As bolsas de plástico são os acessórios do momento e têm sido chamadas de must have da temporada desde que chegaram às lojas recentemente. Elas surgiram pelas mãos de vários designers e apareceram pela primeira vez, em sua maioria, nos desfiles de Verão 18.
O fato de uma bolsa de plástico virar item de desejo mostra que o gosto pelo normcore continua forte, graças, em boa parte, ao trabalho de Demna Gvasalia tem feito na Balenciaga. O que era comum e mundano agora vira uma peça subversiva que somente os mais descolados dos fashionistas colocarão as mãos – afinal de contas, elas não são nem um pouco baratas.
Entre as mais requisitadas está a versão da Céline, parte da última coleção de Phoebe Philo na marca. Como ela sempre fez ao longo de sua carreira, criou mais um acessório que naturalmente iria virar febre ou desejo. A shopping bag de plástico com o logo da Céline também vem com uma clutch de couro e uma bolsinha de moedas oversized – é a que está mais em alta no street style. O “combo” sai por US$ 985; a bolsa sozinha por US$ 590. A loja de departamentos Nordstrom montou uma pop-up da Céline especialmente para vender esses ítens e outros de uma colaboração especial entre as duas empresas.
Em uma parceria com a Voo Store de Berlim, Raf Simons criou uma bolsa de PVC transparente onde podemos ler Simons’ America Tour junto com as datas de seus desfiles anteriores. Ela é à prova d’água e, assim como na Céline, traz junto uma bolsa menor para ser usada na parte de dentro. Ela está à venda por US$ 235 (cerca de R$ 600) e pode ser comprada direto do e-commerce da Voo.
Aliás, Raf começou com essa ideia há um bom tempo, ainda quando criava para a Jil Sander. Na temporada de Verão 2011, ele lançou uma bolsa de plástico laranja muito similar às sacolinhas que recebemos em qualquer loja. Imediatamente, ela foi chamada de Anti-It Bag e vendeu todo seu estoque em pouquíssimo, mesmo sob o precinho de US$ 135. Enquanto todo mundo desejava as bolsas da Louis Vuitton ou da Hermés, Simons questionou a ideia do que era uma bolsa desejável.
Uma fortuna para uma bolsa de plástico ou um bom preço por uma peça assinada por Raf Simons?
No último desfile de Christopher Bailey para a Burberry, em fevereiro, elas aparecem também, mas não serão vendidas nas lojas. Elas irão cumprir o seu papel original: o de servir como embalagens para qualquer pessoa que comprar peças de sua coleção derradeira.
Demna Gvasalia também tem a sua versão para a Balenciaga. Ela não é transparente como as outras, ao contrário, vem em tons fortes e com slogans como The Power of Dreams. São três modelos chamados de Supermarket Shoppers, de plástico por fora com pele de cordeiro na construção interior. A pele animal (que muitas marcas tradicionais estão abandonando) pode ser a “desculpa” para que a bolsa custe US$ 1150. E ficou sold out já no pedido antecipado.
A estilista Marina Serre, que até pouco tempo atrás trabalhava no time de Gvasalia, também lançou a sua no desfile de Inverno 19.
As opções são muitas e os preços, sempre altíssimos. Chega a ser irônico que as marcas se inspirem no ordinário para criar, mas se você quiser comprar, ainda assim tem que ser tão rico quanto precisaria ser para comprar uma bolsa tradicional. A estética pode ser nova, mas a mentalidade parece a mesma de sempre.