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    Jornal inglês mostra que sapatos “made in Italy” da LV são, na verdade, feitos na Romênia
    Jornal inglês mostra que sapatos “made in Italy” da LV são, na verdade, feitos na Romênia
    POR Camila Yahn

    Uma das principais grifes de luxo do mundo, a Louis Vuitton se posiciona como uma marca com “savoir-faire ancestral” e está sempre lembrando os consumidores da expertise manual envolvida na produção de seus artefatos, especialmente sapatos e bolsas, feitos à mão desde que o sr. Vuitton começou a vender seus baús de couro aos aristocratas em 1850.

    Essa é a imagem propagada pela marca que pertence ao conglomerado LVMH, dono de um dos maiores budgets de publicidade do mundo. O grupo gastou US$ 4.4 bilhões somente em marketing em 2016 para divulgar suas marcas, entre elas Moet & Chandon e Givenchy.

    Pois uma reportagem investigativa do jornal britânico The Guardian fez com que executivos da empresa encurtassem seu fim de semana. A matéria afirma que muitos dos sapatos que vêm com a etiqueta “made in Italy” (berço de ouro da excelência e do trabalho manual em couro) são na verdade feitos na Transilvânia, região mais conhecida pelos vampiros do que pelo artesanato de luxo, como ironicamente apontou o jornal.

    Para esclarecer: em 2014 o parlamento europeu votou pelas etiquetas obrigatórias “made in/feito em” a fim de colocar uma ordem na produção globalizada. Para os bens produzidos em mais de um país, o país de origem é aquele em que os itens foram submetidos ao “último processamento substancial, economicamente justificado. Neste caso, a última etapa (e a única feita na Itália) é a adição da sola e é somente por essa fase que o sapato ganha a famosa etiqueta – e selo maior de qualidade – made in Italy.

    A lógica é simples: para manter seus lucros altos, os custos de produção precisam diminuir. Desde a explosão da China como produtora de bens de luxo, retratado muito bem pela escritora Dana Thomas no livro Deluxe – Why Luxury Lost its Luster, é sabido que grandes empresas buscam parceiros fora de seu país atrás de mão de obra mais barata. E essas fábricas, normalmente localizadas na China, Vietnam e Bangladesh, são segredos bem guardados.

    A fábrica que produz os sapatos da Vuitton é a Somarest, uma subsidiária pequena e pouco conhecida do grupo LVMH. Em 2014, uma equipe de TV francesa foi atrás de denúncias de trabalhadores anônimos que disseram que os sapatos são inteiramente feitos na Romênia antes de serem enviados para a Itália para então terem suas solas aplicadas. Na época, o CEO do grupo, Bernard Arnault, desconversou e disse que na Romênia somente são produzidas peças pequenas e repetitivas, como alças de bolsas menores, por exemplo.

    Agora, contatada pelo The Guardian, a chefe de comunicação da fábrica desligou o telefone na primeira menção do nome Louis Vuitton. Mas eles não contavam com o trabalho investigativo e exaustivo da equipe, que fez uma busca em sites romenos, encontrou selfies de staff no nas redes sociais, até achar os portões da confecção.

    Após muita insistência, uma porta-voz finalmente concordou em discutir detalhes da produção. Ela contou que os gerentes são franceses e que todos os materiais usados vêm da França. A jornalista do Guardian reporta de dentro da fábrica e confirma que milhares de sapatos da Louis Vuitton saem por suas portas todas as semanas, completos a não ser pela sola. De lá, seguem para França ou Itália, onde são finalizados e qualificados para ganhar o selo de produto “made in France” ou “made in Italy”.

    Segundo a reportagem, a Louis Vuitton montou sua primeira fábrica na Romênia em 2002 para aproveitar ao máximo o trabalho local de baixo custo. Em 2004 já produzia 1500 pares de sapatos por semana. A Somarest não estava disposta a discutir quantos pares produz atualmente, mas o currículo online de um de seus gerentes diz que a produção cresceu 70% desde 2007, o que sugere uma produção anual de mais de 100 mil pares. Em 2009, uma segunda fábrica foi construída nas proximidades para fazer componentes de bolsas e malas.

    A jornalista Alexandra Lembke ainda relata que o ambiente de trabalho é limpo e claro, os trabalhadores ganham hora extra e só usam químicos não tóxicos. As fábricas empregam 734 trabalhadores locais que recebem um salário médio de 133 euros por mês, o que faz com que a produção de vestuário na Romênia seja muito mais barata do que qualquer outro lugar da União Europeia.

    Lá, assim como na França e Itália, os produtos são moldados e costurados à mão, e os artesãos se sentem tão capazes quanto seus colegas italianos e franceses. O que muda é que o ofício não é passado de geração a geração, como acontece nos ateliês de luxo. Na Romênia, a maior parte dos trabalhadores aprendem lá mesmo como fazer o trabalho.

    A visita termina abruptamente com a chegada de um gerente sênior, que tira a reportagem do local e coloca a porta-voz em uma sala para uma conversa que parecia, no mínimo, tensa. A notícia rapidamente se espalhou e com ela, surgiram discussões em fóruns que vão além e envolvem de pessoas que trabalham na Louis Vuitton a comunistas que querem evitar que seu povo seja explorado. E claro, há também as piadas. Agora dizem que os sapatos da Louis Vuitton são feitos mesmo é pelo Conde Drácula.

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