Por Regiane Bochichi
Oficina de grafite com o artista Cusco no Movimento HotSpot em Porto Alegre ©Fora do Eixo
Neste fim de semana (27 e 28 de abril), Porto Alegre recebeu o Festival Movimento HotSpot de braços abertos. Mais de cinco mil pessoas participaram das atividades e visitaram a exposição dos 303 trabalhos selecionados.
Além da mostra, o público participou de atividades extras, bate-papos e passeios de bicicleta e até acompanhou o work in progress do artista plástico Cusco. Na sexta-feira, ele começou a pintar o baú de um caminhão. O trabalho foi finalizado no domingo e agora sua arte vai continuar a percorrer as ruas da capital gaúcha. Ele ainda participou de uma oficina de grafite com Ygor Marotta, apresentando em detalhes as técnicas que utilizam no processo criativo que resulta nas imagens criadas por Cusco e também nas projeções do duo VJ Suave, de Marotta e Cecilia Soloaga. A dupla usou o SuaveCiclo para fazer projeções na Usina do Gasômetro durante os três dias do evento e também participou de um passeio no sábado à tarde com o grupo PedAlegre.
Os 15 candidatos da categoria Ideia da região Sul apresentaram suas projetos à banca de jurados coordenada pela curadora Ilse Guimarães, na Casa de Cultura Mário Quintana. “O que me surpreendeu é que eu achava que o Festival do MHS iria gerar um certo trabalho para os selecionados e, na real, as atividades foram muito divertidas”, contou Guilherme de Souza Krauss, selecionado com o projeto “A Grande Escola – A escola das coisas que não se aprendem na escola”.
E não faltaram opções. No sábado à tarde, na Usina do Gasômetro, tivemos dois bate-papos, além da oficina de criatividade comandada por Marcelo Rosenbaum e a apresentação de Rodrigo Krug da primeiro impressora 3D fabricada no Brasil.
Marcelo Rosenbaum na super concorrida palestra do MHS em Porto Alegre ©Fora do Eixo
A primeira roda de conversa, “Ocupação do Espaço Público”, foi formada pelo curador da categoria Arquitetura, Marcelo Rosenbaum, mais Heloisa Medeiros, do Coletivo RUA, e Domicio Grillo, do Fora do Eixo, e lotou as 120 cadeiras da sala de cinema no Gasômetro. Rosenbaum falou do sentimento de pertencimento que o indivíduo deve ter em relação à cidade. “Precisamos entender que pertencemos a cidade”, afirmou. “Cidade é palco, é vitrine, é passarela, é galeria, moradia e ousadia” .
Depois do bate-papo, o arquiteto seguiu para o palco do Festival para falar a uma plateia de mais de 300 pessoas sobre o seu processo criativo. “Fiquei emocionado vendo essa integração e envolvimento da cidade de Porto Alegre com essa discussão”, comentou Rosenbaum. “O bacana do Festival é que é um formato novo, um evento novo, orgânico e que gera muitas conexões. A grande oportunidade aqui é a troca”.
Já a roda de conversa “Música: Circulação, Distribuição e Alternativas de Financiamento” contou com Ney Hugo (Fora do Eixo) e o curador da categoria, José Flávio Junior, e foi mediado por Augusto Mariotti, um dos organizadores do MHS. “O bate-papo foi interessante. A plateia foi formada basicamente pelas bandas que se apresentaram na etapa gaúcha. Ney Hugo, representando o Fora do Eixo local, jogou luz sobre as atividades da rede e as facilidades que os novos artistas encontram hoje com tantas opções de festivais e coletivos interligados”, comentou José Flávio. “Eu fui menos otimista, pois vários festivais médios e grandes estão em crise, segue muito caro se sustentar com uma banda nova e até um grande símbolo do Fora do Eixo, que é a banda Macaco Bong, da qual Ney Hugo fez parte, está ruindo: o baterista deixou a formação na última semana. Os tempos são nebulosos, o que só reforça a importância de uma iniciativa como a do MHS”.
Apresentação da banda Bidê ou Balde, que encerrou o evento ©Fora do Eixo
Aliás, a parte musical foi o forte da programação do Festival MHS. Na noite de sexta-feira, rolou a abertura com o Wannabe Jalva. No sábado e domingo, vimos as apresentações dos selecionados na categoria Música: Gustavo Cabeza, Les Savons Superfins, Watch Out For The Hounds, Giancarlo Rufatto, Dingo Bells, Musadiversa e Rádio Gump, que trouxe uma surpresa para o palco. A banda levou um ilustrador para criar um registro artístico daquela atmosfera realizado durante os 30 minutos da apresentação. A iniciativa inspirou a plateia e, depois dele, o público também colaborou criando mais ilustrações como um presente para o MHS.
“Tivemos selecionados tocando o mais puro folk, rock psicodélico, rock experimental, blues rock e até música erudita. O evento mostrou bem a pluralidade de estilos da região. Ainda é cedo para dizer isso, mas acho que teremos representantes da região Sul entre os cinco finalistas do MHS. O nível foi muito alto”, adianta José Flávio.
O evento foi encerrado com o show do Bidê ou Balde. O grupo irreverente seduziu o público, que cantou junto as 12 músicas apresentadas.