Narciso Rodriguez em entrevista ao FFW ©Ricardo Toscani/FFW
Já havíamos contado tudo sobre a carreira do estilista americano de ascendência cubana Narciso Rodriguez. Em visita ao Brasil, ao lado de Nathalie Helloin-Kamel, vice-presidente da Beauté Prestige International, para o lançamento da fragrância “for her”, em versão de edição limitada “for her delicate”, Narciso conversou com o FFW sobre o processo criativo das suas fragrâncias, as suas inspirações e influências latinas e a sua estreita ligação com o Brasil.
De notas atemporais florais e amadeiradas, o perfume “for her delicate” pretende, segundo o próprio designer, “capturar a graça e a beleza inerentes na mulher de uma maneira clássica e moderna”. As suas fragrâncias, tanto femininas quanto masculinas, já foram aclamadas com vários prêmios de perfumaria, como o British FiFi para melhor fragrância em 2003. Já a sua versão masculina “for him” recebeu em 2008 o Grand Prix du Parfum como melhor fragrância masculina.
Os lançamentos “for her delicate” nas versões eau du parfum (R$ 340 – 75ml) e eau de toilette (R$ 330 – 75ml) ©Divulgação
Leia abaixo a entrevista feita com o designer durante a sua estadia no Hotel Unique, em São Paulo:
Quais as diferenças no processo criativo entre criar roupas e perfumes?
Roupa eu faço com as mãos e fragrâncias eu imagino. É um processo muito interessante e muito diferente. Quando tenho uma ideia para um vestido, penso nele, desenho, trabalho no manequim… Quando trabalho com fragrâncias é mais um sentimento abstrato e emocional porque o que eu penso é qualquer coisa sensual ou sexy, light ou bonito, que quando você explica pode não significar a mesma coisa para a pessoa que está fazendo o perfume. É uma maneira diferente e interessante de trabalhar, mas parte do mesmo processo criativo. Tem que sonhar com algo muito bom.
A sua participação no processo criativo então é sonhar com a fragrância?
Sim, essa é a parte que me cabe.
Em seus desfiles e coleções, as mulheres são sempre muito femininas, com pouca maquiagem e impecáveis. Como é a mulher Narciso Rodriguez na sua essência?
São mulheres urbanas, muito sofisticadas, que viajam e têm pensamentos (risos). Elas se vestem porque amam a beleza de se vestir, usam perfume porque amam a beleza de uma fragrância, é uma mulher confiante na qualidade das coisas que ela gosta de usar, não é presa a tendências de moda. Ela tem um espírito independente.
Você tenta dar poder a esse espírito?
Eu acho que as pessoas trabalham de maneiras diferentes, mas eu tento colocar as mulheres em um lugar de destaque onde elas se sintam bem não importa se for em um vestido que compraram há 10 anos ou agora.
As fragrâncias “for her” nas versões eau de toilette (R$ 297 – 50ml) e eau du parfum (R$ 319 – 50ml) ©Divulgação
Você foi eleito pela revista “Time” como um dos hispânicos mais influentes da América. O fato de ser hispânico, uma cultura tão forte na América, influencia as suas criações ou a sua carreira?
Sim, eu sou muito cubano, muito brasileiro, muito latino e sou muito americano também. A minha herança cultural e todas as mulheres latinas fortes que me rodearam enquanto eu crescia e as mulheres que me rodeiam aqui no Brasil, a minha segunda casa, desempenham um papel muito importante no que eu crio. Eu acho que elas inspiram as minhas criações e essa é a parte do meu trabalho que é latina. O amor pelas mulheres, esse lado sensual de celebração das mulheres.
Em 2004 você criou uma coleção inspirada na Marisa Monte. Também possui uma casa na Bahia, ou seja, tem uma relação com o Brasil há muito tempo…
Sim! A Marisa é uma pessoa muito inspiradora e faz muitos anos que tenho uma casa na Bahia. Amo o Brasil e venho muito para cá.
De onde vem essa paixão pelo Brasil?
Eu não sei. Eu lembro a primeira vez que fui ao Rio de Janeiro e ao Corcovado, olhei para baixo e vi tudo aquilo. É tão espetacular quando você vê o Rio dessa altura. A geografia é linda, parece um quadro ou uma foto, você nem nunca imagina como algo consegue ser tão bonito. E eu lembrei nessa situação que quando eu era criança, não sei por que, fiz um projeto gigante sobre o Brasil, onde pintei o contorno do país e pesquisei todas as coisas que eu achava que seriam incríveis no Brasil e grudei lá nesse quadro. Era o meu sonho visitar o Brasil. E foi uma sensação maravilhosa estar ali, em um lugar tão incrível e ter essa revelação “meu Deus, este era o meu sonho, estar aqui!”, e eu não sei, este país durante os anos se tornou uma parte tão grande da minha vida, por causa da música e das experiências que tive aqui, que me considero meio brasileiro.
Tem planos de abrir lojas aqui?
Seria ótimo, né? Tem uma energia muito boa aqui agora, muita coisa acontecendo na moda brasileira e seria uma evolução natural a minha marca estar mais presente.
Você acabou de desenvolver uma coleção cápsula para a Kohl’s. Como você percebe o mercado de fast-fashion?
É muito interessante porque eu não sou fã de fast-fashion, e o que eu tentei fazer com a colaboração com a Kohl’s foi pegar o meu trabalho e traduzi-lo em um produto que estivesse disponível para muitas pessoas. No final do dia, se você cria qualquer coisa, você quer que as pessoas a usem, que a queiram ter, que a amem e que a guardem para sempre. Então uma das charadas para esta coleção, que é muito acessível, era que fosse muito bem feita. Que a qualidade fosse muito importante para quem a fosse fazer. Foi um processo interessante porque foi uma lição: se você reservar um pouco mais de tempo, consegue criar moda acessível muito bem feita e disponível para todos. Estou muito ansioso com o lançamento, que acontece dia 1° de novembro. Também foi um projeto muito divertido de trabalhar, fomos à Istambul para buscar inspiração, criamos uma coleção e não tivemos nenhuma dor de cabeça de confecciona-la. (risos)
Podemos esperar colaborações com outras marcas da fast-fashion?
Ah… isso é um segredo. (risos e suspense no ar)
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