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    Slimane na Celine: o que aconteceu e a reação da mídia especializada ao desfile
    Slimane na Celine: o que aconteceu e a reação da mídia especializada ao desfile
    POR Camila Yahn

    Enquanto o Brasil preparava-se para uma reunião em massa contra o #elenao, em Paris o assunto era a estreia de Hedi Slimane na Celine. Assim como aconteceu em seu primeiro desfile para a Saint Laurent, a mídia especializada e os fãs de moda ficaram malucos com o que viram na passarela – não obrigatoriamente de um jeito positivo. Abaixo, explicamos sobre o desfile que causou emoções fortes durante a temporada.

    Sobre o desfile

    Neon da Celine na fachada do Les Invalides / Reprodução

    Neon da Celine na fachada do Les Invalides / Reprodução

    Era o mais aguardado de toda a temporada de Verão 2019 e a mídia especializada parecia animada e ansiosa com a estreia de Hedi Slimane na Celine. O desfile aconteceu no Les Invalides, onde está o túmulo de Napoleão. O desfile começa com um tambor da Guarda Republicana. Soa estranho, nos dias de hoje, um estilista escolher um local que é um marco francês, mas também tão associado a guerra e ao militarismo.

    Ele convocou parceiros de outros trabalhos para colaborar em sua estreia na Celine. A banda francesa La Femme fez a trilha e o artista Christian Marclay criou uma estampa com estética vintage que foi usada em algumas jaquetas e parkas.

    Repetição

    No final, ele se mostrou mais do mesmo da estética Slimane. O que Slimane fez ao longo de sua carreira foi transformar Dior Homme, Saint Laurent e Celine em um grupo que compartilha uma mesma estética. Mas se a gente pensar na história que a Dior e a SL têm individualmente…

    A Celine já não tem esse peso histórico (a marca foi fundada em 1945 por Céline Vipiana), então aprendemos que sua estética é aquela forjada por Phoebe Philo nos últimos 10 anos e que fala com os desejos e necessidades da mulher contemporânea. Ainda assim, todos pareciam animados e esperançosos com a entrada de Hedi e o que ganharam foi um banho de água fria. Ele simplesmente parece ter partido de seu trabalho para a Saint Laurent: anos 80, cultura jovem, indie rock e glam para meninos e meninas esqueléticos, com os mesmos elementos de sempre. Óculos brancos e óculos escuros, cabelos de vocalista de banda, biker e bomber jackets de couro, vestidos ultra curtos.

    Faz sentido como pensamento de um designer, mas no caso ele está trabalhando em uma outra marca, com outra história. Quando um designer tem uma estética forte, mais forte do que o DNA das marcas onde trabalha, é um claro sinal de que ele deveria ter a sua própria.

    Celine Verão 2019 / Reprodução

    Celine Verão 2019 / Reprodução

    Saint Laurent masculino Verão 2016 / Cortesia

    Saint Laurent masculino Verão 2016 / Cortesia

    Dior Homme Verão 2006 / Cortesia

    Dior Homme Verão 2006 / Cortesia

    O Diet Prada fez uma galeria com os looks da Celine que já vimos na Saint Laurent e na legenda, escreveu: “o grupo LVMH está apostando nos dólares de $limane, mas não na criatividade”, em alusão ao aporte enorme que está sendo feito para esse recomeço.


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    In last night’s @celine show , Hedi Slimane picks right back up where he left off at @ysl .  TBH, did we expect anything else?  Hedi is a branding virtuoso with a focused, but narrow repertoire of retro club kid looks. With the likes of Anthony Vaccarello and Alexandre Vauthier churning out more elevated mega-watt 80s-inspired collections in recent years, Slimane’s now look high-street by comparison.  A few sharply tailored XXL shouldered looks stole the show, but most glaring was the fact that it took 30 exits to see a model of color.  While he has a way of unearthing our hidden desires from time to time (all the financial reports from his tenure at Saint Laurent will attest to that), the white youth obsession is something we definitely won’t be buying into lol.  LVMH is banking on the $limane dollars, but apparently not the creativity. We were hopeful and prepared to be surprised, but seeing the new season thumbnail on the Vogue Runway app stacked ahead of all of Phoebe’s glorious collections for Céline reminds us to always remain cynical. • #celine #hedislimane #lvmh #saintlaurent #ysl #anthonyvaccarello #yvessaintlaurent #phoebephilo #retro #glam #club #clubkid #vintage #80s #newwave #rocknroll #dejavu #sequins #ruffles #minidress #ootd #wiwt #pfw #parisfashionweek #dietprada

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    Passarela brancaceline-4

    Haviam pouquíssimos modelos negros e que representassem uma diversidade ética. A falta de diversidade sempre foi um dos problemas da passarela e hoje esse assunto tem sido discutido e abordado com muito mais frequência. Não enxergar isso e escolher não fazer parte desse novo princípio é um #slimanefail.

    Reação

    As redes sociais ficaram em polvorosa com a coleção, especialmente o Twitter. Nas horas logo após o desfile, não li um post positivo. Muita gente ofendida com o fato do trabalho de Phoebe Philo ter sido completamente transformado não em uma nova Celine, mas em um mesmo Slimane. Julie Zerbo, fundadora do site The Fashion Law, era uma das mais ativas postando seu ponto de vista. Em um deles, ela escreve: “há um grupo enorme de pessoas que não é familiar com a carreira de Hedi Slimane nem com o que a Celine tem feito nos últimos 10 anos, portanto eles não sabem que essas roupas são totalmente nada originais (e un-Celine).”

