Rolou neste sábado (20/11) a edição 2010 do festival Planeta Terra, no parque de diversões Playcenter, em São Paulo, capital. Com mais de 22 mil ingressos esgotados quase 2 meses antes do evento e disputados aos tapas na última semana, o lugar estava mais cheio do que nunca, apesar do line up formado principalmente de bandas indie. O portal FFW viu vários dos shows_ leia as resenhas e veja mais fotos na sequência!
HOLGER
Grupo paulistano que lançou seu primeiro disco, “Sunga” e faz parte do núcleo ao redor das baladas Neu Club/ Milo Garage, o Holger tocou seu rock. A banda está cada vez melhor ao vivo _rock enérgico, falsetes intensos e foco na percussão_ e também parece cada vez mais com o Vampire Weekend. No todo, é um show divertido, positivo: com destaque para “Caribbean Nights” e “Let ‘Em Shine Below”.
NOVOS PAULISTAS
Formado por Thiago Pethit, Tulipa Ruiz, Tiê, Tatá Aeroplano (Cérebro Eletrônico) e Dudu Tsuda (Jumbo Elektro), os novos paulistas representam um grupo de músicos que colaboram entre si, tocam nas bandas uns dos outros, dividem repertório e ideias. Com pouco mais de uma hora, o set foi dividido entre faixas da carreira solo de cada integrante.
A apresentação começou bem com “Nightwalker”, rock melindroso de Pethit _que vestia Herchcovitch_ e atingiu seu ápice em “Pedrinho”, de Tulipa Ruiz e seu vocal poderoso. Tiê, de meia-calça e camiseta da Tina Turner, cantou de voz e violão mas segurou a atenção do público com seu carisma. A experiência de todos em palcos pequenos atrapalhou: havia um desconforto geral. E se na criação o grupo é unido, no palco o entrosamento é pouco _faz falta ouvir um repertório da banda em si.
OF MONTREAL
Suis generis é o termo que melhor define o Of Montreal. Liderado pelo insano vocalista Kevin Barnes, que subiu ao palco de legging roxa, uma saia/frente única transparente sobre forro de jumbo dots, peruca e maquiagem pesada, o grupo é um mix de Secos e Molhados com Prince, passando pelo rock-psicodélico dos anos 1970 e o farofa dos 1980. Abriram a apresentação com “Coquette Coquette”, um robô no palco e dançarinos de collant prateado.
O setlist, mais centrado em hits e faixas conhecidas, surpreendeu e agradou ao público _formado por animadas meninas usando maquiagem de glitter e meninos indies modernosos. Entre os melhores momentos, marcados por dancinhas, dançarinos diversos no palco e nadando sob o público, ficam as faixas “The Party’s Crashing Us” e “Wraith Pinned to the Mist and Other Things”, com o refrão escapista: “Let’s pretend we don’t exist“, cantado em coro sob o por-do-sol.
MIKA
Sem querer reduzir o artista à sua sexualidade, Mika fez jus a origem do termo “gay”: foi um show alegre, tanto no palco quanto na plateia. Evocando Freddie Mercury no figurino (camisa e calça brancas com casaco navy azul-marinho, mais sapato de glitter dourado) e Michael Jackson nos passos de dança, ele abriu seu set “Relax, Take It Easy”. A decepção foi perceber que seu famoso falsete foi dublado com bases pré-gravadas e a ajuda de uma backing vocal.
Assim seguiu, hit após hit, com o público em coro sem se importar muito. Mika só chegou a cantar mais para o final do show, dando preferência às notas graves e arriscando um agudo aqui e ali. Foi uma apresentação definitivamente animada, que estremeceu o Playcenter em “Grace Kelly”, no final, e “Love Today”.
O campeonato de Rock Band foi uma das atrações mais concorridas entre os brinquedos do evento _e o momento ficou com uma rendição época de “Say It Ain’t So”, do Weezer, por um frequentador. Quem sabe faz ao vivo _já diria o Mika.
