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    Ponto de Vista: 'Roupas sem gênero' reforçam o binarismo?

    looks “agênero” da coleção de verão 22 de Raf Simons

    Ponto de Vista: 'Roupas sem gênero' reforçam o binarismo?

    POR Luxas Assunção

    Por Luxas Assunção

    A pauta da moda genderless/agênero nunca esteve tão em alta, temos visto cada vez mais vestidos sendo desfilados por homens nas passarelas e encontrando terreno fértil, apesar da situação nas ruas ser bastate diferente. No entanto, com tantas marcas definindo e redefinindo o conceito de moda agênero, ele às vezes parece se perder no meio do caminho. 

    Na última semana, Raf Simons apresentou sua coleção de Verão 2022 na Paris Fashion Week, que foca justamente na criação de roupas agênero. Em entrevista à Vogue Runway, ele questiona: “Muitos homens têm comprado roupas femininas, a questão é se eles estão comprando roupas que são feitas para mulheres ou roupas que são feitas para ambos homens e mulheres”. Ele ainda aponta que desenhou essa coleção voltando aos primórdios, no momento do nascimento, quando “não se pensa no gênero do bebê, ele é apenas um bebê” e a partir disso criar modelagens que funcionassem para ambos gêneros. 

    No entanto, a ideia de uma ‘terceira via’, isto é, roupas que não tem gênero, em contraste com as roupas masculinas e femininas, não é necessariamente assumir que peças de roupas tem um gênero inerentemente atribuído a elas? 

    Bom, isso é um fato: enquanto sociedade, ainda atribuímos gênero às roupas, principalmente às femininas, e isso acontece desde o berço – ou melhor, antes. Mesmo antes de nascer, um bebê já tem seu gênero atribuído e as suas roupas já são escolhidas de acordo com aquela construção social, os inúmeros chás de revelação são prova disso. A ideia da moda genderless luta exatamente contra a definição de gênero dentro das roupas e não a favor da criação de uma nova leva de produtos agênero. 

    A ideia da moda genderless ou gênero-inclusiva diz de desconstruir os estereótipos e construções sociais de gênero atribuída às roupas e não a criação de uma nova leva de produtos genderless – porque isso reforça exatamente a ideia de que roupas tem, sim, gênero. É a partir deste pensamento que vemos tantas roupas genderless sem formato ou modelagem, normalmente resumidas a blusões, suéteres e camisas de tamanho oversized e sem contornos do corpo. Para a moda, mais útil do que criar uma nova classificação de produtos, seria apenas desfilar modelos masculinos em vestidos, por exemplo, ou apresentar coleções sem uma distinção de menswear e womenswear – o que já tem sido feito por algumas marcas. 

    Por vezes, a justificativa usada para isso é o fato de modelagens masculinas e femininas serem criadas para vestir melhor diferentes corpos – de acordo com o sexo biológico. No entanto, a ideia de um ‘sample-size’ já não funciona mais há muito tempo quando pensamos na inclusão de uma diversidade de corpos e necessidades: de diferentes tamanhos, portadores ou não de deficiência, cisgêneros, não-binários ou transvestigêneres. Dessa forma, percebemos ainda mais como a ideia de modelagens masculinas ou femininas – ou agênero – pode ser reducionista.

    Além disso, parece existir também um esforço capitalista em cima da produção e comercialização de uma nova leva de produtos agênero, que supostamente seriam necessários para suprir uma demanda do consumidor por roupas agênero. A questão é que essa necessidade não existe de fato, o que existe é a necessidade de desconstruir a concepção de gênero atribuída às roupas. 

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