FFW
newsletter
RECEBA NOSSO CONTEÚDO DIRETO NO SEU EMAIL

    Não, obrigado
    Aceitando você concorda com os termos de uso e nossa política de privacidade
    “O que importa é soltar a franga”, diz Cibelle em exclusiva
    “O que importa é soltar a franga”, diz Cibelle em exclusiva
    POR Redação

    3879324634_3b52a24318

    “A Sonja Kallecalon existe”, afirma Cibelle com firmeza na voz. “É tropicália mais Frida Kahlo mais Sophie Calle mais kanecalon, o cabelo falso”. E o que a Sonja está fazendo agora?. “Manicure e massagem exótica”, responde a cantora, agora dando risada. Em entrevista de pouco mais de uma hora por telefone, direto da sua casa em Londres, Cibelle confessou ao FFW que está cansada de carão e que resolveu soltar a voz, o cabelo, a franga e o guarda-roupa.

    Ela lança no final de julho (no Brasil) o disco “Las Venus Resort Palace Hotel” (ST2) [leia a resenha] e embarca em turnê pela Europa com sua banda, os Los Stroboscopious Luminous (ou The Sharks), com a promessa de apresentações por aqui. “Quero muito fazer isso acontecer. Tem negociações rolando para um show em outubro”, explica.

    Confira:

    Qual é a principal diferença do novo disco em relação aos anteriores?
    Eu estou mais soltinha. Dou uma boa abravanada. Nesses quatros anos eu trabalhei muito com desapego, estou menos racional, mais… soltinha, mesmo. [risos]

    De onde vem o conceito de exótica? Você declarou que foi chamada de exótica por muitos anos…
    Sim. Todo mundo no fundo é exótico, diferente. Gastamos a nossa enegria tentando nos adaptar às outras pessoas, sociedade, grupinhos, tentando ser isso e aquilo. Uma hora eu pensei: “Chega!”. Eu sou meio bacageceira, gosto de coisa trash, de exagero. Cheguei à conclusão de que então tá, a minha vida é essa então.

    Nada de ser cool, então?
    Cool de c* é… [risos]

    Mas você mora em Londres.
    Moro East Town, Londres, cercada por um bando de gente fazendo a linha, sabe? Fico pensando: “Gente, não precisa fazer essa cara”. Eu queria transmitir esse lance: estou soltando a franga, quem quiser soltar comigo que venha.

    Como você transmitiu essas ideias para os seus músicos, colaboradores?
    Mais do que tentar transmitir eu só trabalhei com quem estava nessa vibe,  ou quem estava, assim, meio precisando se soltar [risos]. Trabalhamos em casa, num estúdio cheio de plantas, paredes vermelhas, foi bem legal.

    A que exatamente você era presa?
    Todo mundo é preso a alguma coisa. Um dia você decide que é uma pessoa que usa cabelo de tal jeito, com tal personalidade. Artisticamente falando [essa descoberta] foi incrível, estava muito mais relax para fazer arte. Me desapegar da expectativa das pessoas, da dúvida de “vai funcionar?”. Funcionar para mim é estar espiritualmente contente.

    cibelle

    A capa do disco é linda. Quem fez?
    Direção de arte e maquiagem fui eu mesma. O cenário fiz com assistência da Thais Mol, e a foto é do Sócrates Mistsios, um artista absurdo. Ele não sai por aí mostrando o seu trabalho, você tem que achá-lo.

    Quanto tempo e quantos lugares para gravar o disco?
    São Paulo, Londres, Berlim, Canadá, Los Angeles, Bélgica. Porque é a galera que eu amo, e que está em vários lugares do planeta. Tive que ir pra Berlim, trabalhar com algumas pessoas no Canadá, ou em Los Angeles, ou o [guitarrista Fernando] Catatau em São Paulo.

    Você sempre faz covers e tem quatro deles no novo álbum. Como você escolhe essas músicas? Qual é a intenção?
    Eu adoro, quero fazer um disco inteiro de covers. Eu não trabalho com curadoria! O coração que pega. A música gruda em mim, fico cantando o dia inteiro. Mas não tento nada, só me divertir.

    1dressed - Cibelle, 19-05-2010 La [2] Apolo

    Como esse conceito de “cabaré pós-apocalíptico” se transfere para o palco?
    Parece que um monstro passou numa loja de tecidos, comeu tudo e depois vomitou no palco. Estou adorando essa coisa de cenografia, que aprendi com a galera abravanada. Aquilo foi incrível para mim em matéria de instalação. Ver o Rick [Castro] trabalhar. Tenho uma mala cheia de panos, colagens, a cabeça do Warhol numa dançarina de Hula, enquanto a banda ensaia eu vou montando palco.

    E o palco a gente faz como se fosse o show de cabaré. Começa com “Welcome” e termina com “Bye-Bye”. É tudo muito quente, somos bagaceiros: uma mistura de Rita Cadillac com Xuxa com Cicciolina [risos].

