Estilista: Junya Watanabe
Idade: 54
Background: Nasceu em 1961 em Fukushima, no Japão. Graduou-se em 1984 na renomada escola Bunka Fashion College, em Tóquio, e no mesmo ano, com 23 anos, conseguiu um estágio na Comme des Garçons, onde descobriu em Rei Kawakubo uma grande orientadora e incentivadora. Em 1993 ele lançou sua própria marca sob a tutela da Comme, seguindo o mesmo caminho estético de vanguarda. Com o nome Junya Watanabe Comme Des Garçons, começou a desfilar em Paris (onde todos os japoneses desfilam) em 1992. Em 2005 começou a desfilar também suas coleções masculinas.
Personalidade: Assim como Kawakubo, Junya é conhecido por ser um dos estilistas mais reclusos em atuação. É raríssimo ver fotos ou entrevistas; ele não agradece na passarela após os desfiles tampouco explica suas coleções. Também não sai muito do Japão, a não ser para viagens rápidas de negócios. Como é de se esperar, ele também não anuncia, não tem Instagram e nem site próprio. E as poucas entrevistas publicadas trazem respostas secas, que nunca entregam demais. Muito do mito em torno dele se dá pelo mistério que gira ao redor de sua vida e de seu processo criativo. Poucos conseguem entrar em seu círculo e as coleções são criadas em segredo; até a equipe mais próxima só vai ver algo um dia antes do desfile. “Não falamos muito sobre o desfile antes e eu só vejo as roupas no ensaio”, diz o cabeleireiro e chapeleiro Katsuya Kamo, que trabalha com Junya desde 1996. Na coleção de Verão 14, Junya deu o seguinte briefing: “um mix da dureza indígena com street style high end”. E Kamo teve que trabalhar apenas com isso em mente. Dizem que observar Kamo em ação no backstage é como testemunhar um ritual de arte performática.
Estilo da marca: Não espere nenhum link entre as coleções de Watanabe. A única conexão de fato é a liberdade total com que trabalha, sempre surpreendendo e levando a moda alguns passos à frente com suas experimentações em tecidos tecnológicos. Por conta de criações incomuns feitas com materiais inusitados e modernos, ganhou o apelido de estilista Techno Couture. Suas coleções são aclamadas, sempre apoiadas por inovações tecnológicas (fibras que brilham no escuro, peças à prova d’água, roupas reversíveis, etc) ou por sua expertise com modelagem e drapeado. Na coleção de Inverno 2009, por exemplo, Watanabe partiu da jaqueta de inverno tipo doudoune e a reconstruiu em proporções absurdas, criando vestidos e casacos como se fossem esculturas livres. Na coleção anterior, Verão 2009, ele mostrou um mix de jeans, batiques africanos e estampas Liberty, em uma de suas coleções mais leves. No masculino, ele não vai tão além: “É importante ter uma proposta certa ao fazer masculino e considerar onde as roupas são usadas e para o que elas servem”, disse em uma rara entrevista à “Interview”. “No masculino eu trabalho dentro das regras”, disse à “Purple Mag“.
Apesar de serem indefiníveis, os desfiles são também mágicos, “como ver ao vivo uma master class do pensamento japonês conceitual”, disse Sarah Mower. Chocante, incompreensível, estranho, conceitual… De fato o observador precisa ter muita bagagem e olhar contemporâneo para compreender e apreciar o trabalho de Junya, espírito rebelde da moda. “Criar pra mim é deixar todos os pensamentos para trás e fazer algo diferente.”
Citações: “Para cada coleção, tento trabalhar com coisas com as quais nunca trabalhei antes. E nesse sentido, materiais inusitados estimulam minha criatividade.”
“Nunca fico satisfeito com nenhuma das minhas coleções. Mesmo depois de receber feedback, sinto que mal consegui andar para frente.”
“A moda é a maneira como eu me expresso e, neste sentido, é próxima da arte. Mas a realidade da moda é o business e eu trabalho nessa base.”
Onde desfila: semana de moda de Paris
Onde vende: Net-A-Porter, Dover Street Market, Farfetch e Polyvore, entre os canais mais importantes.
Veja algumas fotos na galeria abaixo: