João Pimenta tem 43 anos de idade, nasceu em São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais, sob o signo de Peixes e se tornou, nos últimos anos, referência e esperança para a moda masculina no Brasil.
Sua trajetória começou no Mercado Mundo Mix, passou pela Casa de Criadores até desembocar no SPFW, onde o estilista vai apresentar sua coleção para o verão 2011 no próximo dia 13 de junho.
O FFW conversou com ele. Confira:
Tem algum vício?
Trabalhar até tarde.
Algum ídolo?
Yves Saint Laurent das antigas.
O que tem ouvido ultimamente?
Chorinho.
E o que gosta de fazer no tempo livre?
Ir para casa, tenho um sítio perto de São Paulo.
Como você começou a trabalhar com moda?
Meu primeiro trabalho ainda muito jovem fazia parte de um projeto da Polícia Militar de Ribeirão Preto chamado “Polícia Mirim”, em que pessoas eram colocadas em empresas para a primeira experiência profissional. Pra minha sorte fui colocado nas lojas Pernambucanas onde tive meu primeiro contato com tecidos. Ali começou minha paixão pelas roupas. Na seqüência fui passando por várias empresas neste segmento até completar dezoito anos de idade e vir para São Paulo me arriscar. Aqui passei pela “Rua das Noivas” [Rua São Caetano, no Centro de São Paulo], montei um ateliê, ganhei dinheiro, mas deixei tudo de lado para experimentar o Mercado Mundo Mix, passando para a Publicidade (que ainda faço), depois loja própria e na sequência a Casa de Criadores.
E como você foi parar na Casa de Criadores?
Após passar por uma avaliação de uma coleção. Na época tinha uma loja na Galeria Ouro Fino, onde era o escritório da Casa de Criadores.
Você chegou a apresentar desfiles mistos, com roupas para homens e mulheres. O que te levou ao enfoque no masculino?
É um campo quase que desconhecido, sem muitas experimentações, portanto muito instigante e cheio de possibilidades.
Continua fazendo roupas para mulheres?
Sim, eu adoro costurar para o público feminino.
Nesta estreia no SPFW vai ter masculino e/ou feminino?
Somente masculino.
Fale sobre o mercado de moda masculina de uma forma geral.
Acredito muito na necessidade que a maioria dos homens tem de achar novas propostas, enquanto a maioria das marcas/estilistas tem medo de ousar acreditando nesta falsa masculinidade antiquada. As grifes masculinas famosas não querem evolução, se focam apenas no comercial. De uma forma geral, o mercado masculino não consegue desenvolver uma linguagem própria de moda.
Antes de anunciar sua entrada para o Calendário Oficial da Moda Brasileira, você já chegou a dizer que procurava mais “consistência e maturidade profissional”. E agora?
Acho que agora consegui atingir a consistência que queria, mas percebi que a maturidade não era tão importante assim. Na criação de moda, jovialidade e ousadia são fundamentais. Talvez o ideal seja ser sempre assim, um pouco imaturo.
A experimentação sempre foi muito importante nas suas coleções. Isso continua no SPFW?
As experimentações com certeza. E se isso causar desejo nas pessoas, vai ser ainda mais incrível.
O que você espera com essa migração da Casa de Criadores para o SPFW?
A visibilidade é muito maior, então acentua muito a criatividade, cria o desejo de uma estrutura administrativa e operacional.
E qual vai ser a inspiração para o seu desfile de verão 2011?
Rio de Janeiro, 1808, chegada da Família Real portuguesa ao Brasil Império, abertura dos portos para tecidos franceses e ingleses e início das copias europeias, com uma mistura de império, dândis e surfe.
Modelo desfila look de João Pimenta para o inverno 2010: a coleção foi apresentada no final de 2009 durante a Casa de Criadores © Agência Fotosite