Of Montreal faz sua segunda apresentação no Brasil no Cine Joia ©Juliana Knobel/FFW
Nesta terça-feira (26.06) o Popload Gig trouxe ao Brasil a banda americana Of Montreal para o seu segundo show no país (o primeiro foi em 2010, durante o Planeta Terra). Quando se lança um álbum e se faz um show sem tocar nenhuma música deste, é possível levantar algumas questões. O fato é que o novo álbum é excelente, no entanto razoavelmente difícil de escutar. O vocalista, fundador e compositor Kevin Barnes se afundou de vez – no bom sentido – no universo progressivo experimental dark. Com músicas de letras pesadas e extremamente pessoais, a maioria com mais de sete minutos de duração e longos trechos instrumentais, sem refrãos animados e dançantes, o novo álbum parece ter sido feito para ser escutado sentado e com fones de ouvido, o que não é bem o perfil dos fãs do grupo. No entanto, o mais provável é que a banda quis causar uma boa impressão já que esta foi apenas a segunda vinda ao país. Apesar disso, é possível que pouquíssimas pessoas tenham notado a ausência das novas músicas.
Durante “The Party’s Crashing Us”, bexigas foram jogadas ao público e a festa começou ©Juliana Knobel/FFW
Assista à conversa do FFW com Kevin Barnes:
Começando com o hit “Suffer for Fashion”, do “Hissing Fauna, Are You the Destroyer?” (2007), o público já se rendeu, pulando e cantando o refrão. Com um vocal perfeito e em clima de espetáculo com as projeções nas paredes e teto, dançarinos subiram ao palco com bexigas e as jogaram na plateia ao som de “The Party’s Crashing Us”, seguida pela fantástica “Forecast Fascist Future”, as duas do “The Sunlandic Twins” (2005). Em seguida, quebrando o ritmo e acalmando os ânimos, o grupo tocou “Coquet Coquette” e “Cato as a Pun”; todos gostaram, obviamente, mas era possível contar nos dedos as bocas que estavam cantando a letra corretamente.
Um verdadeiro espetáculo da banda com as projeções do Cine Joia ©Juliana Knobel/FFW
Misturando músicas de praticamente todos os álbuns de sua carreira, a banda seguiu com clássicos como “She’s a Rejecter”, “Bunny Ain’t No Kind of Rider” e “Wraith Pinned to the Mist and Other Games”, que, por sinal, é consideravelmente mais pesada ao vivo. Para fechar o show, Kevin Barnes escolheu a música da transformação, “The Past is a Grotesque Animal”, em que torna-se George Fruit, seu alter-ego à la Ziggy Stardust. Mas é claro, sempre há o bis. Com duas músicas do “Hissing Fauna”, “A Sentence of Sorts in Kongsvinger” e “Heimdalsgate Like a Promethean Curse”, a banda termina o show, seguido de aplausos e euforia da plateia.
Contido no começo, Kevin Barnes soltou-se ao longo do show, chegando até a ficar sem camisa ©Juliana Knobel/FFW
Com bexigas, confetes de papel, dançarinos fazendo intervenções surreais a cada duas músicas, mosh de Bryan Poole em meio a um solo – com a guitarra e tudo –, e Kevin Barnes ora com, ora sem camisa, o Of Montreal não deixou a desejar no quesito espetáculo. No aspecto técnico foram impecáveis, apesar de alguns segundos de atraso por conta de uma falha no microfone e também na guitarra de Kevin. Fora isso, não desafinou em momento algum e a banda executou com excelência suas músicas. Da casa, não há como falar mal, o Cine Joia é o ambiente perfeito; com o som equalizado, infraestrutura organizada e belíssimas projeções 3D mapping na parede. Como única ressalva, o evento contou com a primeira transmissão ao vivo pelo YouTube, portanto haviam homens com câmeras acabando com a visão de quem tentou ficar cara a cara com a banda na frente do palco. Mas em nada isso – ou qualquer coisa – atrapalhou o excelente show.