Existe arte em 3D? Wim Wenders _diretor de “Paris, Texas” e um dos mais importantes do cinema contemporâneo_ levanta a questão com “Pina”, um documentário sobre a coreógrafa alemã Pina Bausch, fundadora da academia Tanztheater Wuppertal e que faleceu em 2009. O longa-metragem estreou na última semana no Berlinale, o Festival Internacional de Cinema de Berlim.
A contrário de “Avatar” e “Alice No País Das Maravilhas”, Wenders usa o recurso 3D como um aliado estético, e não para simular imersão no espectador. No trailer, percebe-se a sensação de profundidade da cena e de nitidez do objeto em foco, dando uma aparência moderna e vívida ao filme.
“[O diretor] captura o trabalho de Bausch com graça e segurança, espelhando sua modernidade de forma surpreendente e com uso idiossincrático do 3D”, conta o site Hollywood Reporter. Com 103 minutos de duração, ele mistura registros de espetáculos (“Kontakthof”, “Café Muller” e “Sacré du Printemps, do final dos anos 1970, e “Vollmond”, de 2006), com imagens de ensaios e bastidores.
Wim Wenders e sua equipe de 3D durante as gravações de “Pina” ©Reprodução
Outro ponto forte do documentário é o figurino do filme, assinado por Rolf Borzik nos registros que vão até 1980, e Marion Cito, dançarina ela mesma e que assumiu o departamento de moda à convite de pina.
A intimidade de Pina, no entanto, é reservada; o foco está nos 35 anos de trabalho em cima da dança, dos gestos e movimentos criados por Bausch. Pouco é revelado, mesmo durante entrevistas com dançarinos que trabalharam com ela _e a descrevem como uma guru zen e distante, que pouco fala além de conselhos como “Dance, ou estaremos perdidos”. Talvez seja verdade.
Ainda não há data de estreia nos cinemas brasileiros.