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    SPFW 25 anos: estreias > Misci e o foco na identidade brasileira
    SPFW 25 anos: estreias > Misci e o foco na identidade brasileira
    POR Augusto Mariotti

    O São Paulo Fashion Week acontece em formato inédito e 100% digital entre os dias 4 e 8 de novembro e, entre as novidades, veremos a estreia de seis marcas no calendário do evento. Apresentamos hoje a Misci, do designer Airon Martin.

    O jovem Airon Martin, designer e diretor criativo da Misci, nasceu e cresceu no interior do Mato Grosso, criado pela mãe e avó, veio de família tradicional. Como carreira, optou por fazer design e desde então morou fora do Brasil, voltou ao país para estudar no Istituto Europeo di Design e passou pelos Estúdio Paulo Alves e Marcenaria Trancoso. Logo após, resolveu abrir seu próprio escritório de design e ampliou sua atuação para a moda ao criar a Misci em 2018.

    o designer airon martin

    o designer airon martin

    Leia abaixo nossa conversa com o designer que nos contou o que está preparando para sua estreia no calendário do SPFW.

    Como você define a Misci em termos de estilo e propósito?

    Quando paramos para pensar qual é a identidade do design brasileiro nos vem muita coisa em mente. O Brasil é complexo e o brasileiro mais ainda. Numa analise histórica percebi que tínhamos poucos registros de imagem na construção de uma identidade no design, na construção técnica de produto, utilizando da abordagem do design para materialização. Minha formação é em design de produto, e no mobiliário o brasil teve uma construção de identidade muito melhor formada do que no vestuário. Não somente na construção estética de produto fisico, mas como na construção de sistemas e serviços mais inovadores. Geraldo de Barros e a Unilabor é um bom exemplo disso. Misci é um neologismo da palavra miscigenação, e esse termo é o que mais aparece nos estudos de formação de identidade da estética brasileira. Quando olhamos para o Brasil e todo peso de sua formação, percebemos que a construção estética do design nacional parte de uma estética multicultural, e que temos que usa-la a nosso favor. Design é ciência acima de tudo.

    Não temos dificuldades somente por nossa jovem democracia, estamos nos conhecendo inclusive geneticamente como mostra os estudos da especialista em genética Lygia da Veiga Pereira.

    Ela diz ‘A ideia (do projeto DNA do Brasil) veio da constatação de que a maioria – cerca de 80% – dos estudos genômicos existentes no mundo baseiam-se em populações brancas, sem considerar a diversidade do povo brasileiro. A população do Brasil é muito miscigenada resultado de uma mistura entre europeus, índios e africanos  e africanos. Por isso, esses estudos não se aplicam bem à nossa genética. Com o projeto DNA do Brasil, teremos a oportunidade de entender de forma muito mais precisa, quais as variações genéticas estão ligadas às características da nossa população’.

    O que você está planejando para sua estreia?

    Costumo me aprofundar bastante durante o desenvolvimento de coleção e com a apresentação do nosso projeto não poderia ser diferente. Acredito que a moda tem o papel de informar, alertar, isso tudo através da imagem. Precisamos criar imagens que representem nossos objetivos no mundo, e nenhum outro meio de interação com a sociedade tem tanto poder quanto a moda. Eu montei um time praticamente só de mulheres para executar comigo a apresentação.

    Como está sendo criar uma apresentação digital? Lado positivo e desafios.

    Desde o inicio nosso objetivo era realizar nossa apresentação de forma digital. O maior desafio aqui é executar esse projeto em meio à uma pandemia e crise econômica agravada por um governo que não incentiva pequenos e médios empreendedores. A gravação do nosso vídeo foi realizada na região de Atafona, São João da Barra, localizado no litoral do estado do Rio de Janeiro. Essa região é conhecida por estar sofrendo um desastre ambiental no qual o mar avança cada vez mais em direção a construções costeiras, fazendo com que a cidade perca força e vida até chegar no ponto em que é completamente destruída. A narrativa toda do projeto será conduzida pela cantora e compositora Josyara.

    O que significa para sua marca agora estar no line up do SPFW?

    Quando contei para a minha mãe ela disse: ‘Que legal filho, mas você vai usar sua roupa nesse desfile?’. Venho de uma família simples de mulheres nordestinas que hoje vive no interior do Mato Grosso e eu não sabia que um dia isso aconteceria dessa forma. Sabia que no fim daria certo, mas nunca penso como seria esse ‘dar certo’.

    Como você vê o futuro da criação de moda?

    Com mais profundidade. Desde de pesquisas têxteis ao desenvolvimento de coleção. E com imagens que de alguma forma tragam algum beneficio à sociedade.

    A apresentação da Misci acontece dia 6.11, às 16h e será transmitida ao vivo no @spfw. Você poderá acompanhar tudo também pelo FFW.

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