Mana Bernardes na instalação que criou no lounge da Ipanema e com a sandália assinada por ela ©Felipe Abe
A Ipanema apresentou nesta terça-feira (16.04) às 20h, no lounge da marca no Fashion Rio, o modelo Ipanema Do Mundo, produzido em parceria com a artista plástica Mana Bernardes especialmente para a temporada de Verão 2013/14. A sandália está disponível em oito cores, como prata, azul metálico, amarelo e turquesa. Na sola a artista imprimiu uma textura desenvolvida a partir de uma estampa digital de sua autoria e ainda um texto escrito por ela. O trabalho de Mana é super completo e engloba poesia, joias, e ações pedagógicas e terapêuticas através da arte. No lançamento, o FFW conversou com Mana sobre o processo de criação da sandália e também sobre o seu trabalho.
Como foi o processo criativo em conjunto com a Ipanema?
Eu faço joias de garrafa pet e trabalho com lixo. Já estou há três anos trabalhando com a Ipanema e o meu primeiro trabalho foi um workshop criativo sobre o bairro de Ipanema, em que criei um mapa sensorial do bairro com cores, texturas, sensações, formas e perfumes para a equipe criativa da Ipanema. A marca descobriu que esse processo era tão rico que eles acharam que era melhor eu fazer uma sandália inteira. E foi o máximo, a empresa respeitou perfeitamente todo o meu processo poético e eu consegui desenvolver uma sandália que é 30% reciclada e 100% reciclável com textura desenhada por mim, uma mistura entre manual e industrial, e com um poema na sola.
A sandália criada por Mana Bernardes ©Felipe Abe
Você também é poeta?
Os manuscritos sou eu que escrevo. Eu tenho um livro que chama “Mana e Manuscritos”, que tem mais de 300 textos, todos escritos por mim.
O seu trabalho tem uma parte sustentável, você trabalha com garrafas pet e latinhas…
Eu acho que o mais importante do meu trabalho não é ele ser sustentável, é ele ser um trabalho poético. Sustentável para mim é sustentar a minha poesia, sabe? Então acho que muito mais do que um processo sustentável, consigo fazer um processo lúdico, poético, divertido, acho que isso é muito importante.
Você tem uma parte do seu trabalho que chama de Arte Terapeuta. Em que consiste?
Eu desenvolvi uma metodologia própria chamada “História de vida através do objeto e história do objeto através da vida”. Na verdade eu tenho uma história de vida muito forte, comecei a fazer colar com sete anos e com doze já vendia para várias lojas. Durante a minha infância eu tive um problema de saúde muito forte e tive que fazer uma cirurgia, o que fez com que aprofundasse o meu trabalho muito cedo. Aos 14 comecei a dar aula, uma oficina de colares para adolescentes em um projeto social. Depois de muitos anos eu percebi que o mais importante não é chegar para ensinar e sim chegar para dar ouvido, para ouvir as pessoas. Então é uma metodologia em que o processo começa comigo ouvindo as pessoas e as suas histórias de vida.
Quais são as suas inspirações?
Eu sou carioca então busco muita inspiração na natureza e sou muito ligada na questão da vida como matéria-prima, de respirar, estar vivo, do encantamento que é nascer, brotar. Para mim é muito importante a conexão com essa origem.