    E o figurino?
    Compramos coisas no caminho, tudo meio trash. A banda é toda soltinha, os meninos se pintam. Ontem eu estava de meia calça cheia de buracos e collant com um robe de seda meio destruído. Tem dias que uso um collant de renda rosa com biquíni e silver tape [risos].

    Você se soltou bastante nos vocais também…
    Eu nunca fui muito fã de cantar em estúdio, gosto de cantar para compor. Tem um pouco de pós-produção mas quase nada, só distorção, essas coisas. O que importa é a vibe. Vale mais ter uma voz ou outra que ficam no limite, do que um vocal perfeitamente gravado mas com a emoção de uma porta. Você ouve gravações da Elis Regina e tem alterações vocais, tipo notas flat [bemol].

    O que você buscava em Londres quando foi morar aí?
    Na época, ou eu saía do Brasil ou eu não conseguiria viver de música. As pessoas tinham uma mania de subestimar o público e dizer que as pessoas não iriam entender [o trabalho]. Mas música é para sentir, para o coração. O pessoal me achava meio gringa.

    Você acha que isso mudou entre os profissionais da indústria?
    Agora tem tanta gente no Brasil que me escreve, twitta e comenta… talvez. Graças à internet, ao Myspace. As pessoas ouvem o que elas querem ouvir, e não o que é levado até elas. Nas cidades maiores onde se tem mais acesso, a mídia não tem tanto poder. Todo mundo tem mais formas sem ser através de mídias tradicionais como a televisão.

    E pensa em voltar?
    Eu fiquei no Brasil a maior parte do ano passado. A cada um mês ou dois eu ia para o Brasil e ficava um mês, vendo a minha mãe, amigos, dentista. O meu dentista é no Brasil, sabe? [risos] O nome dele é Alexandre Mendes. Fica a dica! [risos]

    Musicalmente, o que a Cibelle queria no primeiro disco e o que quer agora?
    Sempre quis trabalhar com pura expressão. O meu trabalho maior é com noção de identidade, muita coisa de arte, antes de música. Mas isso é muito cabeção! Tem muito conceito atrás das coisas, mas não é necessário. Mas se um dia você quiser fazer uma entrevista cabeção, a gente faz. O importante é soltar a franga no nosso cabaré.

    Como é a indústria musical aí?
    Na Inglaterra ninguém faz dinheiro. Tem muita banda, você toca com os seus amigos, ganha umas cervejas e é isso. No resto da Europa é incrível, as estruturas e os cachês são ótimos. É paradoxal pois o lance de download está afetando muito as gravadoras. Mas se o cara baixou, tudo bem, o download ajuda porque mais gente ouve o disco e vai ao show. Mas no começo da turnê, é a gravadora quem paga a sua passagem de avião, custos e isso e aquilo. O artista que você realmente gosta, que é de gravadora independente, faça o favor de comprar o disco. Para o artista é importante ter a gravadora para chegar nos lugares.

    E se você quer um show de um artista na sua cidade, coloca a boca no trombone. Twitta, liga pra rádio, manda e-mail, mensagem no Myspace, Facebook. As pessoas têm que saber que elas têm a voz. Se você mobilizar, acontece.

    E dos músicos brasileiros, o que você curte?
    [Fernando] Catatau é o meu predileto. Amo o Kassin, o Domenico Lancelotti e o Moreno Velloso. Quero muito gravar com eles. Gosto do Vanguart. Gosto de “Vagarosa”, da Céu, tem uma produção que me deixa chocada. Acho a Vanessa da Mata uma puta compositora. Amo o Alloyha Copacabana! É a melhor coisa de música, de performance. Todo mundo fica comportadinho nos palcos. É um manifesto, uma banda de looks. Eles botam o CD de outra banda e cantam em cima, com todas as letras erradas.

    3270277223_ac0539591b_b

    Você também tem um caso de amor com os abravanistas…
    Amor profundo. O manifesto abravanista é composto de uma frase só: eu te amo.

    Qual seu maior medo?
    De ficar cristalizada.

    Pergunta que não aguenta mais responder?
    “Essa música é brasileira ou é… sei lá?”.

    Twitter: twitter.com/cibellecibelle

    Myspace: myspace.com/cibelleblackbird

    Facebook: facebook.com/pages/Cibelle

    Não deixe de ver
    Bebé apresenta seu mosaico de influências em “SALVE-SE”
    Por que a A24 é tão relevante?
    O desfile da Victoria’s Secrets de 2024 até tentou, mas agradrou?
    Nina Fernandes explica seu novo álbum “Bhangzwn”
    Madonna de véu para o desfile da Dolce & Gabbana
    Emily in Paris: tudo sobre o figurino da quarta temporada
    FFW Sounds: Charm Mone apresenta “CORRE”, seu primeiro álbum
    Nike e Lego firmam parceria para lançamentos em 2025
    Alice Caymmi apresenta versão deluxe de “Rainha dos Raios” no Teatro Oficina
    Billie Eilish se apresenta no encerramento das Olimpiadas de Paris 2024
    FFW