A beleza da Amapô, criada por Ricardo dos Anjos, foi inspirada nos moradores de rua, também conhecidos como sem-teto. Mas antes que alguém aponte o dedo dizendo que é politicamente incorreto, é melhor ouvir o lado dele!
Ricardo é filho de uma enfermeira que também trabalhou como assistente social em Nova Iguaçu (RJ), e, convivendo desde cedo com sem-tetos, ele aprendeu a ajudá-los.
“Com a minha mãe frequentei asilos, abrigos, APAE [Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais], manicômios” – lugares que geralmente evitamos até pensar que existem. “Corto cabelo, dou banho e remédio para quem precisa e está mais próximo de mim”, disse.
Sem-teto retratado por Ricardo dos Anjos
“Tenho curiosidade pela cultura dos sem-teto. Eles têm suas próprias influências e, quando viajo para outros países, procuro logo onde costumam ficar para fotografá-los”, explicou sobre a coleção de retratos que mantem.
Sem-teto com cachorro retratado por Ricardo dos Anjos
Após anos vivendo nas ruas, sujeitas a todo tipo de abuso, as pessoas costumam desenvolver manias. Uma delas tem a ver com pêlos faciais: “quando vejo aqueles homens com barbas de anos, pergunto se posso tirar tudo. Um deles respondeu: ‘minha barba é a única coisa que me sobra, que sai de dentro de mim, e você ainda quer tirar?’ É por isso que deixei um bigodinho nos meninos da Amapô.”
A beleza da Amapô criada por Ricardo dos Anjos ©André Conti/Agência Fotosite
A esperança de Ricardo é que suas ações inspirem outros, como em uma corrente do bem. E aí, ainda tem alguém com dedo em riste?