Johnny Depp, Michael Rispoli e Giovanni Ribisi em cena de “Diário de um Jornalista Bêbado” ©Reprodução
Em “Diário de um Jornalista Bêbado” (“The Rum Diary”), que entra em cartaz nesta sexta-feira (20.04) nos cinemas brasileiros, Johnny Depp interpreta, pela segunda vez em sua carreira, um personagem que, na realidade, é alter ego do escritor e jornalista americano Hunter S. Thompson (1937-2005). O filme, dirigido e roteirizado pelo britânico Bruce Robinson, é uma adaptação do romance homônimo publicado em 1998, mas escrito no início da década de 1960, quando o polêmico criador do “jornalismo gonzo” (estilo jornalístico em que o narrador participa ativamente dos fatos e abandona suas pretensões de objetividade) tinha apenas 22 anos.
– Trailer de “Diário de um Jornalista Bêbado”:
O filme é mais do que apenas um novo papel para Depp. O ator, que também é produtor do longa, foi amigo e conterrâneo de Thompson (ambos nasceram no Kentucky, estado na região sudeste dos Estados Unidos), bem como grande admirador de sua obra. A turbulenta vida do jornalista, retratada através do véu da ficção em seus livros – com destaque para “Medo e Delírio em Las Vegas”, lançado em 1971 e adaptado para o cinema em 1998 por Terry Gilliam (com Depp como protagonista), e do próprio “Diário de um Jornalismo Bêbado” – reflete não apenas a personalidade meio niilista do americano, mas o espírito da época em que iniciou sua atividade profissional.
Pôsteres de “Diário de um Jornalista Bêbado” ©Reprodução
A trama gira em torno de Paul Kemp (o já mencionado alter ego de Thompson), um jornalista americano que se muda para Porto Rico na virada da década de 1950 para 1960 após conseguir um emprego no “The San Juan Star”, veículo local escrito em língua inglesa. Lá, Kemp se depara com uma realidade completamente distinta da ordem estabelecida em seu país de origem: pobreza, corrupção e muito, mas muito rum. Na redação onde trabalha, é o caos e os excessos que imperam: o editor, Lotterman, vivido por Richard Jenkins, é um neurótico que reprova a publicação de notícias que atrapalhem o turismo, enquanto os colegas Moberg (Giovanni Ribisi) e Sala (Michael Rispoli) tornam-se companheiros de noitadas regadas a álcool e baderna.
Há ainda Hal Sanderson (Aaron Eckhart), um charmoso “mau caráter”, e Chenault (Amber Heard), única personagem feminina de destaque e que abre espaço para uma sub trama românica no filme. Apesar do estado de alopração alcóolica em que se encontra em boa parte do tempo, Kemp é ainda um jornalista crente e, até certo ponto, ingênuo que se vê em um dilema interno entre fechar os olhos para a realidade local ou aderir às falcatruas de figurões, além de questionar-se com frequência sobre sua capacidade (a eterna busca por sua “própria voz”).
Johnny Depp, como Paul Kemp, alter ego de Hunter S. Thompson ©Reprodução
Com boas doses de humor e ironia, o longa-metragem apresenta também uma cinematografia fantástica, mérito de Dariusz Wolski, diretor de fotografia, e da natureza sedutora de Porto Rico. “Diário de um Jornalista Bêbado” é um tributo de Depp a Hunter S. Thompson e ao modo pioneiro (e até espontâneo) do americano de fazer jornalismo, convertendo-se em mais que um mero espectador dos fatos, o que, no fim, acabou se tornando sua peculiar voz.
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