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    Profissão Designer de Acessórios: Isa Kauffman

    A brasileira que cria as bolsas de desejadas marcas européias acaba de lançar a Dentro, sua marca própria e fala sobre sua carreira ao FFW

    Um professor mudou a carreira da estilista Isa Kauffman ao notar que sua paixão e habilidade estava na criação de belos objetos tridimensionais e não exatamente nas roupas. O interesse da designer paulistana, de 32 anos pela moda começou bem cedo. Enquanto fazia faculdade na Santa Marcelina, em São Paulo, também decidiu cursar Artes Plásticas na USP, pois arte era uma outra área que despertava seu interesse, chegando ao ponto de deixá-la em dúvida de qual caminho seguir.

    Depois de trabalhar para marcas no Brasil, Isa seguiu para a Europa em busca de novas oportunidades e mais aprendizado. Foi para Milão onde trabalhou para marcas como Prada, Bottega Veneta, Balenciaga e Acne Studios criando desejadas bolsas e hoje vive em Paris. Ela acaba de dar à luz ao seu maior projeto: sua marca Dentro Studio.

    Isa conversou com Augusto Mariotti, editor-chefe do FFW direto de Paris, sobre como se tornou uma designer de acessórios, sua carreira internacional e seu novo projeto independente.

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    A DESIGNER ISA KAUFFMAN

    Quando e porque você decidiu trocar o Brasil pela Europa? 

    Eu queria ter uma outra experiência, era pra ser um ano ou dois mas fui ficando. Rolaram ofertas de trabalho. E Paris é muito fácil de se conectar, o acesso a tudo é mais fácil, tudo se encontra aqui, estrangeiros, museus. São muitas referências. Tudo é muito rico.

    E a escolha pelo design de acessórios? 

    Depois de voltar de Londres, onde estudei no London College of Fashion, fui estudar no Institut Français de la Mode e um dia meu professor me chamou e me falou que eu não tava fazendo roupa, que eu tava fazendo objeto, estruturas 3D. E daí caiu a minha ficha que sim, eu fazia acessórios.

    Como foi essa mudar para a Europa e entrar neste tão concorrido mercado? 

    Eu tive que recomeçar do zero quando cheguei na Europa, até porque não tinha experiência nessa área. A primeira experiência foi um estágio na Balenciaga, que não tinha muito histórico de acessórios. Depois desse estágio fui pra Itália para trabalhar na Prada como designer júnior e meu foco eram as bolsas dos desfiles. Depois da Prada fui pra Acne Studios e Bottega Veneta, bem na transição da marca, um período difícil. Daí resolvi voltar para Paris, então como freelancer e comecei a colaborar com várias marcas como a Y/Project, Misbhv, Lancel, Kiko Kostadinov, Courrèges e de novo com a Acne Studios, onde agora atuo como head designer de acessórios. 

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    distortion bag, a nova bolsa da acne criada por isa kauffman.

    Você já trabalhou com marcas como Prada, Bottega Veneta e mais recentemente a Acne criando bolsas. Como é colaborar com marcas desse porte?

    Prada e Bottega Veneta são as que mais se parecem, são grandes principalmente nos acessórios. (A Balenciaga, na época, não era tão grande em acessórios). Mas lá você se limita a criar somente para um segmento, diferente da Acne que tem masculino, que é super diferente do feminino, tem colaborações e posso fazer vários projetos diferentes, e como criadora gosto de navegar entre várias cabeças e isso me mantém sempre curiosa.

    O que você aprendeu nessas marcas te ajudou de que forma no seu projeto pessoal, a Dentro Studio? 

    Eu sempre tive uma paixão por construção de indumentárias, objetos…essas marcas me ensinaram todo o processo ao trabalhar com os melhores modelistas, técnicos, artesãos. E isso me ajuda no desafio de como fazer um projeto mais conceitual funcionar, que é o que é a Dentro. Quero mostrar isso com a marca, essa narrativa, essa paixão pelo objeto.

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    primeira campanha da dentro studios

    As primeiras peças da Dentro parecem revelar o interior que vira o lado que se vê do objeto. Como você define a Dentro? 

    A Dentro é sobre botar o processo no mesmo patamar do produto final, é chamar atenção para  quanto trabalho, dedicação e quebra cabeça tem no nosso acessório. Quero fazer um objeto que as pessoas toquem e vejam como cada detalhe que tá ali presente ele foi pensado. E tem essa jogada com o interior da bolsa “de madame” que revela o que normalmente fica escondido e aqui é mostrado. E isso é a parte mais valiosa da Dentro e do meu trabalho.

    Quais os desafios de uma marca nova e independente hoje?

    Eu comecei a marca no meio da pandemia e isso trouxe esse momento de reflexão, foi o momento de pensar se as pessoas ainda vão usar bolsas, ou vão usar de outro jeito. O desafio é grande. O mercado é ainda instável para pequenas marcas, as pessoas estão consumindo de um jeito diferente. Antes dependíamos das grandes multimarcas, do atacado, hoje em dia é a marca se conectando direto com seu consumidor. O desafio é se colocar num lugar de originalidade, que seja relevante, ao mesmo tempo fazendo um produto de preço justo, considerando tudo o que isso comporta. Como marca independente, a gente sempre vai estar na sombra das grandes, mas isso também dá liberdade para correr mais riscos.

    Como você vê o futuro da criação de moda? 

    Eu sou uma pessoa otimista, na verdade. As mídias sociais estão aí encurtando o caminho entre cliente e marca e acho que vão sair marcas muito legais, independentes e criativas dessa crise e espero que os consumidores estejam prontos para apostar nelas. Espero que a gente saia dessa era de logos, que é cíclica, para um caminho de coisas especiais. Todo projeto que nasce a partir de hoje tem que ser mais responsável, transparente e sustentável. Eu tenho essa preocupação em conhecer todos meus fornecedores, seus processos e equipes, a origem do couro que uso, o que é um desafio porque isso tem impacto no custo e preço final, porém não podemos repetir os mesmos erros das gerações anteriores. O futuro da moda não pode ser igual ao passado.

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