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    Veja os 10 fatos que marcaram o desfile de Alexandre Herchcovitch no SPFW Inverno 16
    ©Agência Fotosite
    Veja os 10 fatos que marcaram o desfile de Alexandre Herchcovitch no SPFW Inverno 16
    POR Camila Yahn

    No gabinete do prefeito

    O desfile aconteceu no saguão da sede da Prefeitura de São Paulo, no Anhangabaú. O prefeito Fernando Haddad e a primeira dama estavam presentes e aguardaram em seu gabinete antes de a apresentação começar. Alexandre, no andar de baixo, foi chamado a comparecer ao gabinete. “Você é o Alexandre Herchcovitch?”, perguntou uma moça. “Sim.” “O prefeito o aguarda no gabinete.” “Está bem. Eu já vou.” “É que o elevador já chegou.” O FFW acompanhou a visita e conversou brevemente com Haddad, que chamou Alexandre de “prata da casa”.

    Quando perguntado sobre a importância da moda para São Paulo, ele respondeu: “para você alimentar 22 milhões de pessoas, ou você está na vanguarda ou você não sustenta a demanda da economia. Ou São Paulo fomenta sua indústria criativa ou não tem como sustentar-se como megalópole global. Essa é a mágica: fomentar os pioneiros e vanguardistas das indústrias. A moda faz São Paulo. O Alexandre faz São Paulo”. “O que o Herchcovitch faz é uma homenagem à cidade”, finalizou, referindo-se também ao fato de o convite para o desfile ser um Bilhete Único. O prefeito e a primeira dama também foram de ônibus. “Honramos o convite.”

    + Veja a coleção completa e com detalhes aqui

    Ponto de partida

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    ©Agência Fotosite

    Uma história de boudoir sobre amor e perda, perversão, sexo e poder. Um tema rico e amplo, que foi trabalhado com rigor e precisão. O desfile abre com as camisolas de tricoline de cashmere e um trabalho com fitas de gorgurão que permeia a coleção e faz a transição entre a inocência e a intimidade, das camisolas à perversidade do fetiche. Muitos elementos que definem a estética de Alexandre Herchcovitch estão lá: as técnicas de costura, as silhuetas, os laços, que aparecem desfeitos, o shape quadrado de algumas peças, o zíper com ilhós e amarração, usado desde o início de sua carreira em incontáveis roupas da Marcia Pantera e em coleções, as argolas nos seios usadas nos anos 1990. Há também a questão da dualidade, o agressivo e o leve, o sexo e o austero, o perigo e a inocência.

    Fetiche, sexo e perversão

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    ©Agência Fotosite

    Uma das coleções mais fetichistas da história recente de Alexandre Herchcovitch. O trabalho com a fita remete ao bondage, há transparências, muito zíper, amarrações, argolas sobrepostas como sutiã (no look final de Vanessa Moreira) e seios que ficam de fora por conta do recorte com viés SM da roupa (look 11). Esse look é um dos mais fortes do desfile como imagem, mas é interessante notar que não é o peito nú que o transforma no mais ousado ou impactante, e sim a roupa em si, carregada de sexo através de seu desenho. Assim, não é um desfile sensual e sim sexual, com um fetiche que é cru, moderno e sofisticado ao mesmo tempo. E está aí algo difícil de conseguir, descartar as obviedades e os caminhos mais fáceis e ainda se suceder.

    Feito à mão

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    ©Agência Fotosite

    Sabia que 80% da coleção foi feita somente por duas pessoas? Apenas duas costureiras tinham as habilidades necessárias na pré-moldagem à vapor das fitas de gorgurão, que aparecem na maior parte da coleção. “O difícil era pegar uma fita reta e fazer no corpo, que é curvo”, explica Herchcovitch. Assim, ele usou uma fita de gorgurão de viscose que é mais maleável, mas pré-moldada a vapor, de maneira que pode esticar ou encolher dependendo do efeito desejado. “É uma matemática violenta”, diz, referindo-se a uma técnica que era muito usada nos acabamentos de roupas vitorianas. As fitas aparecem em detalhes até virarem um único vestido, 100% construído de fita de gorgurão. Aqui também notamos a capacidade dele em evoluir sobre um único tema, do mínimo ao máximo.

    Um alfaiate pregou todas as mangas de alfaiataria em ponto picado, em que cada ponto leva um segundo, e uma outra costureira fez todas as peças em viés. Os vestidos do final do desfile em cetim duschese têm um estampa quadriculada preta e branca, mas feita da seguinte maneira: em cada quadrado branco tem um quadrado preto de tecido aplicado por cima. Ou seja, uma coleção muito artesanal, luxuosa no fazer, com técnicas históricas, inclusive usadas na Alta-Costura. No Brasil não existem profissionais prontos no mercado para esse tipo de trabalho; eles são ensinados pelos próprios estilistas. Alexandre treina as costureiras para que elas aprendam técnicas específicas.

