Quem é entusiasta de moda, com certeza já deve ter se deparado com editoriais apresentando uma calça ondulada, feita de algodão cru e madeira. Se você não conhecia a marca por trás da peça, agora você conhece: Opus, marca fundada em Niterói pelo casal Breno Samel e Teo Bressane-Sabadin, de 21 anos. A marca surgiu no convívio diário da dupla que compartilhavam e opinavam entre si o processo criativo de seus projetos. Com interesses próximos e interdisciplinaridade, foram amadurecendo a ideia de se juntarem na produção de uma marca, que pauta seu trabalho nas amplas possibilidades de transformação da arte.  Cinema, música e arquitetura são os temas que orbitam no universo criativo da Opus, que ganha esse nome pelo amor ao teatro e a ópera do casal. Chamada de Opus 1, lançando look por look até chegarem no look final da coleção e depois disso muda a temática e vem Opus 2.  O FFW conversou com a dupla para entender melhor a essência da marca. 

Teo Bressane-Sabadin e Breno Samel

Idade?
Ambos temos 21.

Onde reside, onde começou a marca?
Residimos em Niterói, onde começamos a marca. Mas temos relações bastante próximas com São Paulo, que esteve presente ainda nos primeiros passos da Opus.

Qual a formação?
Breno faz faculdade de Design com ênfase em Moda.

Teo, com formação primária em Artes Visuais, faz dupla graduação em Cinema e Ciências Sociais. 

Quando começou a marca em si?Já tínhamos interesse na multidisciplinaridade do processo criativo, mas foi quando um começou a dar pitaco no trabalho do outro que se estruturou a Opus, ainda em 2022. Estávamos tão envolvidos nos projetos um do outro que foi um passo natural passar a assinar como dupla.

Como define o seu trabalho, sua estética, seu universo criativo?Nos inspiramos muito pelo nosso cotidiano e também por nosso ofício. Queremos discutir com as nossas coleções a roupa como estrutura, o que é a moda hoje e o que ela pode vir a ser. Estamos explorando suas fronteiras com outras disciplinas, como o cinema, a arquitetura, o paisagismo, a literatura, a música… O próprio nome Opus surge desse contexto: deriva de ópera, que é sua forma no plural, ou seja, um conjunto. Tem um pouco da filosofia wagneriana da Gesamtkunstwerk (obra de arte total) nisso tudo também, mas sempre situando onde entra o Brasil — precisamos abraçar nossa realidade.

Foto: Brett Banducci

Quais os materiais que costuma e/ou mais gosta de usar?
A gente gosta de trabalhar com tecidos naturais e fazemos questão de comprar os orgânicos e de pequenos produtores nacionais sempre que possível. Quando usamos algo sintético, optamos por aqueles feitos a partir de PET reciclado. Resgatamos muito tecido de descarte da grande indústria, também — são materiais em perfeito estado que iriam ao lixo.

Mas, para além do têxtil, criamos algumas peças únicas em madeira natural e estamos estudando incorporar outras matérias-primas nas produções da Opus, como chapas de aço inox, para dar um exemplo.

Quais os próximos passos?Explorar outros suportes, para além da roupa, que estabeleçam esse mesmo diálogo com a moda, como os arranjos florais que já fazemos. A relação mobiliário-roupa é certamente uma área de pesquisa e experimentação também. Estamos em um contexto tropical, temos matérias-primas únicas, culturas únicas e um legado em Design igualmente rico no nosso país. Independente de qual for o próximo passo, temos a preocupação de celebrar essa imensa bagagem ao fazê-lo.

Onde as peças podem ser encontradas?
Postamos nossas criações majoritariamente no instagram da marca e estamos aceitando as primeiras encomendas nesse mês de Maio. Algumas chegam a ir pro feed, mas peças únicas ou com tiragem limitada costumamos anunciar pelos stories, com mais detalhes das roupas e do nosso processo de ateliê.

Se tivesse que definir em uma palavra suas peças, qual seria?Opulência, claro.