Quem diria que Vivienne Westwood – a estilista considerada “mãe da estética punk” e uma das criadoras mais ousadas da atualidade – iria se render às parcerias com empresas de design e decoração? Recentemente, Westwood fechou contrato com a Cole&Son (uma gigante do segmento no Reino Unido) para uma coleção de papéis de parede baseados em estampas de seus desfiles mais emblemáticos.
Ao todo, são três estampas retiradas de coleções antigas da estilista, como a icônica “Pirate Collection” (Inverno 1981, foto ao lado) ou, mais recentemente, a “I Am Expensive” (Verão 2007). O preço médio é de aproximadamente US$ 90 (aproximadamente R$ 156) para um rolo padrão (cerca de 5 m). Modelos mais elaborados, como uma estampa trompe l’oeil que simula o tartan envelhecido (o famoso xadrez britânico), já ficam ao redor dos US$300 (aproximadamente R$ 520/ 5 metros).
Parcerias entre moda e décor não são exatamente uma novidade. Vários estilistas já colaboraram com empresas de decoração e design, ampliando seu universo criativo para além das roupas. Só aqui no Brasil, tivemos Alexandre Herchcovitch que já fez jogo de cama e cozinha; Adriana Barra com móveis; Rita Wainer com seus abajures; e André Lima para a Micasa. Entre as internacionais, Diesel, Giorgio Armani, Kenzo, Missoni, Versace, Rick Owens e Paul Smith são algumas das marcas que diversificam sua variedade de produtos para outras searas que não o vestuário.
O assunto, contudo, gera polêmica entre estilistas e profissionais da área. Em 2008, durante uma palestra do Fashion Marketing (evento organizado pela consultora de estilo Gloria Kalil), Tufi Duek chegou a afirmar que o papel de um estilista não é só criar, mas também manter-se antenado com tudo o que acontece à sua volta. “Eu sempre fui um estilista do comércio”, afirmou ressaltando que o estilista deve se focar totalmente na elaboração de suas roupas para atender as demandas de seus consumidores. Em sua visão, quando um estilista começa a trabalhar em outras áreas, esse foco no consumidor acaba sendo desviado e prejudica a identidade da marca.
Já para a diretora do Studio Berçot, Marie Rucki, o trabalho de um estilista se mostra realmente completo quando este consegue transbordar a sua identidade estética e universo criativo para outras áreas. Caso, por exemplo, de Christian Lacroix. O estilista, amante do barroco e rococó, já fez decoração de banheiro, de quarto de hotel, assentos de trem e até uniformes de aeromoças – sem perder a sua identidade. Hedi Slimane, quando migrou de diretor criativo da Dior Homme para fotografia, é outro bom exemplo. Toda a sua estética andrógina, rocker e cheia de emoção que marcava suas criações de moda podem agora ser identificadas em imagens retratos cheios de poesia.
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