    Acessórios

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    ©Agência Fotosite

    Os calçados feitos em parceria com a Arezzo pareciam botas, mas na verdade eram meias de couro e sandálias acopladas com velcro. “Queríamos algo mais pesado e fizemos esse sapato que parece que o salto está quebrado”, conta Mauricio Ianês. Envernizadas, altíssimas, com zípers e tiras, elas ajudaram a construir o visual fetichista e perigoso que pontuou o desfile.

    Beleza

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    ©Agência Fotosite

    As meninas mascaradas resultaram em um dos momentos mais fortes do desfile. Três modelos ganharam uma maquiagem especial para compor com a máscara de meia que remetia a uma balaclava, mas com recortes específicos que deixavam à mostra um dos olhos ou a boca, então fortemente maquiados, causando um efeito absurdo na passarela, como se uma lupa tivesse aumentado as proporções e dividindo o rosto da modelo em dois. O efeito foi obra do maquiador Robert Estevão, que foi pelo caminho mais gótico que guiou a coleção em referências que vão de Siouxsie a Marcia Pantera. Maurício Ianês conta que também buscaram referências nas obras de Man Ray, Pierre Molinier, André Breton, no Marquês de Sade e nos franceses surrealistas. Contrapondo essa imagem, o resto das meninas tinha uma beleza bem natural.

    Trilha

    A trilha industrial ajudou a causar um clima tenso, propício para o desfile. “É bem climática, uma mistura de industrial com sexy. Buscamos criar uma certa agressividade”, conta o DJ e produtor Max Blum que, com Maurício Ianês, juntou mais de 20 músicas para então fazer uma super colagem e construir uma música nova. “Tem umas coisas experimentais que eu nem conhecia”, conta. E deu muito certo: havia uma atmosfera tensa, estranha e agressiva no ar ao mesmo tempo que também tinha sua leveza, algo difícil de explicar. Para quebrar tudo isso, o desfile termina com “Crying Game”, na voz macia de Boy Goerge.

    Para o Fernando

    Alexandre teve um convidado mais que especial na plateia. Não se tratava de nenhum amigo ou fã célebre, mas sim de seu filho Fernando, que pela primeira vez assistiu a um desfile do pai. Ele sentou ao lado do outro pai, Fabio Souza, e dos avós e tios, e ficou quietinho durante a apresentação, olhando com curiosidade para o que se passava ali. Às vezes seus olhinhos iam mais longe, atravessavam as modelos e paravam em algum lugar longe dali. Na sala onde Alexandre ficou até o desfile começar, Fernando conquistava a todos que passavam com uma timidez doce enquanto o pai explicava: “filho, daqui a pouco vai acontecer um desfile do papai. Você sabe o que é isso?”. Ele não sabia e ainda está tentando entender. “Mas posso dizer que ele gostou!”, diz Herchcovitch. Quando entra na fila final para os agradecimentos, é normal vermos Alexandre andar rápido, com a cabeça reta, sem interagir com o público. E pela primeira vez, ele olhou para o lado, sorriu e soltou um beijo. “Fiquei emocionado vendo ele sentadinho lá.”

    Fernando Young

    Fernanda Young Alexandre Herchcovitch SPFW- Inverno 2016 foto: Edu Lopes /FOTOSITE

    ©Agência Fotosite

    Também na primeira fila estava a escritora e roteirista Fernanda Young, amiga próxima do estilista. Ousada e divertida, ela parava tudo com seu look masculino com direito a bigodinho e óculos de armação mais pesada. Menina-menino. Transgender. Muitos flashes.

    The Face

    Alexandre Herchcovitch SPFW- Inverno 2016 foto: Zé Takahashi /Agência Fotosite

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    Já dá pra falar que a modelo Ari Westphal será um dos rostos da temporada. O FFW Models já tinha contado a história dela, que estreou nas passarelas nesta última temporada internacional (Verão 2016). Ela começou a trabalhar bastante após um erro do cabelereiro que, em vez de acertar seu comprimento médio, passou a tesoura em tudo. Mágicas do destino. Com os cabelos bem curtinhos e seus olhos claros de gato, ela faz uma imagem que transita entre o andrógino e o sensual, mas o que mais passa em fotos e passarelas é puro frescor. Ela abriu o desfile de Alexandre. A semana parece garantida para Ari. Bem vinda!

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