Lembra de quando o FFW contou sobre o investimento agressivo da LVMH, que comprou um total de 20,21% das ações da Hermès? À época, a Hermès aguardava aprovação da AMF, agência que controla o mercado financeiro da França, para criar uma holding própria com mais de 50% das ações com direito a voto da companhia e, assim, se proteger de novas investidas da LVMH.
Pois a decisão acaba de sair, e a família Hermès foi autorizada a criar essa holding sem ter que lançar uma oferta pública. Isso significa que o grupo LVMH terá mais dificuldades para conseguir uma participação significativa no capital da Hermès e, consequentemente, terá menos chances de tomar o controle da empresa.
Especialista em mercado financeiro, o professor Sergio Sayeg* explica: “Companhias com ações em bolsa, como é o caso das duas, têm uma distribuição dessas participações em vários pedaços. 50% + 1 de uma companhia, em princípio, permite que o detentor desse bloco tenha a possibilidade de administrar a empresa e consequentemente, de liderá-la, às vezes com autonomia e às vezes tendo acompanhamento, na administração, de representantes de outros investidores que sejam os proprietários dos outros 49% restantes. Eu tenho metade + 1, então eu ganho a eleição, para, por exemplo, escolher os dirigentes da empresa, decidir pela compra de outra empresa, decidir pela venda de um pedaço da empresa, para fazer investimentos no Brasil. Essas decisões são feitas normalmente por quem detém a maioria, e a maioria é 50% + 1”. Ou seja, ele continua, “em tese, a obtenção de um acordo de acionistas sólido e de longo prazo, que englobe pelo menos 51% do capital votante de familiares Hermès por meio dessa nova holding, pode representar um desestímulo para novas investidas da LVMH”.
*Sergio Sayeg é conselheiro de administração e conselheiro fiscal certificado pelo IBGC, consultor empresarial e professor da Fia, do Ibmec-RJ e do Insper
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