Filtros e modas do Instagram: o que é bom, o que é ruim e o que é horrível
Saiba sobre o impacto dos filtros do Instagram nos usuários, como podem prejudicar a saúde mental e como você pode se proteger.

Saiba sobre o impacto dos filtros do Instagram nos usuários, como podem prejudicar a saúde mental e como você pode se proteger.
Inicialmente, os filtros do Instagram eram sinônimo de alterações de esquemas de cores e de iluminação, mudanças interessantes para alterar alguns estilos das fotos. Hoje, há inúmeras opções que inserem maquiagens e até criam alterações muito realistas na própria aparência dos usuários.
Os filtros são bastante atrativos para milhões de usuários, mas não são um consenso, nem de longe. E há muitas críticas contra os efeitos sociais e psicológicos negativos causados por eles.
Além disto, há a preocupação com relação ao respeito à privacidade dos usuários em redes como o Instagram, o que tem levado ao aumento do uso de apps VPN, por exemplo.
Filtros podem parecer recursos inofensivos, mas geram consequências no modo como os usuários lidam com o Instagram e, claro, com a própria imagem.
Eles ajudam a ressaltar pontos positivos e qualidades nas fotos, adicionam elementos interessantes, garantem um toque de leveza e até de humor e permitem explorar a imagem em outros níveis. Mas os filtros também têm gerado discussões sobre efeitos não tão positivos assim.
Ao invés de ressaltar pontos existentes ou mudar cores e tonalidades, os filtros estão cada vez mais alterando a própria percepção de imagem dos usuários. Agora, é possível praticamente alterar por completo a própria aparência física.
Pode parecer muito abstrato falar sobre o impacto dos filtros nos usuários do Instagram, e é por isto mesmo que alguns dados ajudam a ter uma noção mais concreta sobre o tema.
Por exemplo, pessoas na faixa dos 20 anos são mais adeptas do filtro com efeito “cat-eye” (ou “olho de gato”, aqui no Brasil), que afina e estica os olhos. E há também um aumento em processos estéticos que pode ter relação com esta cultura dos filtros, já que há mais pessoas (principalmente mulheres) que realizam procedimentos como o threadlift, que consiste no uso de Botox para levantar as sobrancelhas.
O filtro Hyperlapse, usado em fotos do tipo “antes e depois”, também parece causar uma maior procura em procedimentos estéticos de preenchimento facial com injeção com substâncias que causam efeitos rápidos.
Desde os anos 2000, houve um aumento de 71% em cirurgias de preenchimento labial, para tornar os lábios mais volumosos, o que é feito com uso de ácido hialurônico.
É claro que o aumento de procedimentos estéticos não é causado unicamente por filtros do Instagram e outras redes sociais, mas o efeito deles sobre a percepção de autoimagem é bastante estudado por especialistas.
Algumas campanhas surgem para motivar os usuários a ter um olhar mais positivo sobre a própria aparência e a não depender da validação externa nas redes sociais, assim como promover a reflexão sobre um uso mais saudável dos filtros.
A #SideProfileCheck é uma campanha que incentiva usuários a postarem fotos (marcadas com a hashtag) de perfil sem o uso de filtros que geram distorções na percepção da imagem. É uma forma de promover a aceitação de si e dos outros.
Já a #FilterDrop estimula usuários a postar fotos sem nenhum tipo de filtro com a intenção de propagar uma cultura menos “artificial” e de uma postura mais amistosa em relação às fotos como elas são e à nossa aparência como ela é.
A #FilterDrop é bem parecida com a #NoFilter, que tem basicamente o mesmo objetivo. Só que, ironicamente, cerca de 10% de todas as fotos postadas com a hashtag usam algum tipo de filtro.
Existe uma preocupação crescente em relação aos efeitos psicológicos que as redes sociais causam nas pessoas, especialmente nos mais jovens. E o Instagram não é uma exceção.
Além de uma hiperexposição, redes sociais como o Instagram aumenta a pressão pela busca de aceitação. Isto tem efeitos muito profundos no modo como os jovens percebem a si mesmos e o mundo ao redor.
Usuários mais jovens (principalmente os da geração Z) acabam sendo mais suscetíveis a estes impactos justamente porque vivem uma fase da vida marcada pela construção da própria personalidade.
Há um aumento no índice de distúrbios alimentares motivados pelas pressões estéticas, como o objetivo de ter corpos cada vez mais magros (especialmente em relação às mulheres).
Transtornos emocionais como ansiedade e depressão também são percebidos entre o público jovem. A diferença entre as imagens perfeitas e a vida real cria um senso de falta de identificação e de aceitação da realidade.
E, de acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, 41% dos jovens afirmam sentir tristeza, ansiedade e depressão decorrente do uso de redes sociais.
Existem também os impactos nas relações interpessoais, que ficam prejudicadas na medida em que as pessoas criam imagens e expectativas irreais em relação a si mesmas e em relação às outras pessoas.
Então, fica impossível competir com um mundo visualmente perfeito apresentado nas redes sociais e potencializado pelos filtros.
De acordo com uma pesquisa promovida pela empresa Toluna, 25% dos entrevistados afirmam que sentem ciúmes quando outras pessoas curtem as fotos de seus parceiros. Deles, 31% se preocupam sobre o quanto os parceiros se exibem nas redes sociais, e 27% dizem sentir ciúme quando os parceiros curtem fotos de outros usuários.
Apesar de não gerar grande parte destas questões, redes sociais como o Instagram e seus filtros acabam potencializando pressões sobre as relações.
Não se preocupe, não há apenas dados e informações preocupantes em relação ao Instagram. Ao que tudo indica, há o aumento do questionamento sobre pressões estéticas e uso de recursos como filtros nesta e em outras redes sociais.
Um dos prováveis indícios disto é o fato de que, ironicamente, o uso excessivo de filtros acaba gerando menos curtidas nas fotos.
É o que aponta um estudo feito pela Rowan University, que avaliou milhares de fotos (principalmente no estilo selfie) e concluiu que fotos extremamente artificiais recebem menos reações dos usuários, como likes e comentários.
Em contrapartida, fotos mais espontâneas (como no local de trabalho, na prática de um hobbie ou fotos de relacionamentos) e mais “naturais” recebem mais envolvimento do público.
Para muitas pessoas, as redes sociais são mais do que apenas interações online. Elas são cada vez mais meios de ganho financeiro e crescimento profissional. Então, abandoná-las pode não ser tão simples quando parece.
É importante refletir se vale a pena manter perfis em redes sociais e quais delas usar. E, em relação aos filtros, um olhar mais crítico e seletivo pode ser a melhor opção. Afinal, qual o limite entre valorizar sua imagem e acabar criando uma distorção em relação a ela?
Afinal, as redes sociais devem ser positivas e não uma fonte de pressão negativa. E muitas delas são um perigo não só à saúde mental, mas também à própria segurança e privacidade dos usuários.
Redes como Instagram, Facebook e TikTok são extremamente invasivas aos usuários. Limitar a exposição nestas redes ou usar um app VPN (que criptografa a conexão e garante mais privacidade aos usuários) são formas de reduzir este impacto negativo das redes sociais.