A estilista Alessa Migani pouco antes de seu desfile de 10 anos ©Juliana Knobel/FFW
O último desfile do primeiro dia (22.05) de Fashion Rio foi uma verdadeira celebração. A Alessa, da carioca Alessa Migani, comemorou nesta temporada 10 anos de existência. Para a ocasião, a estilista revisitou conceitos e materiais do início de sua carreira, mantendo, é claro, a já conhecida brasilidade que a define. Intitulada “Top 10”, a coleção foi desenvolvida como um tributo à história da marca, bem como uma confirmação irrefutável da paixão de sua criadora pelo ofício que adotou.
No entanto, não são apenas as cores e texturas das peças idealizadas por Alessa que distinguem esses 10 anos. A extroversão da estilista ao falar com a imprensa e, principalmente, ao agradecer o público nos finais de seus desfiles é algo sempre lembrado – talvez quase como um atestado de “carioquice” da marca. Em meio à ansiedade e à balbúrdia habituais do backstage, o FFW conversou com Alessa, que contou um pouco sobre a coleção de Verão 2013 e a alegria tão inerente a tudo que faz. Confira abaixo:
O que foi desenvolvido de especial para esta coleção de 10 anos de Alessa?
Esta temporada, comemoramos 10 anos da Alessa. A coleção vem com um pouquinho do retrô de quando eu comecei, trouxemos o chitão multicolorido assinado e o preto e branco, que é uma novidade. Foi com o material que eu comecei, fazendo alfaiataria, ternos, ele vem de novo, mas dessa vez assinado. Todas as estampas que a gente fez em laise, material que já vem com bordado, com uma bagagem artesanal, criaram uma textura super gostosa e nova para mim; cada vez que eu recebia um tecido estampado foi muito inspirador para eu começar as modelagens, que são bem simples, de verão mesmo. Tem capas de chuva de laise, vestidos longos com babados e muita camisaria e alfaiataria.
O board com quase todos os looks do Verão 2013 da Alessa ©Carla Valois/FFW
A Alessa tem uma estética bem brasileira e suas peças exalam alegria, assim como você. Como você sente isso ao longo desses 10 anos?
Foi muito aprendizado porque há 10 anos eu era diretora de criação em agência de propaganda, então, de repente, a moda me abraçou e eu me transformei em estilista. De publicitária para estilista e eu acho que, até hoje, tenho no meu DNA a brasilidade que todo publicitário tem, afinal a criatividade faz parte do DNA brasileiro. Acho que o bacana é que hoje, quando eu vejo o que eu faço, percebo realmente essa bagagem. Sempre exportei a minha criação publicitariamente e agora através da moda – continuo fazendo o que fazia, só a mídia é diferente.
Você passa essa alegria de forma bem clara, especialmente nos seus agradecimentos.
Sou realmente a típica brasileira, ou melhor, a típica carioca. Gosto muito de passear de manhã na areia, pertinho do mar, ir até o arpoador e dar um mergulho, isso vai relaxando a gente. Fiz 15 anos de balé clássico, adoro sambar, desfilo na Sapucaí, então nos momentos mais felizes o corpo mostra. A passarela, para mim, é o momento em que meu corpo mostra uma felicidade, um jogo de cintura que tem que ter mesmo para estar na passarela…
Eu sempre fui extrovertida; meu trabalho é moda, mas antes de tudo é arte, é o que eu sou, é autoral, quem olha a roupa que eu crio sabe de onde veio. Cada vez que eu coloco algo na passarela, é algo que eu gosto e penso, talvez por isso essa identidade de carioca. Claro que tenho o lado profissional, muito sério e perfeccionista, mas tem também o lado que vai extravasar isso tudo, e é o que acontece no final dos desfiles. Quando eu entro [na passarela] não dá vontade de sair mais!
As comemorações sempre marcantes de Alessa Migani; Fashion Rio Inverno 2012 e Verão 2012, respectivamente ©Marcelo Soubhia/Agência Fotosite
Você sente que essa extroversão tornou-se sua marca e, consequentemente, a da Alessa?
A felicidade é uma marca registrada da Alessa, sim. Está no DNA da marca e não tem como sair, por mais difícil ou trabalhoso, afinal há 10 anos eu mudei de profissão… eu não sabia fazer nada disso, foi muito empenho! Acredito até que agora é um marco zero porque tenho muito que aprender ainda, e acho que criatividade é isso, você sempre começa do zero. Sem fazer o que a gente gosta não se vai adiante.