Por Raisa Carlos de Andrade, em colaboração para o FFW
Arara de roupas no backstage da Osken no SPFW Inverno 2014 ©Felipe Abe
Do conceito à exibição das peças em um desfile existe um processo criativo extenso. No caso da Osklen, a preocupação em produzir a coleção de maneira coletiva é um dos focos de Oskar Metsavaht, estilista e diretor criativo da marca. Ele acompanha de maneira ampla tudo que é feito a partir do tema definido. Para o Inverno 2014, a grife trouxe um ponto forte da cultura brasileira, o futebol. Entenda como atua cada um dos profissionais na composição imagética da passarela.
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Estilista e Diretor Criativo: Oskar Metsavaht
Oskar Metsavaht no backstage da Osklen ©Felipe Abe
Tudo que é produzido pela Osklen passa pelo olhar minucioso de Oskar Metsavaht, que escolhe o tema a ser desenvolvido e define a linguagem que vai da criação à trilha sonora do desfile. Muitas vezes, a temática vem de ícones estereotipados da cultura brasileira seguida de um atrativo singular sob sua ótica. “As pessoas falam que eu sou esportista, mas eu gosto da questão estética. Desta vez fui explorar isso no futebol. Fico interessado pelo movimento porque acho bela aquela dinâmica”, explica.
As inspirações vêm de seu lado artsy, concebidas após séries fotográficas. Pelas imagens, Oskar consegue explicar de modo abrangente o que espera de sua equipe. “Fotografo em baixa velocidade, às vezes fora de foco para dar ênfase ao movimento e realçar o fundo — no caso, o verde do gramado”. Para a coleção de Inverno, a cartela de cores foi o ponto de partida. “Isso eu descrevo para a Juliana, mostro as imagens. Daí pego texturas, silhuetas de outras coleções, uma continuação do que já fizemos. Eu trago os elementos do estilo clássico da Osklen. Sou um estilista. O que é estilo? Forma, cor e textura”.
Oskar aponta também a diferença entre estilo e moda em sua marca. “Falam que tem coisas que são sempre iguais… Sim, a Osklen tem um estilo. Ela não é uma marca de moda, que vai mudando. Ela segue suas cores, seus arquétipos. Vou alicerçando os clássicos, que passam a fazer parte da marca. O arquétipo é um dos pilares do estilo. Depois você cria o conceito da coleção e aí começa a pesquisa”. Na Osklen, este processo se dá de forma coletiva: “É uma troca grande, eu troco com todo mundo”.
Direção de Estilo: Juliana Suassuna
Juliana Suassuna no backstage da Osklen ©Felipe Abe
Há 13 anos na marca, Juliana Suassuna é quem transforma o conceito criado por Oskar Metsavaht em produto. “Comecei como estagiária e fui crescendo. Hoje sou diretora de estilo. Na verdade, meu processo criativo é todo dividido com o Oskar. Ele sempre vem com o input, com o tema, e começo a desenvolver as impressões dele. Tenho um caderno que dividimos nesses seis meses. Ele vai direcionando o que gosta mais, desenho o desfile todo e a gente divide essa construção”, conta.
Cinco dias antes, toda a equipe trocou o Rio por São Paulo, para assegurar o resultado impecável na passarela. “É uma loucura. A gente vem com o ateliê inteiro para São Paulo. Máquinas, costureiras… É um tempo para provar e consertar. Viramos noite. A gente vem com a coleção pronta e finaliza aqui”. O período dedicado à marca, de acordo com ela, deixou o processo mais leve. “Depois de tantos anos, tem uma sintonia. Já sei o que ele vai gostar, o que não vai. Ele não pega a caneta para desenhar. A parte técnica do desenho eu faço. Mas ele vê e diz o que gosta. Faz parte do processo do desenho todo”.
Stylist: Pedro Sales
Pedro Sales no backstage da Osklen ©Felipe Abe
Para dar conta do desfile da Osklen e de outras seis marcas que atende durante as temporadas, Pedro Sales tem no máximo cinco horas de sono por noite. “Desfile não é uma coisa que você pega uma coleção na arara e monta. Imagem vai muito além disso. É uma troca de ideias, de pensamentos”. Seu trabalho começa meses antes, em uma primeira reunião com Oskar Metsavaht. “Ele me passa o conceito da coleção e um pouco da imagem final, que é o que vamos ver no desfile. Proporção, cartela de cores, tipo físico, para a gente construir isso junto”. Em época de desfile, é preciso estar submerso naquele ambiente. Ao contrário de campanhas e lookbooks, o número maior de looks – 45, no caso da Osklen – sofre mudanças até o último minuto, independente da edição montada no papel. Por isso, Pedro chega ao evento com cerca de quatro horas de antecedência. “Meu trabalho é concretizar o desejo de cada estilista para a coleção. Fazer o mix das peças para conseguir transmitir o desejo de cada estilista com que estou trabalhando. O meu gosto faz parte disso e talvez seja o que as pessoas queiram acrescentar ao trabalho delas”.
Beleza: Sílvio Giorgio
Silvio Giorgio no backstage da Osklen ©Felipe Abe
Esta é a segunda temporada de Silvio Giorgio à frente da beleza da Osklen. O maquiador, que trouxe a geometria nos cabelos e na sobrancelha para o Inverno 2014, chega quando a marca já definiu praticamente tudo que será exibido na passarela. “Entro quando está tudo pronto. Eles me mostram a inspiração, os desenhos, me dão a ideia e eu digo se acho legal ou não. Eles queriam algo geométrico na maquiagem. Um delineador, uma boca… E eu sugeri a sobrancelha, que aparecia mais. A Osklen nunca gostou das meninas muito maquiadas.”, explica. A equipe, com 20 profissionais – 10 para cabelo e 10 para maquiagem – entra no backstage cerca de quatro horas antes. “Eu olho tudo, porque precisa estar impecável, não pode ficar uma diferente da outra. Tem que ter esse cuidado. Oskar é uma pessoa incrível. Dá uma liberdade, mas fica de olho. Se ele não gosta, não gosta. Mas se ele gosta, ama”.
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