Fotografia de 1976 ©Helmut Newton/Reprodução
Provocativa e impactante, a fotografia de Helmut Newton é marcada pelo erotismo, pelo choque da opulência fantasiosa da moda à sensualidade, muitas vezes explícita, da figura feminina. As imagens criadas por Newton, com destaque para seu trabalho autoral e junto a “Vogue” francesa, ajudaram a introduzir o nu nas publicações de moda e a definir os padrões de beleza do século 20. A partir do dia 24 deste mês, o Grand Palais, em Paris, apresenta uma vasta retrospectiva com mais de 200 obras do fotógrafo alemão, falecido em 2004.
©Helmut Newton/Reprodução
Sob curadoria de June Newton, viúva do fotógrafo, a exposição no Grand Palais é um tributo à cidade que rendeu ao alemão suas imagens mais icônicas. Nascido Helmut Neustadter em 1920 em uma família judia de Berlim, Newton teve contato com sua sexualidade desde cedo: seu irmão mais velho o levou ainda pequeno às zonas de prostituição da capital alemã – tais experiências viriam a influenciar fortemente seu trabalho futuro e os estudos do corpo feminino que empreendeu e que alteraram o curso da fotografia moderna.
Em 1936, aos 16 anos, Newton conseguiu seu primeiro emprego: assistente da fotógrafa Else Neulander Simon, conhecida profissionalmente como “Yva”. A experiência, no entanto, não durou muito: em 1938, sob pressão do governo antissemita já em vigor na Alemanha, Simon fechou seu estúdio (e, posteriormente, morreu em um campo de concentração) e Newton mudou-se para Singapura, onde trabalhou como fotojornalista por um breve período no “The Strait Times”. Pouco depois, Newton foi para Melbourne, Austrália.
©Helmut Newton/Reprodução
Na Austrália, ele serviu ao exército do país durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e, findo o conflito, abriu seu primeiro estúdio fotográfico com o intuito de ganhar a vida na profissão que sempre sonhou. Neste mesmo período, o alemão conquistou a cidadania australiana e conheceu a atriz June Brunell, que, em 1948, tornou-se sua esposa e companheira de toda a vida. Apesar de conquistar muitos trabalhos locais e fotografar para a “Vogue” australiana, a carreira de Newton só foi decolar com a sua mudança para Paris, em 1961 (antes da capital francesa, Newton viveu alguns meses em Londres, onde colaborou com a “Vogue” inglesa).
Em Paris, Newton e sua esposa se estabeleceram no bairro boêmio do Marais. Na cidade, o fotógrafo conquistou um posto efetivo na “Vogue” francesa e, ocasionalmente, desenvolvia editoriais para a edição britânica da revista, além de colaborar com outras publicações como “Queen”, “Playboy”, “Harper’s Bazaar” e “Elle”. Nos muitos anos em que viveu na França, Newton criou imagens icônicas e aperfeiçoou seu estilo, contribuindo para a introdução de elementos eróticos e fetichistas na indústria da moda, até então relativamente dominada pelo tradicionalismo.
©Helmut Newton/Reprodução
Em 1981, já com muitos prêmios no currículo, uma nova mudança: Newton tornou Mônaco sua residência, mas durante os meses de inverno passava temporadas na ensolarada Los Angeles. A trajetória profissional de Helmut Newton manteve-se sempre ascendente, até seu falecimento em 2004, em consequência de um acidente de carro no famoso hotel Chateau Marmont. Após sua morte, June Newton, que também adotou a fotografia como profissão em meados da década de 1970 sob o pseudônimo de Alice Springs, criou na Alemanha a Fundação Helmut Newton para preservação do trabalho de ambos. Para esta retrospectiva no Grand Palais, June criou um curta-metragem em homenagem ao marido (“Newton by June”; veja o teaser abaixo).
Helmut Newton @ Grand Palais
Avenida Winston Churchill, 75008
Paris, França
24 de março a 17 de junho de 2012
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