PHOENIX
Nada foi tão interessante no show do Phoenix quanto o boato de que o Daft Punk participaria dele. Infelizmente, a dupla francesa de música não passou pelo Brasil _atualmente, os 2 estão focados no lançamento do filme “Tron: Legacy”, do qual assinam a trilha sonora. Então subiram os 4 garotos esquálidos liderados pelo vocalista Thomas Mars, entoando o hit “Liztomania”. Era, sem dúvida, a banda que arrastou o maior público ao palco principal até então _resultado da aparição de suas canções em seriados de TV, alta rotação em rádios e na MTV.
É uma banda competente, mas o repertório é repetitivo; com exceção do momento em que Mars foi até a plateia, não houve muita diferença no bloco de “Run Run Run”, “Armistice”, “Girlfriend” e “Consolation Prizes”. Terminaram com outra faixa famosa, “1901”.
HOT CHIP
A primeira visita do Hot Chip no Brasil, no Tim Festival de 2007, foi marcada por problemas de som e falta de público. Na época, eles só haviam lançado os antológicos “Coming On Strong” e “The Warning”. Hoje estão no quarto disco de estúdio, uma carreira sólida e com um repertório para shows bem mais consistente: deram destaque para as faixas de BPM acelerado, com destaque para as do álbum mais recente, como “One Life Stand”. De longe, o show mais maduro, quente e lotado do Indie Stage.
PAVEMENT
Banda para fãs, show para fãs. Ícones verdadeiramente indies dos anos 1990, o Pavement tem um séquito de fãs que os acompanha, e foram esses fãs que fizeram do seu show uma melhor apresentação. Gente com lágrimas nos olhos, cantando todas as letras e vestindo camisetas com o nome ou versos de músicas do grupo.
Aos 50 anos, Stephen Malkmus não tem mais a juventude, mas mantém o charme desencanado; o mais animado era o percussionista Bob Nastanovich, gritando no microfone e andando pelo palco. Ficaram na cabeça os hits “Date With IKEA”, “Cut Your Hair” e “Range Life”.
SMASHING PUMPKINS
Vestindo uma camiseta com a legenda “Nature” (Natureza), Billy Corgan subiu ao palco ovacionado, de braços erguidos como um pastor, exibindo seu ainda assustador semblante. Como um vampiro, ele suga a juventude da sua banda, toda 20 anos mais nova.
E funciona: Billy não parece ter envelhecido mais que 5 anos, embora tenham se passado 22 desde a formação original (e histórica) do Smashing Pumpkins. Apesar de criticar o Pavement por “olhar para o passado”, é no passado que está a glória e a memória dos fãs, que foram pacientes com o vocalista ao esperar, a cada 3 músicas recentes (ele lançou em 2010 o álbum de 44 faixas, “Teargarden by Kaleidyscope”) um hit dos anos 1990.
O primeiro foi “Zero”. Urros na plateia, guitarras pesadas. Mais músicas novas, solos de guitarra, Billy lançando olhares de reprovação em direção da baixista Nicole Fiorentino. Então, o inconfundível riff de guitarra de “Today”. Mais lágrimas na audiência. Mais um bloco de músicas novas, mais comprido. No final, recompensou seus fãs com “Tonight Tonight” e seguiu em um bis interminável e solos de guitarra.
GIRL TALK
O clima de festa entre amigos imperou na última apresentação do Indie Stage. Especializado em mashups e samples, o DJ Girl Talk faz uma salada pop de todas as épocas. O set _que parecia estar parcialmente pronto_ deu chance à Greg de festejar com uma máquina de propulsão de papel higiênico/picado, chamar parte dos fãs para subir no palco e subir em cima da mesa de som. Teve de tudo: Michael Jackson, Kylie Minogue, Stevie Wonder, Madonna, tudo dentro de um liquidificador até você não saber mais o que é o quê. Pudera todo DJ fosse tão preocupado em divertir seu público…