Beyoncé tem uma trajetória singular na música pop: aos 28 anos, a cantora mistura os passos de Tina Turner e Diana Ross numa só carreira. Ex-vocalista de um trio r&b, as Destiny’s Child, ela se destacou (com ajuda do pai, seu empresário) deixando as duas companheiras no passado. Essa é a parte Diana Ross da história. Em sua outra metade, Beyoncé incorpora uma Tina Turner up-to-date que tira do marido, o mega rapper Jay-Z, boa parte do seu repertório musical. Qualquer semelhança com Tina e Ike é mera coincidência, já que, diferente de Turner, quem paga as contas em casa é Beyoncé.
Depois de ganhar 6 prêmios no último Grammy com o disco “I am… Sasha Fierce”, a cantora veio ao Brasil para uma turnê de cinco shows em Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
Beyoncé no estádio do Morumbi, em São Paulo: “Esse é provavelmente o maior show da minha carreira”, disse a cantora © Marcos Hermes
O portal FFW cobriu a apresentação no Estádio do Morumbi, em SP, no último sábado (06/02). Beyoncé subiu ao palco pontualmente às 22h envolta numa nuvem de gelo seco, vestindo meias nude e usando maiô de brilhantes em degradê (amarelos, laranjas, acobreados e dourados) de Thierry Mugler – o estilista francês que assina o figurino de todo o show. Acompanhada de duas dançarinas, a banda “Suga Mamas” e o trio “The Mamas”, ela abriu o set com o megahit “Crazy In Love”, faixa que a projetou como estrela solitária em 2003.
A plateia, histérica seguiu em polvorosa com “Naughty Girl”, outro hit do disco “Dangerously In Love”. Rebolando, deitada no chão, pulando e batendo loucamente a peruca, Beyoncé estava visivelmente extasiada. “Esse é provavelmente o maior show da minha carreira”, confessou. “Eu não sabia que tinha tantos fãs no Brasil. Muito obrigado por me receberem”.
A energia do início aos poucos evapora dando lugar a um tracklist mais ameno, por muitos considerado cafona: ela privilegia as canções românticas e baladas dos seus três discos solo, como “Broken Hearted Girl” e “If I Were A Boy”. Os figurinos também se arriscam demais, e em alguns momentos nem mesmo a licença para abravanar de Mugler sustenta. Entre os pontos baixos, vale citar a segunda pele de leopardo com colete preto cravejado de cristais e o maiô branco com capa esvoaçante. O overkitsch é quando Beyoncé aparece vestida de noiva para cantar “Ave Maria”.
Mais próxima do final, a apresentação reganha fôlego com outro hit, “Baby Boy”. Novamente emocionada, Beyoncé quebra o protocolo e canta, a capella, sem errar uma única nota, a poderosa balada “Listen”, do filme “Dreamgirls – Em Busca de um Sonho”. Depois de uma engraçada interação com o público, ela canta “Say My Name”, das Destiny’s Child, e faz mais uma troca de roupa.
O clímax vem quando o telão passa a exibir vídeos de anônimos e celebridades como Barack Obama e Justin Timberlake fazendo a dança de “Single Ladies” , videoclipe que conta mais de 6.917.679 exibições no You Tube e cerca de 187.000 imitações caseiras. De maiô preto brilhante, Beyoncé volta ao palco e põe o estádio abaixo com o hit, evocando de vez Tina Turner com extremo sucesso. O bis ainda guardava a radiofônica “Halo”, música que rendeu um Grammy de Melhor Performance Vocal Pop Feminina à cantora. Mas a esse ponto o jogo já estava ganho.
Enquanto o mundo procurava em Britneys e Aguileras a ambição loura de Madonna, Beyoncé correu pelas beiradas, trabalhou mais do que todos no showbusiness, e hoje assume no mundo pop um posto (merecido) que só pode ter uma definição: o de realeza.
Beyoncé ainda se apresenta nesta segunda-feira (08/02) no Rio de Janeiro; e na próxima quarta-feira (10/02) em Salvador, Bahia.
Site oficial: beyonceonline.com