    O Slimane é o novo Karl Lagerfeld?

    Hedi Slimane parece exercer a mesma influência sobre as pessoas que Karl Lagerfeld. De uma forma geral, o mercado o enxerga como um gênio e reconhece e elogia sua habilidade fenomenal de marketing e de manipulação. Assim como Karl, ele tem uma visão única do que acredita traduzir o cool e segue cegamente em sua fórmula, coleção após coleção. Ele usa e abusa do poder que tem, banindo jornalistas de seus desfiles, não dando entrevistas e, fazendo transformações que mexem profundamente com o DNA da marca, criando um mundo e uma linguagem da qual se apropriam, mesmo trabalhando para outras marcas. Ambos também têm uma ligação com a música jovem, muitas vezes lançando novos artistas da cena independente através de seus desfiles (Karl já trabalhou com as Chicks on Speed e com Vive la Fete, por exemplo, bem antes de se tornarem conhecidos). Ambos também são fotógrafos e assinam suas próprias campanhas.  Também controlam o styling dos desfiles de forma que nenhuma visão externa entra para “atrapalhar”.

    De uma forma geral, as pessoas têm medo de Slimane assim como de Lagerfeld: jornalistas raramente os criticam com medo de perder seu acesso à arena dos poderosos e virar uma pessoa malquista no mercado. Sim, porque eles têm um exército que os seguem (não apenas de fãs e consumidores, mas de gente de dentro da indústria também) e sempre vão sair em sua defesa.

    Eles se reconhecem como espelhos. Karl disse ter emagrecido só para caber nas roupas de Hedi e está sempre em seus desfiles.

    Os reviews

    Posto isso, alguns jornalistas ousaram criticar a estreia de Slimane na Celine, os de sempre, como Tim Blanks e Robin Ghivan. Na The Cut, não foi Cathy Horyn que escreveu e sim Emilia Petrarca. Mas em ambos os casos nota-se um cuidado extremo, como se estivesse pisando em ovos, para defender seu posicionamento, elogiando todas as capacidades e habilidades de Hedi e como ele transformou a Saint Laurent e como seus fãs irão correr para as lojas da Celine, etc.

    “Sei que ele é um mestre em branding, e pode convencer uma geração de pessoas que usam camisetas e tênis a comprar um terno bem costurado novamente. Eu sei que ele é um dos únicos designers capazes de sustentar uma tendência de jeans skinny por muito tempo do que apenas um desfile. Mas eu também sei que moda é política, mesmo quando tem tem a pretensão de ser. E eu sei que sempre que tenho um déjà vu, meu me sinto velha, não jovem”, escreveu Emilia.

    Já tim Blanks diz: “Uma marca que já foi completamente identificada com um instinto ímpar para entender o que as mulheres querem na moda, de repente, parecia uma rajada de masculinidade tóxica. A esperança fervorosa de todos era que os bolsos mais profundos da LVMH o ajudassem a surfar esse passado para um futuro brilhante. Infelizmente, não desta vez. 

     O que vimos sugere que os instintos de Slimane no momento se tornaram entediantes. Sua influência moldou marcas como a Kooples e a Zadig & Voltaire, para não mencionar Saint Laurent após sua partida. E todos os seus meninos e meninas do rock-a-biddy estavam reunidos esperançosamente na platéia na noite de sexta-feira.

    Os mesmos velhos ternos pretos skinny e gravatas finas, os mesmos velhos vestidos curtíssimos, as mesmas jaquetas bomber minúsculas e Mod e Factory e New Wave e No Wave… Foi frustrante porque a LVMH, grupo dono da Celine, claramente jogou um tsunami de dinheiro neste lançamento.”

    Robin Givhan no Washington Post: “Em uma única noite, ele explodiu tudo o que a Celine era. Seu nome pode não estar no rótulo, mas em todos os outros aspectos a marca também poderia ser chamada de Hedi Slimane. O desfile não sugere a ascensão das vozes das mulheres ou o crescente poder político da juventude. Intitulado Night Journal of Paris Youth (Jornal da Juventude de Paris), sua coleção não refletia a mistura diversificada de pessoas que se vê regularmente nas ruas de Paris”.

    Convidados

    Lady Gaga e Karl Lagerfeld na primeira fila / Reprodução

    Natalia Vodianova, Lady Gaga e Karl Lagerfeld na primeira fila / Reprodução

    Lady Gaga, amiga pessoal de Hedi, deu uma pausa em sua turnê de divulgação do filme A Star is Born para comparecer ao desfile. Catherine Deneuve, Lagerfeld, Virgil Abloh e membros de bandas como Franz Ferdinand também estavam lá.

    E o que será das órfãs de Phoebe Philo?

    Givenchy por Clare Waight Keller / Reprodução

    Givenchy por Clare Waight Keller / Reprodução

    Elas podem migrar para a Givenchy de Clare Waight Keller, que tem potencial para cobrir esse gap.

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