Lucas Leão
Quem mais levou a palavra digital ao pé da letra foi o carioca Lucas Leão, o designer lançou uma apresentação que segue a máxima “o futuro é agora”. Em “Aether”, as roupas surgem de diferentes dimensões e vão além da realidade, para essa experiência as peças foram criadas totalmente em 3D e inseridas em um ambiente virtual.
Logo após a exibição, Lucas explicou que o intuito foi o de traduzir a ideia de mundo digital como algo infinito, eterno e imortal. A partir de sábado (07.11) o primeiro drops estará disponível para compra, assim como um filtro no perfil do Instagram da marca, onde as peças poderão ser vistas em 360 graus.
LED
Célio Dias e a sua LED já participaram cinco vezes do SPFW, mas essa é a primeira vez que integram o line-up oficial. Nome em destaque por traduzir com autoria e delicadeza questões como performance de gênero, identidade e temas políticos, o mineiro apostou no crochê, que é sua técnica-chave e assinatura, misturando com alfaiataria, tons fortes e pontuando com estampas tie-dye.
Batizada “Brasileira”, a apresentação foi sopro de energia, movimento e liberdade. Mesmo não sendo a primeira vez que Célio apresenta uma coleção virtualmente, a novidade mostra uma evolução de estilo e imagética. O styling foi assinado por Thiago Ferraz e vídeo dirigido por Carlos Queiroz.
Misci
Uma das estreias mais aguardadas desta edição do #SPFW foi sem sombra de dúvidas a Misci, do mato-grossense Airon Martin. “Brasil Impúbere” é uma leitura que mesmo sendo muito pessoal, faz o espectador identificar todos os códigos ali registrados. Inúmeras dicotomias do Brasil são mostradas com uma simplicidade lapidada e cerebral.
As linhas pueris dos longos revelam e escondem, a cartela remete ao cerrado, a caatinga e a natureza. Menção especial ao blazer estampado criado em parceria com Paula Scavazzinni. O Brasil de Airon é despido de alegorias, exuberante ao seu modo, e repleto de mensagens, nem sempre óbvias. Emilly Nunes é quem estrela, se firmando como um dos rostos da temporada.
Renata Buzzo
Também estreante nesta edição Renata Buzzo intitulou sua coleção de “Estudos Melancólicos”, a ideia e conceito nasceram a partir de um texto escrito por ela – esse processo criativo é algo frequente, revelou a designer em conversa com o FFW.
Sua apresentação teve um quê de thriller psicológico, fortalecido pelo texto que refletia sobre a pandemia, além da trilha dramática. A etiqueta que é vegana, feita apenas sob-medida e lixo zero, exibiu uma série de vestidos esvoaçantes, com mangas levemente bufantes e texturas ornamentais.
Juliana Jabour
A cartilha de Juliana Jabour é muito bem definida, em seu retorno ao SPFW, ela mostrou que continua fiel à sua estética. Além dos elementos esportivos, dos famigerados moletons e mini comprimentos, há várias peças com volumes estratégicos, flertando sempre com o streetwear e inserindo elementos femininos, em uma dualidade jovem e cheia de frescor.
Mesmo tendo contado ao FFW que achou a apresentação virtual desafiadora, a estilista conseguiu exteriorizar tanto seus códigos, quanto revelar detalhes de peças-chave da coleção de verão 2021. As fotos acima são de João Arraes e o vídeo foi assinado por Gui Yoshida.
Handred
A Handred de André Namitala se voltou para um universo que – literalmente – habita, o bairro de Copacabana, que emprestou para a apresentação não só o cenário, como também seu nome, que batiza a coleção.
Veja todos os looks da Handred
Menos boêmia e decadente, a Copacabana imaginada por André é quase um sonho tropical, onde nostalgia e realidade se misturam, assim como desejos solares e outros sentimentos ocultos. Tudo está ali: robes amplos, plissados, linhos e sedas, que se confundem com o branco e suavidade das nuvens. Atenção especial para a estampa que imita o piso da Galeria Menescal. A trilha de Maria Luiza Jobim e o styling de Daniel Ueda são dois pontos altos. Como diz o release em tom otimista: “O verão chegará, apesar de tudo”… ainda bem!
João Pimenta
João Pimenta encerrou o terceiro dia de desfiles com uma imagem forte, robusta e sombria, assim como Renata Buzzo, o estilista enveredou por um caminho menos solar e otimista, se comparado com as outras marcas. Sua coleção é disruptiva – usando o termo mais ouvido nesta edição virtual do SPFW –, e também anárquica, transgressora e distópica.
O futuro e o presente para João são agressivos, como mostram os spikes aplicados na alfaiataria e nos xadrezes tartan. Mesmo todos os modelos tendo usado máscaras, que escondiam não só suas identidades, como a visão, podiam ser vistos nos looks diferentes olhos bordados, muitos deles com cristais que faziam alusão à lágrimas, talvez? Instigante, questionador e, de certa forma, brutal.