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    John Galliano anuncia sua saída da Maison Margiela

    Após 10 anos à frente da marca, o designer confirmou sua saída. Leia sua carta de despedida.

    john galliano e renzo rosso, dono do grupo OTB

    John Galliano anuncia sua saída da Maison Margiela

    Após 10 anos à frente da marca, o designer confirmou sua saída. Leia sua carta de despedida.

    POR Vinicius Alencar

    “Perdoar a mim mesmo foi, por um tempo, o ato mais difícil. Senti culpa por perpetuar o estereótipo de que a criatividade precisava ser alimentada por álcool e drogas. Tão errado. Com minhas equipes, provamos que a criatividade não é alimentada por forças destrutivas, mas por uma comunidade criativa que cuida e considera o design.”

    John Galliano

    John Galliano acaba de anunciar nesta quarta-feira (11.12) sua saída da direção criativa da Maison Margiela, onde esteve à frente ​nos últimos 10 anos. Seu desfile de couture Verão 2024, apresentado em Paris, em janeiro deste ano, foi um dos mais espetaculares não só da Margiela, como na história recente da moda. Tanto que desde então, Galliano ficou ainda mais discreto, o que só aumentou os rumores de que estaria de saída.

    Num momento de transformação, tudo indica que ele deve ser apontado a uma das tantas cadeiras de direção criativa que estão vazias. Como ele mesmo disse em seu perfil pessoal: “os rumores que todos querem saber e todos estão sonhando serão revelados no momento certo”.

    Quais serão seus próximos passos? O que o levou a não renovar seu contrato na Margiela? Vamos ficar de olho!

    john galliano em foto postada em seu Instagram pessoal

    Leia a carta publicada por ele:

    “Hoje é o dia em que digo adeus à Maison Margiela. Meu coração transborda de gratidão e minha alma sorri. Tenho 14 anos hoje – 14 anos sóbrio.

    Vivo uma vida melhor do que jamais sonhei ser possível, graças a duas pessoas verdadeiramente belas que amo e estimo. Elas, porém, são humildes demais para que eu mencione seus nomes aqui. Nós sabemos quem são, e serei eternamente grato e em dívida com elas.

    Os rumores… Todos querem saber e sonhar. No momento certo, tudo será revelado. Por enquanto, uso este momento para expressar minha imensa gratidão. Continuo a me redimir e nunca deixarei de sonhar. Eu também preciso sonhar.

    Em uma reunião de família no Halloween, em Tóquio, todos com maquiagem festiva sob o olhar silencioso e em câmera lenta da lua cheia, Renzo falou sobre legado. Ele me disse que seu legado seriam seus filhos e sua obra.
    Essa conversa despertou nele uma pergunta inesperada sobre meus pensamentos a respeito de John Galliano. Expliquei que já havia lamentado a perda de JG e de minha identidade anterior, mas estou muito mais feliz com a nova versão de JG. Esforço-me diariamente para ser uma versão melhor dessa pessoa. Então, senti coragem e o desafiei. Disse a ele que, do meu ponto de vista, parte de seu legado seria a bondade e generosidade que me mostrou há 10 anos.

    O maior e mais precioso presente que ele me deu foi a oportunidade de reencontrar minha voz criativa quando eu a havia perdido. Minhas asas foram consertadas, e eu entendi melhor o ato avassalador da criatividade. Minha gratidão pelo lema “Only the Brave” tatuado em sua pele é profunda. Para ter isso gravado no corpo, é preciso realmente acreditar nesse lema.

    Renzo, com sua positividade contagiante, foi muito persuasivo. Ele me convidou para assumir a posição de Diretor Artístico na casa que Martin Margiela construiu e até possibilitou um chá com Martin. Este gesto desequilibrou a balança a meu favor. Fez-me acreditar que eu podia fazer o trabalho, mesmo quando duvidava de mim mesmo. O entusiasmo de Martin e seu desejo de que um couturier assumisse este papel, acompanhado de seu conselho gentil: “Tome o que precisar do DNA da Casa, proteja-se e faça dela sua… você sabe como fazer,” me deram clareza.

    Em frente a Renzo, tive uma epifania: eu estava pronto. Decidi me cercar de pessoas fortes e com a mesma ética de trabalho. Avisei Renzo que aceitaria sua oferta, mas minha recuperação teria que vir primeiro—e assim foi. Dez anos depois, sou eternamente grato por este espaço seguro para criar e construir uma nova família que me apoia com coragem e dignidade.

    Minha perspectiva sobre a indústria mudou radicalmente, e começo a ver mudanças ao meu redor: compaixão e empatia. Sou grato à minha família da moda por este momento criativo que salvou minha vida e pelo espaço seguro que construímos juntos.

    Humanos em seu melhor são resilientes, criativos e inventivos, quando não têm medo de ser quem são. Admito ser exigente e difícil de lidar em momentos desafiadores, mas veja o que construímos. É quando a família da moda—esta indústria—está em sua melhor forma: quando nos apoiamos mutuamente, sem julgamento.

    Perdoar a mim mesmo foi, por um tempo, o ato mais difícil. Senti culpa por perpetuar o estereótipo de que a criatividade precisava ser alimentada por álcool e drogas. Tão errado. Com minhas equipes, provamos que a criatividade não é alimentada por forças destrutivas, mas por uma comunidade criativa que cuida e considera o design.

    Celebramos coleções sem gênero, relações mágicas com musas que desafiam normas sociais, e a liberdade de expressão. Regozijo-me na alegria da comunicação criativa, nas diferentes culturas artísticas e no impacto da moda lenta e ética em nosso trabalho.

    À minha equipe do atelier, obrigada. Juntos, buscamos beleza, equilíbrio, e leveza.”

    Johnny G.

     

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