quase três anos focados no virtual, a carência de uma experiência física foi ampliada, mais do que nunca falamos sobre lojas experiência, para muito além de somente mais um ponto de venda, e foi isso que buscamos em nosso novo espaço.

    Marcella Franklin, da Haight

    A parte mais incrível de ter uma loja é poder transmitir o nosso universo através da materialidade, de um ambiente físico. Não é só uma experiência visual, o corpo todo está presente. Trazemos o conceito de marca, signos, aromas, algumas escolhas palpáveis – e principalmente a visão da arquiteta parceira. Sempre convidamos arquitetas diferentes para assinarem o projeto e mostrarem o olhar delas sobre nosso universo. Esse processo criativo é muito rico, a forma que elas interpretam sempre nos ensina muito, e acaba nos atualizando em nós mesmas. 

    Isso faz com que as clientes que entrarem nesse ambiente consigam absorver alguns desses signos, tornando nosso relacionamento mais próximo. Seja nos pequenos detalhes do espaço ou entrando em contato com algumas escolhas mais abstratas, como a forma que nos relacionamos com a natureza em nossas campanhas. O espaço físico permite outras camadas de diálogo, aproximando a Haight de quem fala com a marca enquanto entendemos juntas a nova dinâmica de reabertura do mundo.

    Airon Martin, da Misci

    Ali criamos uma experiência de design brasileiro. Desde o desenvolvimento textil 100% nacional e a maioria dos tecidos desenvolvidos pela própria Misci, que reforça a identidade do design do nosso vestuário autoral. Em seguida vem o mobiliário, tapetes todos desenvolvidos pela Misci, o perfume de ambiente, as araras em formas de raiz, e tudo isso terminando no nosso varal, esse nome que se remete à como era na minha casa em Sinop. No fundo era o varal. A ideia do projeto nasceu quando decidimos lançar uma cachaça em parceria com cachaçaria Tiê. Ali nasce a ideia de no nosso varal, intensificarmos nossa experiência de Brasil através do único destilado 100% nacional. Não é uma loja, é uma experiência enaltece diferentes indústrias brasileiras, desenvolvidas com matérias primas brasileiras, consequentemente, design brasileiro.

    Gustavo Belloc, da Deus Ex Machina

    Sem dúvida, não existe momento melhor para trabalhar bem as lojas físicas. Como dito, os clientes estão sedentos por novas experimentações e é através dos pontos físicos que a real e mais profunda conexão vai acontecer.

    Deus Ex Machina | Divulgação

    Deus Ex Machina | Divulgação

    Apesar de não ser uma nativa digital, a Deus Ex Machina, já conhecida internacionalmente, também decidiu abrir sua primeira loja física no Brasil este ano. 

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